Fazendo História

Super Furry Animals finaliza novo disco no Rio e cai no funk

Matéria com o líder do grupo, Guff Rhys, para a edição 81 da Dynamite, de março de 2005. O grupo estava no Rio gravando o disco “Love Kraft”, lançado depois de o texto ser publicado. Foto: Marcos Bragatto.

gruffrhys03No final do ano passado, quem circulou pela noite carioca acabou se esbarrando com cinco galeses nem um pouco estranhos, ao menos para quem está por dentro do mundo do rock ou foi ao TIM Festival de 2003. É que os integrantes do Super Furry Animals foram trazidos pelo produtor Mario Caldato para fazer a mixagem do próximo álbum da banda, nos estúdios AR, onde já gravaram Sepultura e Raimundos, entre outros.

Num intervalo entre uma e outra mixagem, batemos um papo com o guitarrista e vocalista Gruff Rhys. “Estamos aqui há três semanas, viemos todos porque sempre fazemos tudo juntos. E o custo saiu quase o mesmo, caso fizéssemos a mixagem na Europa”, explica Gruff. Ele disse ter gostado da atmosfera brasileira, quando a banda tocou no TIM Festival. O disco, cujo nome e detalhes ainda são segredo, foi gravado na Catalunha. “Está bem exótico esse disco. Gales, Catalunha, Brasil. A Catalunha é interessante porque eles falam uma língua minoritária na Europa, e que, assim como o galês foi há muitos anos, é uma língua proibida”, disse o vocalista. A previsão de lançamento é para maio.

Há tempos a banda já queria trabalhar com Caldato, que tem no currículo discos de Planet Hemp, Beastie Boys e Beck. Depois de ter mixado “Phantom Power” (disco dos Furry de 2003), ficou combinado que ele produziria este novo disco. A única coisa que o grupo revelou é que eles gravaram o som de uma cigarra, para incluir em uma das faixas. Mas Mario Caldato entregou mais: “O disco é parecido com o anterior, só que mais acústico em algumas coisas. Mas ainda tem o som do Super Furry. Como as músicas já estavam gravadas, não deve ter nada de coisas que eles aprenderam aqui”, disse o produtor. Mas deve ter, sim, já que Gruff Rhys se diz fã de música brasileira: “O que conhecemos são coisas como a bossa nova e a tropicália. Da última vez compramos muitos vinis antigos, coisa da tropicália, de Caetano e Gil”.

Atualmente, o vocalista faz shows para divulgar o primeiro disco solo, “Yr Atal Genhedlaeth” (algo como “geração gaguejante”, em galês). Também foi lançado, no início do ano, o disco da banda para a série “Under The Influence”, na qual o artista em questão regrava músicas que o influenciaram. Cada integrante fez uma lista com 25 músicas, até se chegar ao repertório final. Entre os que passaram na peneira estão Beach Boys (“Feel Flows”) e MC5 (“Kick Out The Jams”).

Os galeses aproveitaram para dar as caras em vários points da cidade. Foram vistos no show de Mr. Catra (ícone do funk carioca), em plena Vila Mimosa, o prostíbulo mais antigo e tradicional do Rio. Para Gruff Rhys, “todo show foi uma grande experiência. Éramos como crianças lá, não sabíamos exatamente o que se passava, mesmo com pessoas traduzindo algumas partes das músicas. É o tipo de coisa que eu nunca vou esquecer”.

Numa outra noite, a banda foi vista no show do Acabou La Tequila e de Diego Medina, na Casa da Matriz, local frequentado pelo público indie, para a surpresa dos que estavam lá. Que o diga o DJ Zé, produtor dos shows, ao ver, na lista de convidados, “Gruff + 8”. E isso sem contar o Flamengo x Botafogo, o clássico do rebaixamento, no Maracanã, que não saiu do zero a zero. Gruff saiu sem entender porque o País de Gales nunca mais foi a uma Copa do Mundo depois de perder de um a zero para o Brasil – gol de Pelé – em 1958.

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