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Teu inferno é aqui

Massacre sonoro do Sodom transforma um Teatro Odisséia lotado num verdadeiro palco de guerra e devastação. Fotos: Daniel Croce.

Tom Angelripper no baixo e Bernd Bernemann Kost na guitarra: o massacre sonoro do Sodom

Tom Angelripper no baixo e Bernd Bernemann Kost na guitarra: massacre sonoro do Sodom

Terça à noite e verdadeiros guerrilheiros tratam de encher o Teatro Odisséia, no Rio, para um urrar em show esperado no Rio por décadas. O alemão Sodom e sua fixação por guerras e afins reuniu um bom grupamento para o combate. Em vez de mostrar as músicas que estão no novo álbum, “Epitome Of Torture”, que sai esse mês (saiba mais), o trio desencravou um repertório como quem pinça discos de vinil em um sebo empoeirado e, durante cerca de hora e meia, promoveu uma massacre sonoro esporrento regado a entrelaçadas e infindáveis rodas de pogos combinadas com um irresistível bater de cabeça. Como reza a cartilha do thrash, diga-se.

Angelripper mantém o humor quando a bateria para

Angelripper mantém o humor quando a bateria para

A porradaria foi tanta que logo no início, durante “Outbreak Of Evil”, com um sotaque punk rock que realça ao vivo, a caixa da bateria teve que ser trocada – se não houvesse problemas técnicos não seria o Odisséia, certo? E deve ter sido a primeira vez que a casa, criada para o rock, mas convertida em acolhedora de música de gosto duvidoso, viu uma bateria de dois bumbos ser cruelmente espancada. Tom Algelripper, ícone maior por trás do Sodom, fala pouco e se concentra apenas em agradecer e, à Ramones, mandar uma música atrás da outra. Não é por acaso as citações ao punk e aos Ramones; no meio de tanto barulho, as referências além metal do Sodom parecem mais evidentes com a banda tocando ao vivo. E isso sem falar na sequência final, onde o trio se comportou musicalmente como uma filial do Motörhead até tocar – aí sim – a cover de “Iron Fist”.

Mas característica mais marcante do thrash alemão é mesmo a velocidade e a boa combinação com passagens mais lentas, porém não menos pesadas, que o Sodom faz com maestria. Nesse âmbito, a altamente batecabeçável “Among the Weirdcong” brilhou com o público tirando as últimas forças para manter a intensa agitação, já na segunda metade da noite. “Agent Orange” (olha a arma biológica aí), com bela introdução e boas mudanças de andamento foi outra que fez a plateia soltar o gogó sem medo de perder a voz. Basicamente, a peformance se dividia em duas modalidades: as rodas entrelaçadas girando sem fim, nas partes mais velozes das músicas, e o bater de cabeça com os punhos erguidos, nas mais cadenciadas. Poderia ser melhor?

O trio e a multidão enlouquecida na beirada do palco

O trio e a multidão enlouquecida na beirada do palco

Poderia, claro, não fosse o Sodom por si só um honroso representante do segundo escalão do metal mundial. Vê-se que no thrash o lado metal exige técnica e criatividade que estão muito além dos limites dos músicos do grupo, que se supera pela garra e persistência ao longo de todos esses anos e pelo reconhecimento conquistado no auge do gênero, na virada dos anos 80 para os 90. Se o palco tivesse iluminação de show – não luzes acesas direto – a paisagem do espetáculo como um todo também seria melhor. Ou não. Porque a grande maioria só queria saber de diversão com doses cavalares de thrash metal, como Angelripper e o Sodom sabem fazer muito bem. E foi exatamente o que aconteceu.

Se list completo:

1- In War and Pieces
2- Sodomy And Lust
3- M-16
4- Outbreak of Evil
5- Surfin’ Bird
6- The Saw is the Law
7- Burst Command ’til War
8- Proselytism Real
9- The Art Of Killing Poetry
10- Among the Weirdcong
11- The Vice of Killing
12- Agent Orange
13- Ausgebombt
14- Eat Me!
15- Remember The Fallen
16- Iron Fist
Bis
17- City Of God
18- Blasphemer
19- Bombenhagel

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