Roubou a cena
Em festa de aniversário de 30 anos do Azul Limão, Metalmorphose mostra vitalidade do novo repertório em boa apresentação. Fotos: Léo Corrêa.
No entanto, vale salientar que, mais que a performance do grupo, contam as boas músicas que estão em “Máquina dos Sentidos”. Uma delas é “Pelas Sombras”, na qual Tavinho Godoy esbanja um poderio vocal indelével – e não foi só nessa - depois de todos esses anos. A segunda voz do baixista André Bighinzoli contribui para que Tavinho alcance notas mais altas, em que pese a bateria cavalar do outro André, o Delacroix, inicialmente num volume de rachar. Dois dos momentos mais participativos, porém, acabam vindo dos clássicos “Cavaleiro Negro”, logo no início, e no encerramento, com a pitoresca “Minha Droga é o Metal”, praticamente um hino do Metalmorphose.
A mudança para o show do Azul Limão não é só de palco, com a exibição das imagens do álbum que o grupo pretende lançar, mas na própria paisagem da banda. Saiu um grupo da ativa e entrou outro cujo objetivo era reviver grandes momentos, numa noite, de antemão, fadada a recordações. O problema é que o vocalista Rodrigo Esteves, elemento vital – e raro, por morar no exterior - para a banda, estava em outra dimensão. Ou o sujeito tomou umas e outras antes de subir no palco, ou, como bom forasteiro, foi vitimado por um “boa noite Cinderela”, como bem apontou um gaiato do meio do público. Tanto que algumas músicas, sobretudo no começo, eram de difícil reconhecimento, causando visível constrangimento nos demais integrantes, empenhados em fazer um bom show, apesar das poucas horas de ensaio.Mesmo assim, o público se entulhou na frente do palco para cantar hinos do metal nacional como “Não Vou Mais Falar” e a inefável “Satã Clama Metal”, que teve a participação de Tavinho Godoy e desencadeou uma breve rodada de moshes no salão, a essa altura turbinado pelo poder do rock, com o som num generoso volume. Tavinho, que já fez parte de uma das formações do Azul Limão, também cantou em “Amazônia”, uma das que não tinha registro fonográfico e que faz parte do álbum “Regras do Jogo”, que o quarteto lança ainda esse mês, com outras nove pérolas nunca antes gravadas. O show teve pouco mais de uma horinha e ficou devendo músicas como “Ordem e Progresso” e a boa “Nada a Perder” (ouça aqui), mas teve ainda clássicos avassaladores como “Você Não Faz Nada” e “Vingança”, num encerramento possesso por parte do público. Teria sido mil vezes melhor se o vocalista estivesse em boas condições, mas um milhão de vezes pior se o show não tivesse acontecido.
Set list completo Metalmorphose1- Jamais Desista
2- Cavaleiro Negro
3- Máscara
4- Maldição
5- No Topo Do Mundo
6- Máquina dos Sentidos
7- Pelas Sombras
8- A Esperança Nunca Morre
9- Metrópole
10- Desejo Imortal
11- Minha Droga é o Metal
Set list completo Azul Limão
1- Rotina
2- Solidão
3- Regras do Jogo
4- Azul Limão
5- Sangue Frio
6- O Grito
7- Amazônia
8- Meta Z
9- Você Não Faz Nada
10- Não Vou Mais Falar
11- Satã Clama Metal
12- Vingança
Tags desse texto: Azul Limão, Metalmorphose
Gostei do texto sobre a noite especial de comemoração dos 30 anos do AZUL LIMÃO e o roubo da cena pelos caras do METALMORPHOSE. A crítica precisa, detalhada e em cima do lance merece os parabéns!
O Metalmorphose está em ótima fase por causa de seu disco Máquina dos Sentidos. E conta com uma super-formação, com Marcos Dantas do Azul Limão na guitarra. Sempre será um grande evento assistir esta banda do jeito que está. Fiquei triste em saber o que aconteceu com o vocalista Rodrigo, do Azul Limão, mas mesmo assim, pelo que li, deve ter dado para aproveitar o “show”. Será que “Regras do Jogo” vai inaugurar uma nova e boa fase do Azul Limão? Tomara que sim, o grupo ainda deve um álbum bem gravado e arrasador!
Obrigado, Bragatto. Foi uma noite realmente especial!
Azul Limão é Azul Limão mesmo que o vocalista estivesse em coma alcoólico.