O Homem Baile

Domingão retrô

Com um olhar no passado e outro no futuro, matiné do último dia no Goiânia Noise revela olhar generoso no classic rock. Fotos: Marina Marques/Divulgação GNF.

O guitarrista e vocalista Felipe Batata à frente do Motel Overdose, destaque da terceira noite do GNF

O guitarrista e vocalista Felipe Batata à frente do Motel Overdose, destaque da terceira noite do GNF

Com ingressos mais em conta, shows começando depois do almoço e um único palco, o domingão o Goiânia Noise Festival acabou se rendendo ao classic rock. Teve teclado à Emerson Lake And Palmer, homenagem ao Kiss, que esta semana volta ao Brasil, cover das antigas do Serguei e muita referência às décadas de 60 e 70, numa prova de que cavucar o passado também pode dar certo - até as fotos “ficaram” em preto e branco! Um caminho viável nem sempre explorado no meio independente, mas que desperta o interesse dos organizadores da cidade que já foi considerada a Seattle brasileira.

Cassino Supernova: destaque do novo rock nacional

Cassino Supernova: destaque do novo rock nacional

De Florianópolis, o trio Motel Overdose traz riffs certeiros e um sotaque setentista que ganha ares contemporâneos. Os vocais de Felipe Batata, com direito a falsetes afinados, empresta ao trio uma insuspeita relação psicodélica, cujas músicas revelam referências do cinema underground. Por vezes o som viajante descamba por um caminho que flerta com o rock progressivo, quase épico. Uma das melhores apresentações da noite e do festival. Nos três dias do Goiânia Noise, chamou a atenção a presença dos catarinenses. Foram quatro bandas, o apresentador Gurcius e técnicos de som. Todos subiram no palco na última música do Motel Overdose, uma homenagem ao cabeleireiro sensação de Florianópolis. Dá para acreditar?

Surpreendeu também o Skrotes, outro trio catarinense, e não só pelo sugestivo nome que é muito mais que um anagrama dos Strokes. A banda é comandada por Igor da Patta, um garoto prodígio dos teclados que se envereda por vários ramos da música, apontando caminhos e buscando uma improvável unidade. Pilotando teclado, piano e sintetizador, ele percorre gêneros em tese imiscíveis que vão do reggae ao jazz; da bossa nova ao rock progressivo - impossível não lembrar do pioneirismo de Keith Emerson; de citações eruditas aso fusion, e por aí vai. E tudo isso sem cair na virtuose estéril que muitas vezes apanha grupos assim de supetão. Embora tenha sido uma grata revelação do festival, o som do trio ainda parece não ter encontrado seu formato final. Mas será mesmo que precisa?

O prodígio tecladista dos Skrotes em ação

O prodígio tecladista dos Skrotes em ação

Quem não esconde as origens é o local The Galo Power, que tem os dois pés fincados no rock pauleira dos anos 70, muito embora as referências não sejam tão óbvias, motivo de orgulho para o próprio grupo. É por isso que “Eu Sou Psicodélico”, de Serguei das antigas, é tocada logo no início do show. O repertório cheio de riffs e com o teclado temperando tudo ao fundo é atração garantida para o público. A banda precisa melhorar os vocais e também se dar conta que investir num repertório mais autoral é o caminho a ser seguido. O desfecho da noite teve o Mechanics tocando o repertório do Kiss, com a sempre boa performance do vocalista Márcio Jr. Recordista de participações no festival – Márcio é um dos produtores – o quarteto cumpriu o papel de fazer a festa no domingão.

O tal caminho autoral necessário para a renovação do classic rock já foi encontrado há tempos pelo Cassino Supernova, grata revelação do novo rock nacional made in Brasília. O grupo não esconde as referências – mod, na maioria das vezes -, mas já tem um repertório que contagia o público em qualquer circunstância. Não foi diferente no GNF, onde o grupo tocou pela primeira vez e brilhou com os solos do guitarrista Raphael Valadares e a disposição para agitar do vocalista Gorfo. Outra banda de Brasília tocar no domingão foi o Valdez, cuja banda de referência – e até um pouco mais que isso é o Queens Of The Stone Age. O trio tem boas composições – cada riff! -, mas ainda está muito preso às bandas que lhe servem de inspiração. Única banda internacional da noite, o Indigno, do Equador fez bem a sua parte. Clássico quarteto de thrash metal, com músicos técnicos, fez um show certinho que foi encerrado com a cover de “Roots Bloody Roots”, do Sepultura.

A turba de Santa Catarina que invadiu Goiânia cantando junto na última música do Motel Overdose

A turba de Santa Catarina que invadiu Goiânia cantando junto na última música do Motel Overdose

Placar Rock em Geral
Mortuário: 5
Worst: 7
Boom Boom Kid: 8
Space Truck: 7
Mapuche: 7
Kamura: 7
PEZ: 7
Madrid: 6
Chimpanzés de Gaveta: 6
Lirinha: 8
Passo Largo: 7
Fabulous Bandits: 8
Grindhouse Hotel: 9
The OverAlls: 7
Lord Bishop Rocks: 7
Girlie Hell: 7
Hellsakura: 7
Autoramas: 8
Karina Buhr: 8
Crucified Barbara: 9
Valdez: 7
The Galo Power: 6
Motel Overdose: 8
Cassino Supernova: 7
Os Skrotes: 8
MechaniKISS: 7
Indigno: 7

Veja também: como foi a primeira noite do festival

Veja também: como foi a segunda noite do festival

Veja também: como foi o show do Crucified Barbara no festival

Marcos Bragatto viajou á Goiânia á convite da produção do festival.

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Comentários enviados

Existem 7 comentários nesse texto.
  1. Thomas em novembro 12, 2012 às 9:33
    #1

    Olá, sou o organista da Galo Power… Não queria ficar como um chato, mas queria dizer que, quanto ao nosso show, você, Marcos Bragatto, realmente o assistiu? Todas as nossas músicas foram e são autorais, tirando 1,5 minutos que cantamos ‘Eu Sou Psicodélico’ dentro da nossa própria música. Não existe teclado na banda, e sim um órgão. E quanto aos vocais, muitos me disseram que os vocais de nossa banda foram os melhores do dia, mas isso é questão de gosto, quanto a isso tudo bem.

  2. Bruno Gallo em novembro 12, 2012 às 9:58
    #2

    Sou vocalista da The Galo Power, só gostaria de esclarecer, “Eu Sou Psicodélico” é o único trecho de outra musica que usamos como um empréstimo, que inclusive o Serguei permitiu e sabe que o fazemos. Fora isso, nunca deixamos de tocar musicas autorais. Fica no ar depois que se lê um texto desses, “será que o cara viu o show? Tá escrevendo por obrigação, encher linguiça?”, porque nos justificar por falta de trabalho autoral acho que é tão condizente quanto discutir sobre motor de avião com leigos.

  3. Evandro Galo em novembro 12, 2012 às 16:05
    #3

    Se liga, velho! Usamos organ e não teclado, para começar. Os vocais estavam baixos por falha no som e nossas músicas são todas autorais, tirando a “Crazy Player For a Drunk Guitar”, que tem apenas um trecho da música “Eu Sou Psicodélico”, que por sinal tivemos permissão do próprio Serguei para tocá-la. Se informe um pouco mais para sair falando besteiras por aí.

  4. Marcos Bragatto em novembro 12, 2012 às 19:09
    #4

    Recomendo a leitura mais atenta do texto, amigos do Galo Power. Eu gostei do show de vocês! Um abraço!

  5. Francielle em novembro 13, 2012 às 16:32
    #5

    “também se dar conta que investir num repertório mais autoral é o caminho a ser seguido.” Como assim, Galo Power, as músicas não são de vocês? Perderam uma fã viu, sempre achei ‘Final Solution’, ‘Odissey’ e ‘Lysergic Groove’ músicas geniais.

  6. Bruno Gallo em novembro 13, 2012 às 22:20
    #6

    Pois é, essa músicas são nossas, Francielle…

  7. Homeres James em novembro 16, 2012 às 18:00
    #7

    Que choradeira! Vai a dica: continuem o trabalho e parem com essa papeleira.

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