O Homem Baile

Pela culatra

Show teatral do Jane’s Addiction não atrai muito público nem empolga no encerramento do Palco Butantã, no Lollapalooza. Foto: Renan Facciolo.

janesaddictionlollaA ideia der ter o Jane’s Addiction tocando num festival criado pelo líder do grupo, Perry Farrel, não serve de exemplo para um evento que se diz “alternativo”, mas se o grupo está na ativa, com disco novo na praça, fica difícil desabonar sua escalação. Para não ficar para trás, diante do interesse notório do público por outras atrações, Farrel caprichou no palco, inserindo personagens reais como cenário das músicas, incluindo duas noivas alçadas por cabos de aço ao teto com vestidos de cauda de mais de cinco metros (em “Underground”); um velho malvado que acaba enforcado por sua própria armadilha (em “Twisted Tales”); e telões repartidos espalhados pelo palco que dão um efeito visual interessante; entre outras artimanhas.

Não adiantou muito, a julgar pelo farto espaço que havia entre as pessoas próximas à grade do Palco Butantã, e pelo fluxo crescente em direção ao lado oposto, onde o Arctic Monkeys fecharia o festival. No palco, um atlético Perry se movimentava muito bem, nem parecia aquele senhor ensimesmado da coletiva de anúncio do festival, meses antes. Dave Navarro, tronco nu, não queria nem saber, engatando solo atrás de solo como se, de seu lado, argumentasse que sua guitarra era o bastante para prender a atenção do público. O de “Been Caught Stealing”, hit eventual sem vocação para as massas, foi um dos melhores, mas “Moutain Song”, tocada logo no início, agrada muito mais e afasta a pecha de que o grupo tenha conquistado espaço no olimpo pop sem ter composto um hit sequer.

O tempo é curto, mas o show começa com uns cinco minutos de Pink Floyd no áudio pré-gravado (um mix de “Have a Cigar” e “Shine On You Crazy Diamond”), num prenúncio de que realmente Perry Farrel aprontaria algo bizarro, ao menos em nível visual. A coisa, no entanto, se acalma com um sempre desnecessário set acústico, que começa em “Jane Says”. É de uma crueldade atroz subtrair uma guitarra de Dave Navarro e deixá-lo sentado com um violão no colo, mas ele se vira assim mesmo. Do novo álbum, o bom “The Great Escape Artist”, as duas músicas incluídas no repertório não se destacam do todo. Tanto “Underground” quanto “Twisted Tales” – justamente as que têm historinhas encenadas - poderiam se tranquilamente apresentadas como canções obscuras do passado da banda.

Embora tente se manter ativo, o Jane’s Addiction vive mais dos feitos do passado e das personas de Farrel e Navarro, do que de sua fase atual. Por isso o álbum “Ritual de lo Habitual”, sucesso de 1990, é o mais explorado no show, e é também que contém as músicas mais conhecidas, que o público realmente quer ouvir. Por ser a banda do “chefe”, o grupo acabou ganhando de presente um lugar no horário nobre do Lollapalooza, mas a oferta saiu pela culatra. Talvez, mais cedo, o Jane’s Addiction tivesse reunido um público maior, menos cansado e mais interessado em reviver os anos 1990. Não deixou de ser uma boa tentativa.

Set list completo:

1- Underground
2- Mountain Song
3- Just Because
4- Been Caught Stealing
5- Ain’t No Right
6- Ted, Just Admit It…
7- Twisted Tales
8- Jane Says
9- Chip Away
10- Three Days
11- Stop!
12- Ocean Size

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. andersoN em abril 10, 2012 às 11:50
    #1

    Perry Farrell é banguela? rsrsrss

  2. ]Marco A. Augusto em abril 10, 2012 às 23:22
    #2

    Alguém consegue me responder por que não consegui encontrar, em nenhum dos 3 estandes oficiais de produtos relacionados ao evento, uma camiseta do Jane’s Addiction? É possível o “dono” do evento não ter colocado nenhum produto de sua banda a venda? Valeu e abraços!
    Marco

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