No Mundo do Rock

Rock In Rio: The Gift aposta na mistura com percussionistas do AfroLata

Grupo português, atração da edição de Lisboa do festival, volta a tocar no Palco Sunset do Rio, como em 2011. Foto: Divulgação.

thegiftQuem foi na edição de 2011 do Rock In Rio e viu o grupo português The Gift tocando junto o Asteroids Galaxy Tour, da Dinamarca, percebeu duas bandas até parecidas. Agora, de volta ao festival, o quarteto vai encarar um novo desafio: tocar com o AfroLata, segmento percussivo do AgroReggae, cujo nome é que aparece na programação. O show acontece na sexta, dia 20, que tem o Bon Jovi como headliner.

Desafio porque, como diz o tecladista Nuno Gonçalves, “O Brasil é prioridade” para a banda, que, no Rock In Rio Lisboa, toca é no Palco Mundo, como aconteceu no ano passado. O grupo é fã do trabalho social do AfroReggae e vê a música como elemento comum aos dois grupos, tão distintos. Além de Nuno, fazem parte do The Gift a vocalista Sónia Tavares, John Gonçalves (teclado e baixo) e Miguel Ribeiro (guitarra e baixo). Veja o que mais nos disse Nuno, via e-mail:

Rock em Geral: Já preparam o show com o Afroreggae para o Rock In Rio? Acham que a mistura vai funcionar?

Nuno Gonçalves: No palco quem estará conosco será o AfroLata, e creio que será, mais que uma mistura, uma experiência de quem ama a música e sobretudo de quem viu na música uma forma de traçar o seu destino. Nós, que viemos de uma cidade com pouco mais de seis mil habitantes e vimos na música uma forma de combater o isolamento cultural que existia no nosso começo. Os músicos do AfroLata viram na música uma forma de escolher outro caminho, abriram-se assim ao mundo e viraram as costas ao caminho óbvio e cinzento que as comunidades do Rio muitas das vezes apresentam. Será um show para desfrutar do momento e sobretudo de agradecimento à música que nos mudou a vida.

REG: Vocês conhecem o Afroreggae mais pela música ou pelo projeto social?

Nuno: Fomos apresentados ao projeto há três anos, pela mão do grande e iluminado José Júnior, e foi amor à primeira vista. O que o AfroReggae faz é muito mais que uma só disciplina, é uma benção de humanidade e sobretudo de integridade humana. A musica, a dança, o circo, a educação, tudo contou.

REG: Na edição de 2011 o The Gift tocou junto com o Asteroids Galaxy Tour. Valeu a experiência?

Nuno: Sim claro. Amamos a música que eles fazem e creio que apesar de termos sido prejudicados pelo atraso do palco, acabamos por chegar ao fim com espírito de missão cumprida

REG: Na edição anterior quase não houve a mistura das bandas no palco, cada uma tocou por um tempo separada. Como vai ser dessa vez?

Nuno: Vai haver mistura, só assim faz sentido. Vamos inserir a alma e garra da turma AfroLata nas nossas texturas eletrônicas. Será único e vamos sair do palco com um sorriso enorme.

REG: Nesse show de 2011 vocês tocaram “Índios”, da Legião Urbana. É uma banda que vocês conhecem bem? Conhecem outras bandas?

Nuno: Legião é o inicio da nossa descoberta da musica alternativa no Brasil, mas o difícil é eleger outra banda ou outras músicas. Hoje há uma mundo de música fresca vindo do Brasil, cada turnê que fazemos por aqui levamos as malas cheias de novidades. Mas a nossa música é a nossa cara e é essa cara que queremos que os irmãos brasileiros conheçam. A musica “Índios” é uma critica à maneira de como os colonizadores se relacionaram com os donos da terra de vocês, e o fundamento de tocá-la é também para servir de um simbólico e humilde pedido de desculpas. Houve muita coisa mal feita.

REG: Vocês acham boa a opção de tocar no Palco Sunset do festival ou o Palco Mundo seria melhor?

Nuno: Em Portugal, no ano passado, tocamos no Palco Mundo e foi um show ótimo, 60 mil pessoas cantando as nossas músicas. Sabemos das diferenças do mercado português para o mercado brasileiro. Se demoramos 15 anos de vida para sermos uma banda top em Portugal, não será diferente no Brasil. Acreditamos no nosso futuro no mercado brasileiro e qualquer espaço é bem vindo e super aproveitado pela banda. Brasil é prioridade. Tínhamos um super projeto para qualquer tipo de palco que envolvia muita produção, um gênero de Ópera onde existiam muitos músicos, muitas correntes, muitas expressões. Infelizmente o projeto não teve espaço num palco e numa hora mais tardia. Ficamos com pena, mas agora só temos que levantar a cabeça e fazer o melhor possível na tarde do dia 20. O projeto Opera Rio fica de pé e um dia vamos concretizá-lo num palco e a uma hora que o dignifique.

REG: O disco mais recente de vocês é o “Primavera”, lançado no ano passado. É dele que deve vir boa parte do repertório do show?

Nuno: O “Primavera” foi feito a pensar no entorno. Ou seja, teatros, auditórios, espaços onde se consiga ouvir os sussurros, a ressonância dos xilofones, as notas do piano. Um festival não é o seu habitat, mas por certo que uma ou outra canção será adaptada.

REG: Planos par o próximo álbum?

Nuno: Em 2014 fazemos 20 anos desde o nosso primeiro ensaio e temos muita vontade de fazer o disco das nossas vidas. Temos agendadas para outubro as primeiras sessões de trabalho e com toda a calma do mundo trabalharemos o disco, a estética, o caminho a seguir.

Rock In Rio

O Rock In Rio acontece nos próximos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22, no Parque Olímpico Cidade do Rock, no Rio. Todos os ingressos estão esgotados. As atrações principais do festival são Bruce Springsteen, Metallica, Iron Maiden, Muse e Bon Jovi. Clique aqui para saber tudo sobre o Rock in Rio, e aqui para saber como chegar e sair do festival.

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