Festa do barulho
Em noite marcada por homenagens ao criador do Garage, festival do Matanza ressalta a música pesada carioca. Fotos: Luciano Oliveira.
O que não muda – e isso é bom – é a vocação do quarteto para o atropelamento instantâneo. São sete porradas - “Tudo Errado” e “Eu Não Gosto de Ninguém” incluídas - emendadas uma nas outras nos primeiros 20 minutos de show que detonam o empurra-empurra generalizado com quase todas as letras cantadas em uníssono pelo público. Nem seria tão diferente durante o restante da noite, a menos quando Jimmy faz as vezes de uma “stand up comedy”, tirando sarro dos demais integrantes, ainda mais em dia de aniversário do baterista Jonas, ou dando a tradicional bronca em quem subia no palco para dar mosh. Funciona: depois do pito, a ousadia não foi mais cometida. Outras músicas de destaque são “Bom é Quando Faz Mal”, com status de hino; “A Arte do Insulto” e “Ela Roubou Meu Caminhão’, que não perde a força junto aos fãs. Mais uma noite sem erro do Matanza.
O incauto que, depois de ter tomado umas e outras nos arredores, entrou no Circo Voador no meio do show do Gangrena Gasosa deve ter pensado que a visão dobrada era efeito do álcool. Isso porque a banda tinha no palco dois Omulus e dois Exu Caveiras, entidades que habitam o universo da única banda de saravá metal de que se tem notícia. É que se não bastasse a formação atual, os ex-integrantes Chorão e Paulão compareceram e foram muito bem recebidos por um plateia atenta à história do grupo e que cantou quase todas as músicas. Na meiúca do show, o grupo enfileirou uma sequência matadora a quatro vozes, numa velocidade hardcore de impressionar, incluindo “Terreiro do Desmanche” e “Thraxangô”, que não era tocada há bastante tempo. E dá-lhe mosh com direito à “passe” de Zé Pilintra e tudo. Apesar de mudanças constantes de integrantes, o Gangrena mostrou nesse show que está formando mais uma geração de fãs do seu pitoresco universo.O Confronto aproveitou o show do festival para apresentar músicas do novo álbum, em fase final de produção, entre elas “Imortal”, uma porrada hardcore/metal bem representativa do som do grupo. Curiosamente, embora se valha de riff ultra pesados oriundos do heavy metal, o grupo não tem solos em suas músicas, deixando a sensação de que fica faltando alguma coisa. Nada que subtraia a participação do público, que em duas oportunidades protagonizou a “abertura do Mar Vermelho” com muita animação. No início da noite, o bom Lacerated And Carbonized fez o que pode com um público ainda pequeno e o volume da guitarra reduzido. O death metal da banda tem conexão direta – em algumas músicas até demais – com o Krisiun, e grupo ainda incluiu, num set de meia hora, um mini solo de bateria. Valeu como aquecimento do Matanza Fest, que, a julgar por essa primeira edição, deve continuar em 2013.
Set list completo Matanza1- Remédios Demais
2- Ressaca Sem Fim
3- Interceptor V-6
4- Eu Não Gosto de Ninguém
5- Matanza Em Idaho
6- Tudo Errado
7- Pé na Porta e Soco na Cara
8- Santa Madre Cassino
9- Meio Psicopata
10- Ela Não Me Perdoou
11- A Arte do Insulto
12- Clube dos Canalhas
13- Odiosa Natureza Humana
14- O Último Bar
15- Tombstone City
16- O Chamado do Bar
17- Tempo Ruim
18- Estrada De Ferro Thunder Dope
19- Country Core Funeral
20- Carvão, Enxofre & Salitre
21- Cover Johnny Cash
22- Maldito Hippie Sujo
23- Rio de Whisky
24- Quando Bebe Desse Jeito
25- Bebe, Arrota e Peida
26- Imbecil
27- As Melhores Putas do Alabama
28- Ela Roubou Meu Caminhão
29- Estamos Todos Bêbados
30- Whisky Para Um Condenado
31- Eu Não Bebo Mais
32- Bom é Quando Faz Mal
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