No Mundo do Rock

Mão de ferro

Com novo vocalista e comandado pelo baixista Chris Squire, Yes traz ao Brasil a turnê em que toca a íntegra de três álbuns de uma só vez. Fotos: Divulgação.

Único remanescente da formação original, Chris Squire promete álbum de inéditas para 2014

Único remanescente da formação original, Chris Squire promete álbum de inéditas para 2014

Perguntar a uma banda prestes a vir ao no Brasil como serão os shows pelo País é quase uma obrigação do jornalista preocupado em tirar a melhor informação para os leitores. Mas, no caso do Yes, talvez não fosse necessário, uma vez que no giro mundial que passa pelo Brasil em maio o grupo está tocando não a íntegra de um único álbum clássico, mas - como manda os exageros do rock progressivo - de três.

É o que confirma o baixista Chris Squire, por telefone, direto de um hotel em Toronto, onde o grupo faria, na quinta (11/4), o penúltimo show da perna inicial da turnê. “Estamos tocando esses três álbuns clássicos dos anos 70, ‘The Yes Album’ (1971), ‘Close To The Edge’ (1972) e ‘Going For The One’ (1977), e as pessoas gostam muito desse material”, conta Squire. “Todos os shows têm sido muito bons, quase todos com os ingressos esgotados e tem sido uma experiência bem válida. Em geral ainda fazemos ‘Roundabout’ no bis”, continua, empolgado, revelando - aí, sim - uma novidade.

No Brasil, a turnê tem seis shows agendados, em Brasília (19/5), Curitiba (21/5), São Paulo (23, esgotado e 24/5), no Rio de Janeiro (25/5), e Porto Alegre (26/5); veja os detalhes aqui. Chris Squire garante aos fãs da banda que o show não tem erro: as músicas são tocadas iguaizinhas como aparecem nos discos. “Tocamos as músicas exatamente como elas foram arranjadas para o álbum original, então soa bastante familiar para quem vai aos shows”, explica o baixista, único remanescente da formação inicial.

“Acho que isso faz sentido nesses caso, fecha o conceito de fazer as pessoas voltarem no tempo e reviverem uma época. No passado, muitas vezes mudávamos os arranjos, fazendo as músicas ficarem mais longas com improvisos instrumentais, mas nessa turnê queremos que as pessoas sintam exatamente como eram as músicas quando foram gravadas, que elas sintam suas lembranças tanto quanto possível”, completa.

Com uma carreira de cerca de 45 anos, o Yes já teve várias fases, o que pode levar qualquer fã mais conhecedor de todas elas a questionar o porquê de se escolher justamente esses três discos. É óbvio que a década de 1970 é de longe a mais pródiga para o rock progressivo (que - diga-se - não sucumbiu ante ao punk), mas Squire tem outros motivos, e bem pessoais.

“Achamos que eles combinam juntos e são os discos mais bem sucedidos da carreira do Yes”, define o baixista, que enumera: “O ‘Yes Album’ foi o primeiro disco que nos tornou reconhecidos internacionalmente; ‘Close to the Edge’ foi o prmeiro disco em que fizemos uma música com longa duração, com 20 minutos, e que ocupou todo o lado do álbum (a faixa-título); e o ‘Going for the One’ foi o primeiro disco que gravamos fora da Inglaterra, e por isso nos traz lembranças especiais”. Perguntado se a banda pensa em repetir a dose tocando outros álbuns na íntegra, o baixista disse que isso não foi considerado.

A formação atual do Yes: Steve Howe,  Geoff Downes, o novato Jon Davison, Alan White e Chris Squire

A formação atual do Yes: Steve Howe, Geoff Downes, o novato Jon Davison, Alan White e Chris Squire

Se a ideia é tocar as músicas em versões idênticas às de cada álbum, é preciso checar quem gravou o que, já que o Yes soma, em toda a sua carreira, 18 integrantes em diversas formações. No “The Yes Album”, da formação atual somente o próprio Squire e o guitarrista Steve Howe participaram das gravações, assim como em “Close to the Edge”. Em “Going For The One”, além deles, o baterista era o mesmo Alan White que está na banda agora. Completam a formação o tecladista Geoff Downes e o vocalista Jon Davison. E é neste posto que aconteceu a mudança mais brusca, a saída de Jon Anderson, considerado como a voz do Yes e insubstituível para grande parte dos fãs

É o assunto que faz Chris Squire, hoje o chefão do grupo, suspirar antes de falar. “O Jon não quer mais fazer turnês de rock, porque ele tem lidado com problemas de saúde nos últimos tempos, de respiração. Ele gosta de fazer pequenos shows solo, com o violão dele, shows menores sem muita pressão, uma coisa mais modesta”, alfineta o baixista, jogando a responsabilidade sobre o antigo vocalista. Anderson, que no ano passado fez shows desse tipo que Squire citou pelo Brasil, ficou fulo da vida quando, em 2008, viu o Yes sair em turnê sem ele, que se recuperava de problemas respiratórios.

O substituto era Benoit David, que chegou a vir ao Brasil com o Yes em 2010 e a gravar o bom álbum “Fly From Here”, no ano seguinte, mas também não esquentou a cadeira. “O Benoit fez um trabalho muito bom, o que nos deixou muito satisfeitos, mas não suportou as grandes viagens que fazemos pelo mundo por causa das turnês e decidiu ficar mais em casa, na cidade dele, onde inclusive tinha problemas familiares para dar conta. Concordamos que precisávamos de outra pessoa para o posto”, explica o baixista.

Quem está à frente do quinteto desde o ano passado é Jon Davison, revelado pelo grupo de rock progressivo americano Glass Hammer. Recentemente, as duas bandas tocaram em um Cruzeiro, e o vocalista não pôde cantar no Glass Hammer, por conta de uma proibição da produção do Yes, entenda-se Chris Squire (saiba mais). “Ele está fazendo um trabalho excelente, os fãs do Yes adoram ele”, comenta Squire, sem muito entusiasmo.

Mas se depender do chefão, Davison continua no grupo, que, inclusive, já tem esboços de músicas inéditas para a gravação de um álbum. “Estamos nos preparando para gravar um novo álbum no final desse ano, provavelmente para lançarmos no início do ano que vem. Já iniciamos o processo de composição, temos algumas ideias, mas nada finalizado por enquanto, ainda não chegamos nessa fase mais avançada”, diz Chris Squire, garantindo a continuidade da formação atual. A menos que Davison também não suporte as turnês, não é?

O visual da turnê atual, com a íntegra de três álbuns clássicos seguidos e ainda 'Roundabout' no bis

O visual da turnê atual, com a íntegra de três álbuns clássicos seguidos e ainda 'Roundabout' no bis

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