O Homem Baile

Festa do barulho

Em noite marcada por homenagens ao criador do Garage, festival do Matanza ressalta a música pesada carioca. Fotos: Luciano Oliveira.

O malvadão Jimmy London comanda a horda de caubóis, bebuns e doidões do universo do Matanza

O malvadão Jimmy London comanda a horda de caubóis, bebuns e doidões do universo do Matanza

Poderia ter sido só o lançamento do novo álbum, mas o Matanza decidiu fazer o próprio festival e a edição do Rio aconteceu na última sexta (14/12) em um Circo Voador transbordando gente de tão cheio. Além deles, tocaram no Matanza Fest Gangrena Gasosa, Confronto e Lacerated e Carbonized, todos ligadas de uma ou outra forma à cena metal do Rio, o que resultou em seguidas homenagens a um dos seus maiores incentivadores, Fabio Costa, idealizador do Garage, falecido há duas semanas (saiba mais). As quatro bandas, aliás, assim, como boa parte do público, passaram pela casa, que teve seus melhores dias na década de 1990.

Zé Pilintra recebe entidade e ex-integrantes

Zé Pilintra recebe entidade e ex-integrantes

O disco mais recente do Matanza – “Odiosa Natureza Humana” – mal completou um ano de lançado e o grupo já temo outro, “Thunder Dope” para tocar. É, na verdade uma coletânea com 13 músicas dos primórdios da banda, que agora foram regravadas em registro definitivo. Fato que o vocalista Jimmy, dado a boas tiradas, não deixou passar batido. “Que cara de pau do caralho lançar um disco novo só com música velha… Só o Matanza mesmo”, disse o grandalhão, lá pelo meio do show, quando duas desse disco foram tocadas: “Estrada De Ferro Thunder Dope” e “Country Core Funeral”, uma das primeiras com letras em português. Em relação à turnê anterior o repertório foi mudado, seja na ordem das músicas, na inclusão das novas ou mesmo no resgate de outras que não vinham sendo tocadas. Veja o set list no final do texto e compare com o show do álbum anterior nesse link.

O que não muda – e isso é bom – é a vocação do quarteto para o atropelamento instantâneo. São sete porradas - “Tudo Errado” e “Eu Não Gosto de Ninguém” incluídas - emendadas uma nas outras nos primeiros 20 minutos de show que detonam o empurra-empurra generalizado com quase todas as letras cantadas em uníssono pelo público. Nem seria tão diferente durante o restante da noite, a menos quando Jimmy faz as vezes de uma “stand up comedy”, tirando sarro dos demais integrantes, ainda mais em dia de aniversário do baterista Jonas, ou dando a tradicional bronca em quem subia no palco para dar mosh. Funciona: depois do pito, a ousadia não foi mais cometida. Outras músicas de destaque são “Bom é Quando Faz Mal”, com status de hino; “A Arte do Insulto” e “Ela Roubou Meu Caminhão’, que não perde a força junto aos fãs. Mais uma noite sem erro do Matanza.

Lacerated: solo de bateria e volume baixo

Lacerated: solo de bateria e volume baixo

O incauto que, depois de ter tomado umas e outras nos arredores, entrou no Circo Voador no meio do show do Gangrena Gasosa deve ter pensado que a visão dobrada era efeito do álcool. Isso porque a banda tinha no palco dois Omulus e dois Exu Caveiras, entidades que habitam o universo da única banda de saravá metal de que se tem notícia. É que se não bastasse a formação atual, os ex-integrantes Chorão e Paulão compareceram e foram muito bem recebidos por um plateia atenta à história do grupo e que cantou quase todas as músicas. Na meiúca do show, o grupo enfileirou uma sequência matadora a quatro vozes, numa velocidade hardcore de impressionar, incluindo “Terreiro do Desmanche” e “Thraxangô”, que não era tocada há bastante tempo. E dá-lhe mosh com direito à “passe” de Zé Pilintra e tudo. Apesar de mudanças constantes de integrantes, o Gangrena mostrou nesse show que está formando mais uma geração de fãs do seu pitoresco universo.

O Confronto aproveitou o show do festival para apresentar músicas do novo álbum, em fase final de produção, entre elas “Imortal”, uma porrada hardcore/metal bem representativa do som do grupo. Curiosamente, embora se valha de riff ultra pesados oriundos do heavy metal, o grupo não tem solos em suas músicas, deixando a sensação de que fica faltando alguma coisa. Nada que subtraia a participação do público, que em duas oportunidades protagonizou a “abertura do Mar Vermelho” com muita animação. No início da noite, o bom Lacerated And Carbonized fez o que pode com um público ainda pequeno e o volume da guitarra reduzido. O death metal da banda tem conexão direta – em algumas músicas até demais – com o Krisiun, e grupo ainda incluiu, num set de meia hora, um mini solo de bateria. Valeu como aquecimento do Matanza Fest, que, a julgar por essa primeira edição, deve continuar em 2013.

Numa das homenagens à Fabio Costa, o pano de fundo do Garage é erguido após o show do Gangrena

Numa das homenagens à Fabio Costa, o pano de fundo do Garage é erguido após o show do Gangrena

Set list completo Matanza
1- Remédios Demais
2- Ressaca Sem Fim
3- Interceptor V-6
4- Eu Não Gosto de Ninguém
5- Matanza Em Idaho
6- Tudo Errado
7- Pé na Porta e Soco na Cara
8- Santa Madre Cassino
9- Meio Psicopata
10- Ela Não Me Perdoou
11- A Arte do Insulto
12- Clube dos Canalhas
13- Odiosa Natureza Humana
14- O Último Bar
15- Tombstone City
16- O Chamado do Bar
17- Tempo Ruim
18- Estrada De Ferro Thunder Dope
19- Country Core Funeral
20- Carvão, Enxofre & Salitre
21- Cover Johnny Cash
22- Maldito Hippie Sujo
23- Rio de Whisky
24- Quando Bebe Desse Jeito
25- Bebe, Arrota e Peida
26- Imbecil
27- As Melhores Putas do Alabama
28- Ela Roubou Meu Caminhão
29- Estamos Todos Bêbados
30- Whisky Para Um Condenado
31- Eu Não Bebo Mais
32- Bom é Quando Faz Mal

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