Parece que foi ontem, mas a geração de bandas de rock que renovou os anos 00 está fazendo 10 anos e já faz tempo. O ano de 2014 marca 10 anos do álbum de estreia da mais bem sucedida delas, o Killers, e o grupo coloca no mercado esta primeira coletânea de hits, com os principais singles; “Sawdust”, compilação de 2007, trazia labos B, não sucessos. “Direct Hits” cobre os quatro álbuns lançados pelo quarteto no período – “Hot Fuss” (2004), “Sam’s Town” (2006), “Day & Age” (2008) e “Battle Born” (2012) – e o encarte mostra, nas fotos de cada período, como o grupo mudou. É de impressionar o rosto imberbe do vocalista Brandon Flowers, na referente à “Hot Fuss”, antes de virar um autêntico rock star.

O disco também vem em um momento difícil para o grupo, que entrou praticamente em um recesso forçado por conta do estresse das sucessivas turnês que, entre outras coisas, o sucesso lhe trouxe. Mesmo assim, eles vinham trabalhando em musicas novas e duas delas foram incluídas no CD. “Just Another Girl”, lançada como single e videoclipe (assista aqui) tem o “padrão Killers”, com leve introdução vocal/instrumental até engrenar com a força que um hit single deve ter. Apesar de distante, ao menos por hora, de outros petardos que estão na coletânea, pode muito bem animar as pistas de dança como eles. Já “Shot At The Night” não faz feio, mas, lenta, não dá aquela sensação que o Killers nos acostumou a ter com suas músicas. Provavelmente sobrou de “Battle Born”, lançado no ano passado.

A lista das faixas segue a ordem cronológica dos álbuns, e “Hot Fuss”, uma dos melhores discos de estreia em todos os tempos, leva ligeira vantagem com quatro músicas ante as três retiradas de cada um dos demais. Ainda assim, “Jenny Was a Friend Of Mine” ficou de fora e é a única grande ausência, muito embora haja espaço de sobra no disco para colocar outras faixas. Tanto que uma edição deluxe da coletânea tem a versão demo de “Mr. Brightside”, um remix de “When You Were Young” e “Be Still”, lançada em “Battle Born”. Um pequeno plus, junto com as duas inéditas que constam na versão padrão de “Direct Hits”.

Em tempos em que o fã do Killers que tem todos os discos pode ele próprio montar sua coletânea, parece desnecessário o lançamento desta “Direct Hits”. Mas compilações e discos gravados ao vivo continuam sendo uma boa porta de entrada para quem ainda não conhece uma banda e prefere esta opção a sair comprando tudo de uma vez. Nesse caso, se não dá para sacar cada disco como um todo, esse apanhado mostra direitinho as artimanhas do Killers. Rock quase pop, pronto para dançar; guitarras econômicas, mas presentes; pitadas do kitsch andrógino importadas do new romantic oitentista; flerte constante com a new wave; e um “quê” discreto de hard rock. Um entorno certeiro que, contudo, não faria sentido se as canções em si não fossem boas. E elas estão todas aqui.

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