Monsters Of Rock: Gojira quer brilhar na ‘terra do Sepultura’
Grupo francês é uma das atrações do festival, que acontece no próximo final de semana. Foto: Divulgação.
O papo era para ser sobre o show do Gojira no Monsters Of Rock, mas logo o baterista Mario Duplantier se revelou um insuspeito fã do Sepultura, que, na visão dele, é a maior influência da banda francesa. Realmente trata-se de uma bela referência para quem quer vir ao Brasil, muito embora hoje Mario se identifique mais com as bandas de Max Cavalera do que com o Sepultura remanescente. É que o irmão dele, o vocalista Joe Duplantier, tocou baixo no primeiro álbum do Cavalera Conspiracy, “Inflikted”. Completam a banda Christian Andreu (guitarra) e Jean-Michel Labadie (baixo).
O Gojira, que nasceu Godzilla e precisou mudar de nome por questões legais, vem nos cafundós da França, na pequena cidade de Ondres, assim como o Rio, perto da praia e das montanhas. Por isso, cuidado com a pronúncia, o certo é “Gojirrá”. Foi o que nos explicou o gentil baterista, nessa entrevista concedida por telefone. Ele cita outras referências no som da banda, além do Sepultura, fala sobre o repertório do show do Monsters, e do bombado disco mais recente deles, “L’Enfant Sauvage”. Cai dentro.
Rock em Geral: Vocês estão vindo ao Brasil pela primeira vez nesse Monsters Of Rock, quais as expectativas sobre o show?
Mario Duplantier: É nossa primeira em São Paulo e no Brasil. Eu não sei o que esperar, mas quero que as pessoas enlouqueçam no nosso show. Temos muito retorno do Brasil, muitas bandas que vão aí e dizem o mesmo, que o público é fantástico. E é a terra o Sepultura! Mal podemos esperar!
REG: O Sepultura é uma boa referência do Brasil…
Mario: É uma das nossas grandes influências para sempre. Para mim o Sepultura soa como uma coisa mítica, e o Brasil também soa como algo mítico, por causa do Sepultura.
REG: Você falou do Sepultura e o seu irmão, Joe, tocou baixo no disco de estreia do Cavalera Conspiracy. Imagino que vocês tenham uma relação estreita com eles…
Mario: Sim, nos vemos o tempo todo na estrada, em turnês, festivais, estamos sempre um no caminho do outro. Desde que o Joe tocou com os Cavalera nos sentimos próximos deles. Temos uma boa relação com o Max, é um cara que criou muita coisa diferente no mundo metal e é uma grade influencia para nós. Nunca fizemos uma turnê juntos, mas tenho certeza que um dia faremos isso.
REG: Você falou do Max, mas o Sepultura hoje continua sem ele. Qual dos dois lados você prefere, o do Max ou o do Andreas (Kisser, guitarrista)?
Mario: Sei lá, eu gosto dos velhos tempos, com todos eles juntos.
REG: Você acha que essa reunião acontecerá um dia?
Mario: Talvez, quem sabe?
REG: Vocês já acertaram quais músicas pretendem tocar no show daqui?
Mario: Sim, decidimos fazer uma mistura de todos os nossos álbuns, não só focando as do último disco, mas tocando de tudo. Queremos dar um apanhado do nosso trabalho para as pessoas que nunca ouviram falar do Gojira, para que elas possam entender a nossa música. Vamos tocar músicas de quase todos os álbuns. O tempo é curto, só uns 45 minutos, e é muita coisa para mostrar em pouco tempo, mas vamos tentar misturar todas as nossas fases. Vai dar para fazer o pessoal entender a nossa música.
REG: O Gojira é uma banda conhecida por misturar muitos subgêneros do metal. Foi uma coisa que vocês sempre intencionaram fazer, misturar um pouco de tudo?
Mario: Na verdade não é como se fosse uma intenção, apenas tentamos tocar do jeito que sabemos, e temos muitas influências. Gostamos de muitos tipos de música, gostamos de Morbid Angel, Sepultura, mas também gostamos de Hypocrisy, música clássica. Apenas tentamos tocar o que gostamos e no fim das contas soa como Gojira. Não planejamos muito o que fazer, vamos e fazemos.
REG: Você acha que o fato de vocês serem do interior da frança, perto da Espanha, ajuda a fazer esse tipo de música?
Mario: Sim, porque vivemos num lugar do mundo e temos nossa mentalidade própria, nossas influências, nosso modo de ser. E ser criado no sudoeste da França, perto das montanhas e do mar, tudo isso ajuda a criar a nossa música, nossa identidade. Os fãs são muito complexos em suas exigências e nossa música às vezes é complexa também.
REG: Vocês ainda moram na França?
Mario: Eu, sim, mas o Joe, meu irmão, se mudou para Nova York há alguns meses, ele gosta muito de lá.
REG: O que significa o nome Gojira?
Mario: Vem de Godzilla. Quando começamos a banda achamos que Godzilla, esse grande monstro, raivoso, era um símbolo que tinha a ver com a banda. Escolhemos o nome, mas quando começamos a gravar demos e a fazer turnês vimos que não poderíamos usar esse nome, por causa dois direitos de marca. Aí mudamos para Gojira.
REG: Vocês têm dificuldade de reproduzir, no palco, o som que gravam nos álbuns?
Mario: Às vezes é difícil mesmo, por vezes temos que trabalhar muito para reproduzir as músicas ao vivo, porque gastamos muito tempo na produção, tecnicamente falando, das músicas. E depois precisamos ensaiar muito e ainda leva um tempo para ficar bom ao vivo, para ficar realmente poderoso como agora.
REG: No show vocês usam efeitos eletrônicos?
Mario: Não, é bem básico ao vivo, com as duas guitarras. Às vezes eu uso metrônomo em uma ou duas músicas, mas não temos nada de eletrônico no palco. Só um sampler, às vezes, entre uma música e outra, para dar uma atmosfera de teclados, mas não nas músicas em si.
REG: O disco mais recente de vocês, “L’Enfant Sauvage”, teve boa repercussão junto à crítica. Qual é a importância desse disco na carreira do Gojira?
Mario: Acho que é um disco muito bom, somos muito orgulhosos dele. Mas, para ser honesto, eu mal posso esperar para gravar o próximo e ter músicas novas prontas. Em cada disco nunca dissemos, “ah, esse disco é perfeito”. Estamos sempre procurando aperfeiçoar e olhando para o futuro, para o próximo passo. O “L’Enfant Sauvage” é um disco muito importante, adoramos o conceito do disco, a capa, todas as músicas. Mas eu pessoalmente mal posso esperar para gravar o próximo.
REG: Para você o disco seguinte é sempre o melhor…
Mario: Em cada disco eu falo a mesma coisa: o próximo tem sempre que ser melhor que o anterior.
REG: Fale sobre esse conceito do disco:
Mario: “L’Enfant Sauvage” significa criança selvagem, e nós estávamos numa fase de nossas vidas, de nossas carreiras, em que sentíamos um pouco como crianças, por causa do sucesso que veio, da pressão de todos que cobravam um disco novo, esperando por nós, e nos sentimos um pouco estressados. Criança selvagem era o que precisávamos ser, para nos manter vivos.
REG: Falando em cobrança por disco, vocês já têm músicas novas e pretendem gravar álbum logo?
Mario: Planos, não, nem sabemos quando vamos gravar, mas temos alguma coisa encaminhada, talvez uma música ou duas. Achamos que é um material bem original e interessante, tribal, na vibe do Sepultura. Mas é muito cedo para falar disso, não sabemos ainda o que dizer.
Monsters Of Rock
O Monsters Of Rock acontece em São Paulo, nos dias 19 e 20 de outubro, na Arena Anhembi. Aerosmith, Whitesnake, Slipknot e Korn são os nomes de peso. Os ingressos para o festival estão à venda e custam, no segundo lote (o primeiro esgotou), R$ 330, por dia, ou R$ 590, para os dois dias. As vendas estão sendo realizadas no site www.livepass.com.br, no telefone 4003-1527 ou nos pontos de vendas listados no final do texto. O festival terá dois palcos, com estimativa de público de 40 mil pessoas. A apresentação é do radialista e historiador americano Eddie Trunk.
Criado na década de 1980, no Autódromo de Castle Donington, na Inglaterra, o Monsters Of Rock teve quatro edições em São Paulo, em 1994, 1995, 1996 e 1998. Uma edição reduzida do festival aconteceu no Rio de Janeiro, em 1995, com o nome “Monstros do Rock”. Nomes como Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Slayer, Iron Maiden e Kiss estrelaram o festival no Brasil. Abaixo a escalação da edição desse ano por dia de festival e o serviço completo:
Dia 19, sábado:
Abertura dos portões: 10h
12h30: Project 46
13h20: Hellyeah
14h30: Gojira
15h40: Hatebreed
16h55: Killswitch Engage
18h25: Limp Bizkit
19h55: Korn
21h40: Slipknot
Dia 20, domingo:
Abertura dos potões: 11h
12h00: Electric Age
12h50: Doctor Pheabes
13h40: Dr. Sin
14h50: Dokken
16h05: Queensrÿche (banda de Geoff Tate)
17h35: Buckcherry
19h05: Ratt
20h35: Whitesnake
22h35:Aerosmith
Serviço completo:
Monsters Of Rock
Arena Anhembi: Avenida Olavo Fontoura, 1209, Santana
Dias: 19 e 20 de outubro, sábado e domingo
Preço: Lote 1: R$ 300, por dia, ou R$ 560, passaporte para dois dias
Ingressos à venda a partir de 25 de junho: www.livepass.com.br ou 4003-1527
Bilheteria Oficial: Bilheteria no Estádio do Morumbi: 10h/18h (segunda a domingo), não funciona em dias de jogo.
Pontos de venda, sujeitos a taxa de conveniência:
Shopping Mkt Place: Av. Chucri Zaidan, 902 – Morumbi
Horário de Funcionamento:
De segunda a sábado – das 10h às 22h
Aos domingos e feriados – das 14h às 20h
Saraiva Megastore Shopping Morumbi
Av. Roque Petroni Jr. 1089 -Piso Térreo – Morumbi
Horário de Funcionamento:
De segunda a sábado – das 10h às 22h
Aos Domingos e feriados – das 13h às 21h
Showtickets Shopping Iguatemi
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2232
Alameda de serviço, 3º Piso
Horário de Funcionamento:
Segunda a Sábado das 10h00 às 21h30
Domingo das 14h00 às 19h30
Não funciona nos feriados
Shopping Villa Lobos
Avenida das Nações Unidas, 4777 – Vila do Cliente Piso G1
Horário de Funcionamento:
De segunda a Sábado – das 10 às 22h
Aos domingos e feriados – das 14h às 20h
Teatro Gazeta
Av. Paulista, 900 – Piso Térreo
Horário de Funcionamento:
De Terça a Domingo – das 14h às 20h
Posto Gravatinha
Av. Portugal, 1756 – Jd Bela Vista
Horário de Funcionamento:
De segunda a sábado – das 09h00 às 21h00
Domingos e feriados: das 10h00 às 18h00
Tags desse texto: Gojira, Monsters Of Rock