O Homem Baile

Reciclado

Com repertório renovado a custa de um “up grade groove”, Suicidal Tendencies não fica devendo como banda de abertura para o Soulfly. Fotos: Léo Corrêa.

Na liderança do Suicidal Tendencies, Mike Muir, o imparável, comanda a plateia com feeling peculiar

Na liderança do Suicidal Tendencies, Mike Muir, o imparável, comanda a plateia com feeling peculiar

O palco completamente invadido por um público de idade rasa. Seguranças e roadies atônitos e músicos que não param de tocar. Um roadie esmerilhando a guitarra sem dó e um baterista com uns quilões a mais atropelando o diminuto kit. No meio do bololô, um cinquentão de cabeça raspada com um lenço azul na cabeça se recusa a parar de cantar versos que repetem o som de duas letras: S e T. Assim terminava a verdadeira festa promovida pelo Suicidal Tendencies, ontem, no Circo Voador, no show de “abertura” para o Soulfly (veja como foi).

O batera Eric Moore faz graça com Dean Pleasants

O batera Eric Moore faz graça com Dean Pleasants

As aspas da abertura ali em cima fazem jus àqueles que saíram debaixo da lona voadora convencidos de que o grupo fez de longe o melhor show e que deveria, por justiça, ser a principal da noite. No jargão jornalístico-cultural: o Suicidal roubou a cena. Nem tanto, mas o fato é que o anúncio da dobradinha com o Soulfly – cujo show fora anunciado antes – turbinou a venda de ingressos, a ponto de o Circo ter recebido, aparentemente, melhor público do que o do ano passado, com a banda de Max Cavalera sozinha (veja como foi). Isso porque o Suicidal não vinha ao Rio desde 2008, quando tocou no mesmo Circo Voador.

A vantagem da fase atual do Suicidal é que a banda, hoje um clássico do rock, deixa de lado a época em que caiu de cabeça no thrash metal e mira o repertório em muitas das músicas do início da carreira, quando realçava a postura totalmente skate/hardcore. Ao mesmo tempo, como a formação atual, ainda liderada pelo imparável Mike Muir, é uma mistura do Suicidal com seu projeto paralelo Infectious Grooves (que esteve no SWU de 2010, em Itu), esses clássicos ganham uma vida nova, com tudo misturado. Mesmo porque o grupo chegou a regravar – sacrilégio imperdoável – muitas delas com esse tal groove. Por isso relíquias como “I Saw Your Mommy” e “How Will I Laught Tomorrow”, só para se ter uma ideia, são apresentadas de forma completamente diferente.

Mike Muir só no groove do atual Suicidal

Mike Muir só no groove do atual Suicidal

Reles detalhes, porém, para a incansável roda e pogo que não se deu a luxo de descansar, entre surfadas sobre as cabeças dos outros, com destaque para uma mocinha de pernas pedaláveis, saltos do palco e toda a sorte de empurrões, que culminaram justamente com a invasão de palco mais relevante em um show de banda internacional de que se tem notícia. E além das músicas que sofreram alterações mais radicais, havia outras que seguiram o destino de ser fiel às origens, como a espetacular “War Inside My Had”, logo no início; “Possessed to Skate”, precedida por um discurso quase metafísico de Mike Muir; e “Pledge Your Allegiance”, a dita cuja que faz todo mundo gritar “éssiti” entre cada um dos versos.

Curiosamente, as três do disco novo, “13”, lançado em março, se identificam muito mais com as raízes do Suicidal do que com as antigas renovadas pelo tal “up grade groove”. “Smash It”, colada na abertura de “You Can’t Bring Me Down”, que não diminuiu a pegada hardcore; e “Who’s Afraid”, outra ajuntada à um discurso de Muir, foram as melhores. Pena que “Cyco Style”, popularizada por um clipe sensacional, gravado nas ruas de São Paulo (assista aqui), tenha ficado de fora. Mas aí, se for pra citar o que faltou nessa horinha agitada, melhor ficar com “Trip At The Brain”, “Join The Army” e “Suicidal Maniac”. A cena não foi roubada, mas que foi divertido, isso foi. Clique aqui para ver a galeria de fotos.

O festival de moshes e rodas de pogo sem fim que não pára enquanto o show do Suicidal não acaba

O festival de moshes e rodas de pogo sem fim que não pára enquanto o show do Suicidal não acaba

Set list completo (a conferir):

1- You Can’t Bring Me Down
2- Smash It!
3- War Inside My Head
4- Subliminal
5- Freedumb
6- Who’s Afraid
7- Possessed to Skate
8- Cyco Vision
9- Who’s Afraid?
10- I Saw Your Mommy
11- How Will I Laugh Tomorrow
12- Pledge Your Allegiance

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Otávio Raupp em setembro 3, 2013 às 1:32
    #1

    Estive nesse show e posso dizer que achei sacanagem o Suicidal ser abertura, quando o anúncio dizia “Soufly e Suicidal” (ou seja, Suicidal fechando). E posso confirmar também que foi melhor que Soulfly, que foi bom, mas metade do show foi cover, pô! Tudo bem que teve muito Sepultura (que me amarro também) devido ao Max, mas num é show do Soulfly? Então toca Soulfly, porra!

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