Médio e acessível
Explosions In The Sky rejeita holofotes, mas mostra post rock palatável sem deixar de ser barulhento. Foto: Daniel Croce.
Ocorre que a banda é indie e como tal não é dada a exposições. Não à toa os músicos mal sabem empunhar seus instrumentos – uma banda com três guitarras! -, olham fixamente para o piso, como shoegazers demodês e parecem não estar nem aí para o mundo à sua volta. Ou, por outra, para o público. Este, como óbvio, imita o desajeito dos músicos como pode, no limite de uma felicidade que recusa demonstrar, mas não consegue esconder. Definitivamente, é um show para iniciados. Ou não, uma vez que as guitarras que moveram o século 20 têm o poder de cativar e, a despeito de todo esse porém estético, os caras tocam pra cacete, têm boas músicas e sabem como poucos cativar com um esporro dos diabos.
O observador mais atento, todavia, não diria tanto. Isso porque o quarteto (3 guitarras + baterista), adicionado por um baixista contratado, não pega tão leve nas partes calmas, nem tão pesado nas mais barulhentas. E é nesse meio do caminho bem temperado que talvez esteja o ovo de Colombo do Explosions, sem deixar de notar que boas melodias de guitarras, daquelas que pegam o ouvinte de primeira, cruciais nesse tipo de som, aparecerem em quase todas as músicas. O grupo também não exagera tanto nos volumes e frequências combinados, um achado do post rock que só cabe a mestres como os do Mogwai; clique aqui e relembre como foi o show no mesmo Circo Voador, há cerca de um ano.Dos três guitarristas, Michael James, ao centro, parece ser o mais criativo e entregue à execução das músicas; quase não há solos no post rock. Curiosamente, quando toma o baixo do empregado, toca como se fosse guitarra, lançando os dedos velozmente sobre as cordas reforçadas. Rayani é o mais sem jeito e, ao mesmo tempo, presepeiro, que chegar a trocar a guitarra – crime inafiançável – por um tarol de banda marcial de colégio ginasiano e a espancar o instrumento com uma pandeirola. No final, ele ainda se acabaria extraindo ruídos dos pedais, jogado ao chão como uma criança no engradado de bolinhas plásticas. Mark Smith, o da esquerda, é o mais discreto, cuja função talvez seja de reforçar o barulhão mesmo. Curto, o show dura menos de hora e meia sem bis, como numa dose programada pela intensidade sonora. Imaginem no dia que os caras descobrirem a luz…
Set list enigmático fotografado do palco (cortesia de Pedro Montenegro), que, segundo consta, foi modificado durante o show:
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Discordo totalmente. Houve explosões de luz em algumas partes.
E, embora o autor parece não ter gostado, o público foi ao delírio. E nada melhor que os caras que curtem tocar ao invés de dar o espetáculo. Fomos para ouvir as músicas que, ao vivo, é muito melhor! Do caralho.