Renascido
Abraçado por séquito de fãs fiéis, Angra mostra vontade de continuar com novo vocalista, o italiano Fabio Lione. Texto: Daniel Dutra. Fotos: Daniel Croce.
“Winds of Destination” perde alguns dos licks de Priester, mas ganha com Felipe Andreoli fazendo melhor o papel que originalmente é de Hansi Kürsch (Blind Guardian). E como o jogo já estava ganho, tudo é motivo de festa. A participação do vocalista Gus Monsanto em “Time” é um dos pontos altos. Assim como a agradável surpresa chamada “Gentle Change”, melhor música do fraco “Fireworks” (1998). Lione, que havia se desculpado por não falar português direito, é um show de simpatia ao se comunicar em espanhol. Anuncia “Milennium Sun” como uma música do “espetacular álbum ‘Temple of Shadows’” (2004). Fica tudo bem. Os fãs sabem que é do “Rebirth” (2001).
Eles também não se incomodam quando Lione anuncia que Rafael Bittencourt cantaria a próxima música, “The Rage of the Waters”, do também fraco “Aqua” (2010), uma vez que não sabe a letra. Muito pelo contrário. Os fãs compram o discurso emocionado do guitarrista, com direito a uma indireta para Andre Matos. “Para quem achava que o Angra deveria acabar, eu digo que estamos apenas começando”. Em tempo: numa entrevista recente, o vocalista original revelou ter recebido um convite para fazer a turnê e recusou prontamente. Segundo ele, a banda já havia cumprido a sua missão e deveria parar.Mas a noite é de festa, e o clima, de leveza. Bittencourt e Kiko Loureiro – que, vejam vocês, distribui sorrisos a todo instante – sentam em banquinhos e, violões empunhados, mandam um curto set acústico recheado de histórias da banda. O público participa rindo, comentando e fazendo até piada com a guitarra rosa que Loureiro usava anos atrás. E representado por uma fã que serviu apenas de enfeite no palco, canta junto “Reaching Horizons”, e em uníssono “Late Redemption” e “Make Believe”.
Rafael Bittencourt estava mesmo emocionado. Mais leve, agradece a todos os integrantes que passaram pelo grupo – sim, cita nominalmente Luis Mariutti, Matos, Falaschi e Priester. Pronto. Se alguém havia ficado chateado pela citação anterior do guitarrista, esqueceu tudo com a providencial mea culpa. Só que a música era a melhor resposta. “Evil Warning” encerra o set esquentando os fãs para o que seria um bis apoteótico. Com um coro de 1500 vozes e até mesmo rodas de pogo, “Nova Era”, “Rebirth” e “Carry On” (com Lione esquecendo parte da letra e Bittencourt ajudando) fazem alguns fãs – principalmente algumas fãs – irem às lágrimas. Pode uma banda renascer duas vezes? Com Fabio Lione, o Angra parece ter achado o caminho para provar que sim, é possível.Set list completo:
1- Intro/Angels Cry
2- Nothing to Say
3- Waiting Silence
4- Time
5- Lisbon
6- Millennium Sun
7- Gentle Change
8- Winds of Destination
9- The Rage of the Waters
10- Silence and Distance
11- Wings of Reality
12- Reaching Horizons (acústico)
13- Late Redemption (acústico)
14- Make Believe (acústico)
15- No Pain for the Dead
16- Evil Warning
Bis
17- In Excelsis/Nova Era
18- Rebirth
19- Carry On
Tags desse texto: Angra
Excelente texto, apenas exageraram o dizer que o Angra teria encontrado um caminho com Fabio Lione, isso não vai acontecer e vou explicar porque digo isso.
Ele próprio disse quando esteve em SP com o Vision Divine, que não assumiria o Angra por morarem longe e por não ter o timbre adequado ao estilo da banda.
E sejamos sinceros, ele é um exímio vocalista, mas não alcança notas altas como o Matos, não diria que é um ponto negativo, mas não é o estilo dele.
Quem ouve Rhapsody nota que o estilo de vocal dele é interpretativo, assim como o Roy Khan (Ex-Kamelot), ambos gostam de dar “vida” ao personagem através do estilo de cantar.
Enfim, digo e afirmo (com certa tristeza): Lione não será vocalista do Angra.
Abraços
Esse show foi, com certeza, um dos melhores que já fui do Angra. Como fã há quase 20 anos, senti exatamente isso: a banda estava renascendo, de novo! Kiko e Rafael emocionados até o último fio de cabelo e eu era uma das fãs histéricas que derramou algumas lágrimas (em “Make Believe” mais ainda).
Parabéns pelo post, fez jus ao lendário show no Circo!