No Mundo do Rock

Amado e odiado

Acusado de ‘matar o rock’, Nickelback lança sétimo álbum e se afirma com destaque no hard rock contemporâneo criando hits colantes ‘para qualquer um’. Fotos: Divulgação/Reprodução internet.

Daniel Adair (bateria), Ryan Peake (guitarra), Chad Kroeger (vocal e guitarra) e Mike Kroeger (baixo)

Daniel Adair (bateria), Ryan Peake (guitarra), Chad Kroeger (vocal e guitarra) e Mike Kroeger (baixo)

O sujeito trabalhava como balconista num Café, lá nos cafundós do Canadá, e toda a vez em que tinha dar o troco ao freguês dizia: “aqui está sua moeda de volta”. Quando montou uma banda de rock para se livrar de bater ponto, Chad Kroeger não teve dúvidas para batizar a empreitada como Nickelback. Assim nascia um dos grandes ícones do post grunge, subgênero do rock que pode até não ter se difundido no Brasil (como aconteceu com o grunge), mas já domina as paradas americanas por um bom tempo. Defenestrado pela crítica e batendo recorde de vendagens, amado e odiado com um hit atrás do outro, o grupo chega ao sétimo disco, “Here And Now”, cada vez mais abraçado com o hard rock.

Preocupado com o mercado e com a manutenção do sucesso, o grupo já extraiu do novo disco nada menos que cinco singles. E isso antes de iniciar, este mês, uma longa turnê com o reformado Bush (referência não assumida), Seether, outro nome do post grunge, e o também canadense My Darkest Days, banda descoberta/apadrinhada por Chad. A turnê deve durar o ano todo, e, com sorte, a banda desembarca no Brasil em 2013. Ao menos foi o que disse o baixista Mike Kroeger (irmão de Chad), nessa entrevista exclusiva ao Rock em Geral, por telefone, junto com o batera Daniel Adair, que mais acompanhou do que participou. Completa o grupo o guitarrista Ryan Peake.

Mike fala de como seu irmão – e todo o quarteto – desenvolveu um modo de compor músicas “que parece que são feitas para qualquer tipo de pessoa”, justificando a coleção de hits colantes como “How You Remind Me”, “Someday” e “Photograph”. De olho na polarização pop x rock nos Estados Unidos e Canadá, o baixista revela estratégias que não dependem só de compor boas músicas. De quebra, Mike Kroeger se desvia da polêmica levantada pelos colegas de gravadora do Black Keys, que culpa o Nickelback pela “morte do rock” (saiba mais aqui). Mas admite que o grupo é, sim, do tipo “ame ou odeie”. Confira:

Rock em Geral: Vocês lançaram o novo álbum em novembro, como está indo aí nos Estados Unidos e Canadá?

Mike Kroeger: Acho que tá indo bem. Temos tocados bastante no rádio, as pessoas estão falando bem do disco, as resenhas têm sido boas e os fãs estão gostando demais. Daqui a duas semanas vamos começar a turnê, a primeira depois que o disco saiu.

REG: Vocês vão tocar com o Bush nessa turnê…

Mike: Sim, eles vêm conosco, estamos bem animados em fazer essa turnê com eles, vai ser muito legal.

REG: O Bush é uma banda do grunge das antigas que agora está de volta. Você os vê como uma influência no som do Nickelback?

Mike: Eu não sei se eles foram influentes em nós, mas sei que quando começamos a tocar juntos pela primeira vez o Bush era uma banda gigante. Quando estávamos começando, fazendo o que fazemos, eles estavam no topo da carreira deles, eu me lembro bem disso. Eu não me lembro se éramos necessariamente influenciados por eles, mas eles eram muito grandes quando começamos.

REG: Eles eram chamados de “a maior banda grunge do Reino Unido” e vocês são um grande ícone do post grunge, daí a conexão…

Mike: Post grunge… que rótulo interessante… Poderia ser post stone também. A razão que escolhemos o Bush foi porque estávamos atrás de uma banda para cair na estrada conosco. Eles cabem porque tocam rock direto para as pessoas, assim como o Seether ou o My Darkest Days (bandas que também estão na turnê). São bandas que cabem certinho naquilo que nós fazemos.

REG: O disco foi lançado há quatro meses e vocês já têm cinco singles. Você acha que nesse mundo de hoje, com tanta informação rolando, é uma boa estratégia lançar tanta coisa ao mesmo tempo?

Mike: É o jeito como as coisas têm acontecido nos Estados Unidos e Canadá ultimamente. Há uma grande polarização entre o rock e o r&b/pop, de modo que as rádios rock não tocam nada que não seja o mais pesado no rock, e nas rádios de pop, se você é uma banda de rock, que toca guitarras, tem muitas chances de nem ser notado. O resultado é que você tem que lançar uma música bem pop para poder tocar nessas rádios pop, e outra bem pesada ser tocado na rádio rock. Não dá para termos um “crossover” nos dias de hoje. Estivemos muito bem por muito tempo, com muitos rockões e músicas que as pessoas realmente cantam, com grandes melodias e boas letras, um tipo de música que parece que é feita para qualquer tipo de pessoa. Essas músicas foram muito bem nas rádios dos Estados Unidos e Canadá, e elas iam para as rádios pop também. Mas, agora, não funciona mais assim. Por isso lançamos tantos singles em um período de tempo curto.

O simpático Mike Kroeger em ação, em 2009

O simpático Mike Kroeger em ação, em 2009

REG: Mas uma banda de rock pode fazer uma música colante e soar pop sem deixar de ter o peso do rock…

Mike: Sempre seremos uma banda de rock, mas nem sempre iremos soar pop a ponto de nos encaixarmos no formato pop. Não temos como usar truques como fazem artistas como Lady Gaga, por exemplo. Não soaria verdadeiro. Somos uma banda de rock e está muito difícil de converter o rock num formato pop hoje em dia, como já fizemos na nossa trajetória.

REG: Na verdade, a julgar pelo disco novo, vocês estão soando bem mais pesado que antes. A coisa está mais para hard rock do que para o post grunge…

Mike: Fico feliz que você diga isso. Ao longo dos anos nós meio que desenvolvemos o que fazemos. Na verdade nos consideramos uma banda de hard rock desde o iniciozinho, e fico satisfeito de você reconhecer isso no disco novo.

REG: As faixas “This Means War” e “Bottoms Up”, por exemplo, são bem pesadas. Ao compor, vocês partem do pressuposto que essa ou aquela música terá mais peso que as demais?

Mike: As coisas vão se transformando no que são. A gente só segue o que a música pede. Nesse álbum o Chad (Kroeger, vocalista e guitarrista) realmente estava com algumas intenções. Nós sempre refletimos o que ele pensa em fazer, ele é que compõe quase todas as músicas. Ele estava definitivamente com grandes riffs na cabeça e volta e meia comentava que queria ter um baixo dobrado numa música, mais guitarras em outra, que queria um disco bem pesado. É claro que um disco, como um todo, não pode ser assim, é preciso uma gama de canções. Acho que havia, sim, certas intenções, de por mais guitarras, ainda mais nessas músicas com riffs bem marcantes, que pediam isso, como eu disse.

REG: Vocês produziram o disco, né?

Mike: Sim, tivemos nossos amigos Joe Moy e Brian Howes, os dois nos ajudaram, mas a produção foi feita por nós mesmos.

REG: Às vezes é uma questão da produção dar uma sonoridade mais pesada ao disco…

Mike: Pode ser. Mas chegamos com algumas músicas, um material que tinha que ser forte. Não tinha como tirar o peso, independente de ser nessa ou aquela faixa, na hora de produzir, era o que as músicas estavam pedindo. Quando você escuta o riff que abre “This Means War”, fica óbvio que essa música será pesada. E também somos headbangers do fundo do nosso coração (risos), adoramos tocar pesado, adoramos fazer nossa música soar pesada. Mas há músicas que são o que são, como “Lullaby”, por exemplo, e é preciso fazer algo especial para uma música como essa.

REG: Em cada disco do Nickelback tem uma balada colante, isso é algo obrigatório na banda?

Mike: Sei lá, o Chad é que aparece com isso e é algo que ele gosta de fazer. O pessoal gosta, é o que parece pelo sucesso que nossas baladas fazem. É legal ter algo assim no disco para quebrar um pouco o peso de outras músicas, faz um contraponto.

REG: Vocês já definiram qual será o novo single?

Mike: Em qual o single vocês estão aí no Brasil?

REG: Pela internet o novo para nós é “Lullaby”…

Mike: Ainda não definimos o novo single, vamos ver como as coisas funcionam na turnê.

REG: Não sei se você se interou, mas o que acha daquilo que os caras do Black Keys disseram sobre o Nickelback?

Mike: Eu ouvi alguma coisa sobe isso e fui me informar, mas acho que eles foram entrevistados num dia ruim, num momento ruim naquele dia.

REG: Eles culparam vocês para o que eles chamam de “morte do rock”…

Mike: Como eu disse, acho que eles se arrependeram, deviam estar num dia ruim.

REG: Você acha que o Nickelback é o tipo de banda “ame ou odeie”, como o Rush, por exemplo?

Mike: É, parece que somos esse tipo de banda que as pessoas amam ou odeiam. Graças a Deus existem muitos que nos amam. Não sou um grande fã do Rush, nosso baterista, Daniel (Adair) é que é. Como baixista eu deveria ser mais fã deles, mas nunca me atraiu, embora eu também não odeie.

REG: Em geral bateristas e baixistas sempre adoram o Rush. Algum plano de tocar no Brasil?

Mike: Absolutamente, nós estaremos no Brasil em 2013. Devemos marcar tudo até o final deste ano, que vamos fechar tocando na Austrália, Nova Zelândia, Japão e, talvez China ou algum outro lugar. Mas depois, em 2013, vamos tocar aí. Onde você está, no Rio?

REG: Sim, no Rio.

Mike: Aí, sim! Eu adoraria ir ao Rio, já ouvi falar muito da praia de Copacabana e quero ver de perto.

REG: Você tem idéia das datas, se é no primeiro ou segundo semestre…

Mike: Honestamente ainda não sabemos exatamente em que parte do ano a turnê vai acontecer. Ainda não estamos nesse nível de detalhamento nos nossos planos.

A A banda está planejando estender a turnê mundial do novo álbum até o Brasil, mas só no ano que vem

A A banda está planejando estender a turnê mundial do novo álbum até o Brasil, mas só no ano que vem

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Comentários enviados

Existem 8 comentários nesse texto.
  1. Juh em abril 6, 2012 às 21:19
    #1

    Mal posso esperar para eles tocarem aqui! Já está mais que na hora!!! A esperança é a última que morre. Notícia preciosa! =) Melhor banda do mundooooo!

  2. Joe em abril 13, 2012 às 9:17
    #2

    Banda lixo cheia de baladinhas mela-cueca.

  3. Juh em abril 13, 2012 às 15:02
    #3

    As pessoas amam julgar as coisas sem realmente conhecer a fundo sobre o que dizem! Duvido que este indivíduo da infeliz frase na acima sequer ouviu todo o CD e suas discografias anteriores! Qualidade, eles têm de sobra!

  4. Victor em abril 17, 2012 às 1:04
    #4

    Adoro o rock deles, “Here and Now” ficou ótimo, embora eu não goste tanto das músicas “lentas” do álbum! Mas realmente, qualidade tem muuito. This Means war, Bottoms Up e Midnight Queen ficaram loucas demais! Em minha opinão, o primeiro passo para ser músico é “respeitar todos os estilos”. Portanto, esses caras do Black Keys são de músicos ruins! Não podem falar isso de banda nenhuma! Se o mundo acabar em dezembro, eu vou chegar no céu e falar um monte pra todo mundo! haha Deixa pra acabar no final de 2013! haha

  5. david em maio 15, 2012 às 23:49
    #5

    Quem sabe eles podem tocar no rock in rio 2013, ia ser demais!

  6. Tais em junho 17, 2012 às 22:01
    #6

    M minha presença está confirmada! Mal posso esperar para ir ao show! Amo demais.

  7. Eriana M em setembro 28, 2012 às 15:26
    #7

    Nickelback ♥ Mike super simpático :D

  8. Thais em outubro 19, 2012 às 14:09
    #8

    Realmente a esperança é a última que morre. Espero eles a muito tempo rs. Nada explica minha felicidade agora rsrsrs.

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