O Homem Baile

Rolo compressor

Com performance alucinante, Slipknot traz a São Paulo o show que consagrou a banda nacionalmente no Rock in Rio de 2011. Fotos Divulgação XYZ: Stephen Solon.

O guitarrista Jim Root e o vocalista Corey Taylor em ação em ação no show alucinante do Slipknot

O guitarrista Jim Root e o vocalista Corey Taylor em ação em ação no show alucinante do Slipknot

Demorou um pouco mais de dois anos, mas o público de São Paulo teve o gostinho de ver, ao vivo, a apresentação avassaladora do Slipknot que o Brasil conheceu no Rock In Rio de 2011 (veja como foi). Não é que o grupo não fosse conhecido por aqui, mas esse show especificamente fez a banda se tornar a queridinha do País em função da grande repercussão midiática do festival. Aconteceu na noite deste sábado (19/10), na Arena Anhembi, quando o grupo foi a principal atração da primeira noite do Monsters of Rock, festival que retorna à cidade 15 anos após a última edição. O show, que durou 1h40, teve o advance de seis músicas a mais em relação ao repertório de 2011. Poderia ter sido melhor?

Poderia, considerando que, como headliner, Corey Taylor e cia tinham ao menos mais 20 minutos para seguir com o massacre sonoro e visual. Mas, para o Slipknot, sobretudo nessa fase, o que conta – e como conta! – é a intensidade de uma apresentação de impressionar até o mais cético observador em relação ao grupo. Ressalte-se que a banda tem uma das melhores performances ao vivo da atualidade, incluindo aspectos visuais, técnicos, e – claro – sonoros. Isso porque a noneto (pode isso?) de mascarados se livrou há tempos das amarras do nu-metal que o revelou na década de 1990 e encontrou o inusitado caminho entre o pop e o barulho. O que o grupo faz hoje, nesse show, é um crossover entre o indigesto esporro do metal extremo com uma sonoridade pop raramente alcançada no meio.

Shawn Crahan, o 'palhaço from hell', agora de cabeça raspada, se diverte com seus tambores e latões

Shawn Crahan, o 'palhaço from hell', agora de cabeça raspada, se diverte com seus tambores e latões

Ou não são definitivamente cativantes e com sotaque pop os refrãos de “Before I Forget” e “Wait And Bleed”, cantados a plenos pulmões pelas cerca de 30 mil pessoas que encheram a Arena Anhembi? E com o detalhe de que Taylor aprendeu de vez a usar os vocais limpos (sem gritar), ainda que em momentos de alternância com o esporro que marca a fase inicial do Slipknot. Não é que a banda tenha afrouxado, mesmo porque o peso do repertório é de impressionar, mas achou justamente um nicho entre uma coisa – o chiclete pop – e outra – o metal extremo. Não é em todas as músicas que isso funciona, mesmo porque fazer música cativante é para poucos, mas essa é só uma parte da história.

A outra é o excepcional elemento cênico que há tempos já ultrapassa os renovados macacões usados pelos integrantes, do tipo “nameless” muito antes de o Ghost aparecer, diga-se. Enquanto o som rola solto, com duas guitarras pesadíssimas, a cargo Jim Root e Mick Thomsom, e uma bateria animal arregaça os vacilantes alto-falantes, os membros adjacentes rondam o palco fazendo suas estripulias. Eles se dependuram nos kits de percussão que são erguidos o tempo todo, espancam os tambores de lata com tacos de beisebol, vão para o meio do público e transformam o show um espetáculo como um todo, numa espécie de Cirque du Soleil bizarro, que inclui lança chamas e fogos de artifício. Ou não é engraçado ver um palhaço no estilo “boneco assassino” no palco enquanto a pancadaria sonora come solta?

O cadavérico baterista Joey Jordison no kit que anda pra frente e gira 90º, sem interromper o show

O cadavérico baterista Joey Jordison no kit que anda pra frente e gira 90º, sem interromper o show

Com um dos braços erguidos aos céus, Corey dedica a música “Duality” ao baixista Paul Gray, morto em 2010, causando certa comoção. Mas o grupo parece ter superado a questão e deve mesmo seguir enfrente, não só nas promessas de retorno a São Paulo – diz-se isso em todos os lugares -, mas porque o Slipknot deve enfim começar a gravar um disso de inéditas. Enquanto essa nova fase de fato não se inicia, o repertório atual vai se consolidando cada vez mais como tendo um algo a mais no mercado musical contemporâneo, muito embora o grupo, inclassificável, já esteja quase entrando para o rol das bandas de classic rock, e lá se vão quase 20 anos.

Se de um lado o Slipknot declinou de tocar por mais tempo, de outro o acréscimo de músicas nem sempre funciona. “Dead Memories”, uma das que não foi tocada em 2011, cantada com a voz limpa, não obtém o efeito chiclete de outras músicas. Outras tampouco têm esse compromisso, como a indigesta “Eyeless” e a boa “Left Behind”, com Glover fazendo com maestria a mistura de vocais limpos e sujos. O grand finale fica com – de novo -, “Surfacing”, não pela música em si, mas pela engenhoca digna do rock progressivo que faz a bateria andar para frente e girar 90º, sem que o fenomenal Joey Jordison pare de tocar. Os saltos dos integrantes no meio do público pouco se repetiram, mesmo porque, dada a quantidade de fãs vestidos iguais a eles no povão, com macacão, máscara e tudo, perigava voltar um impostor para o palco.

Set list completo:

1- Disasterpiece
2- Liberate
3- Wait and Bleed
4- Get This
5- Before I Forget
6- Eyeless
7- The Blister Exists
8- Dead Memories
9- Sulfur
10- Left Behind
11- Gently
12- Pulse of the Maggots
13- Everything Ends
14- The Heretic Anthem
15- Psychosocial
16- Duality
17- Spit It Out
Bis
18- (sic)
19- People = Shit
20- Surfacing

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Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. Ewerton Silva em outubro 20, 2013 às 15:30
    #1

    Se vcs postarem o video do show completo ficarei feliz

  2. Igor em outubro 20, 2013 às 15:44
    #2

    Quem diabos eh Glover???

  3. Marcos Bragatto em outubro 21, 2013 às 7:29
    #3

    Corey Glover, vocalista do Living Colour. Corrigido, obrigado.

  4. GABRIEL em outubro 22, 2013 às 22:45
    #4

    melhor banda do mundo *-*

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