O Homem Baile

Roubou a cena

Em festa de aniversário de 30 anos do Azul Limão, Metalmorphose mostra vitalidade do novo repertório em boa apresentação. Fotos: Léo Corrêa.

Tavinho Godoy solta a voz à frente do Metalmorphose: com músicas novas, show do grupo está redondo

Tavinho Godoy solta a voz à frente do Metalmorphose: com músicas novas, show do grupo está redondo

Era a comemoração do aniversário e 30 anos do Azul Limão, com a presença do vocalista hoje forasteiro e de toda a formação clássica do pioneiro quarteto carioca de heavy metal. Mas foi o Metalmorphose, com carreira retomada já há quatro anos, com músicas de composição recente e melhor entrosamento, o destaque da noite. Curiosamente, o grupo, que em 2012 lançou o álbum “Máquina dos Sentidos”, ainda consolida uma nova formação, que tem justamente o guitarrista Marcos Dantas, do Azul Limão, como um dos integrantes. Mesmo assim, foi claro o abismo entre as duas bandas, perceptível até para o mais fiel dos fãs do Azul Limão. E não foram poucos na noite de ontem (5/7) no ajeitadinho Rio Rock Blues Club, na Lapa.
Tavinho Godoy e o guitarrista PP Cavalcante: pura emoção na noite de ícones do metal nacional

Tavinho Godoy e o guitarrista PP Cavalcante: pura emoção na noite de ícones do metal nacional

Não é fácil retornar mais de 20 anos depois de encerrar as atividades de uma banda, por isso talvez o Metalmorphose tenha demorado um pouco a se colocar. Hoje, o show deles, que no início dessa fase era fincado no passado pioneiro, já dialoga com o mercado contemporâneo. Bem entrosado, certamente como fruto de apresentações recentes, o quinteto mandou muito bem em cerca de uma hora de show. Com o repertório mais em cima das músicas do álbum novo, mostra boa renovação. Entre elas, destacam-se “Máscara”, com vários solos dos de Marcos Dantas e PP Cavalcante, que parecem ter papel decisivo no estágio atual do grupo; e “No Topo do Mundo”, que tem um belo riff e uma espécie de “interlúdio instrumental” de cativar o ouvinte menos interado.

No entanto, vale salientar que, mais que a performance do grupo, contam as boas músicas que estão em “Máquina dos Sentidos”. Uma delas é “Pelas Sombras”, na qual Tavinho Godoy esbanja um poderio vocal indelével – e não foi só nessa - depois de todos esses anos. A segunda voz do baixista André Bighinzoli contribui para que Tavinho alcance notas mais altas, em que pese a bateria cavalar do outro André, o Delacroix, inicialmente num volume de rachar. Dois dos momentos mais participativos, porém, acabam vindo dos clássicos “Cavaleiro Negro”, logo no início, e no encerramento, com a pitoresca “Minha Droga é o Metal”, praticamente um hino do Metalmorphose.

Marcos Dantas empunha a guitarra na beirada do palco e o público se acaba em um mosh após o outro

Marcos Dantas empunha a guitarra na beirada do palco e o público se acaba em um mosh após o outro

A mudança para o show do Azul Limão não é só de palco, com a exibição das imagens do álbum que o grupo pretende lançar, mas na própria paisagem da banda. Saiu um grupo da ativa e entrou outro cujo objetivo era reviver grandes momentos, numa noite, de antemão, fadada a recordações. O problema é que o vocalista Rodrigo Esteves, elemento vital – e raro, por morar no exterior - para a banda, estava em outra dimensão. Ou o sujeito tomou umas e outras antes de subir no palco, ou, como bom forasteiro, foi vitimado por um “boa noite Cinderela”, como bem apontou um gaiato do meio do público. Tanto que algumas músicas, sobretudo no começo, eram de difícil reconhecimento, causando visível constrangimento nos demais integrantes, empenhados em fazer um bom show, apesar das poucas horas de ensaio.

Mesmo assim, o público se entulhou na frente do palco para cantar hinos do metal nacional como “Não Vou Mais Falar” e a inefável “Satã Clama Metal”, que teve a participação de Tavinho Godoy e desencadeou uma breve rodada de moshes no salão, a essa altura turbinado pelo poder do rock, com o som num generoso volume. Tavinho, que já fez parte de uma das formações do Azul Limão, também cantou em “Amazônia”, uma das que não tinha registro fonográfico e que faz parte do álbum “Regras do Jogo”, que o quarteto lança ainda esse mês, com outras nove pérolas nunca antes gravadas. O show teve pouco mais de uma horinha e ficou devendo músicas como “Ordem e Progresso” e a boa “Nada a Perder” (ouça aqui), mas teve ainda clássicos avassaladores como “Você Não Faz Nada” e “Vingança”, num encerramento possesso por parte do público. Teria sido mil vezes melhor se o vocalista estivesse em boas condições, mas um milhão de vezes pior se o show não tivesse acontecido.

O 'desorientado' vocalista Rodrigo Esteves com Marcos Dantas e o baterista Ricardo Martins ao fundo

O 'desorientado' vocalista Rodrigo Esteves com Marcos Dantas e o baterista Ricardo Martins ao fundo

Set list completo Metalmorphose
1- Jamais Desista
2- Cavaleiro Negro
3- Máscara
4- Maldição
5- No Topo Do Mundo
6- Máquina dos Sentidos
7- Pelas Sombras
8- A Esperança Nunca Morre
9- Metrópole
10- Desejo Imortal
11- Minha Droga é o Metal

Set list completo Azul Limão
1- Rotina
2- Solidão
3- Regras do Jogo
4- Azul Limão
5- Sangue Frio
6- O Grito
7- Amazônia
8- Meta Z
9- Você Não Faz Nada
10- Não Vou Mais Falar
11- Satã Clama Metal
12- Vingança

Integrantes do Azul Limão e do Metalmorphose se reúnem no palco para a foto da noite histórica

Integrantes do Azul Limão e do Metalmorphose se reúnem no palco para a foto da noite histórica

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. Henrique Kurtz em julho 7, 2013 às 4:03
    #1

    Gostei do texto sobre a noite especial de comemoração dos 30 anos do AZUL LIMÃO e o roubo da cena pelos caras do METALMORPHOSE. A crítica precisa, detalhada e em cima do lance merece os parabéns!

  2. João Pompeu de Souza Brasil em julho 7, 2013 às 11:30
    #2

    O Metalmorphose está em ótima fase por causa de seu disco Máquina dos Sentidos. E conta com uma super-formação, com Marcos Dantas do Azul Limão na guitarra. Sempre será um grande evento assistir esta banda do jeito que está. Fiquei triste em saber o que aconteceu com o vocalista Rodrigo, do Azul Limão, mas mesmo assim, pelo que li, deve ter dado para aproveitar o “show”. Será que “Regras do Jogo” vai inaugurar uma nova e boa fase do Azul Limão? Tomara que sim, o grupo ainda deve um álbum bem gravado e arrasador!

  3. Andre Bighinzoli em julho 7, 2013 às 12:57
    #3

    Obrigado, Bragatto. Foi uma noite realmente especial!

  4. Andre Bonadio em julho 8, 2013 às 4:22
    #4

    Azul Limão é Azul Limão mesmo que o vocalista estivesse em coma alcoólico.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado