No Mundo do Rock

Inocentes celebra 30 anos em show no Rio

Em meio a relançamentos de álbuns clássicos e como tema de documentário, grupo volta a tocar na cidade depois de longa ausência. Foto: Divulgação.

inocentes2Com 30 anos de história no punk rock nacional, o Inocentes volta ao Rio depois de um logo período de ausência. O grupo é a atração principal da festa A Grande Roubada, que acontece nesta quinta, no Teatro Odisseia, e da qual ainda participam os grupos locais De’La Roque e Beach Combers - veja os detalhes aqui. E o momento não podia ser melhor. O grupo teve os primeiros álbuns relançados, três pela Warner e um pela independente Nada Nada Discos, e é tema de um documentário dirigido por Carol Thomé e Duca Mendes, que está circulando no circuito de festivais.

Fomos saber do Clemente, eterno líder da banda, sobre as músicas que ele pretende tocar na quinta, e as últimas novidades do Inocentes, que tem na formação atual, além do próprio vocalista/guitarrista, Ronaldo Passos (guitarra), Anselmo Monstro (baixo) e Nonô Signoretti (bateria). De quebra, Clemente falou do show que a Plebe Rude (banda que integra desde 2004) faz no Lollapalooza e do legado do Cólera, após a perda do líder do grupo, Redson. Confira:

Rock em Geral: Como vai ser o show de vocês no Rio?

Clemente: Esse show no Rio é especial, faz tempo que não tocamos aí e como é um show de comemoração dos 30 anos da banda, vamos abrir o baú por baixo, tocar aqueles hardcores antigos e lado B, e aquelas da época de Warner. E, é claro, os “neo-hits” como “Cala Boca” e “Nada de Novo no Front”, pois a banda nunca parou e continuou produzindo. Uma que virou um clássico é a música “Franzino Costela” que na verdade é um cover da banda carioca Sex Noise. Acho que ficamos uma hora e pouco no palco. Tocamos com energia e somos da terceira idade do rock, né? Não dá para ficar muito tempo nesse ritmo.

REG: Recentemente a Warner lançou os três primeiros discos do Inocentes pela gravadora. Você participou desse processo?

Clemente: Eu dei início a esse processo. Estava aqui tranquilo no Showlivre (site onde trabalha) pensando: poxa, 30 anos de Inocentes, 25 anos do lançamento do “Pânico em SP”, bem que a Warner podia fazer alguma coisa. Aí entrei em contato e tudo aconteceu. Além disso, a Nada Nada Discos está lançando no primeiro EP em vinil, o “Miséria e Fome”, no Brasil e na Europa. O bom de ficar velho é isso, você vira cult! Mas imagine. As gravadoras gringas vivem de catálogo; no Brasil, não temos essa cultura. O que aconteceu com a Warner foi um passo enorme, esses discos nunca deveriam sair de catálogo, não custam nada, só prensar uma cota e esperar vender.

REG: No disco “Pânico em SP”, que era na verdade um EP, foram incluídos faixas extras gravadas recentemente. São músicas realmente novas/recentes? Fale como elas foram compostas e gravadas:

Clemente: Estávamos preparando um EP em vinil com inéditas, já tínhamos composto quatro faixas, quando surgiu a ideia de reedição do “Pânico em SP” e dei essa sugestão de ter as músicas novas. Como tínhamos apenas quatro músicas, surgiu a ideia das versões que no caso de “A Face de Deus”, atualizou a música. E são versões que fazíamos ao vivo, então são quatro inéditas e duas regravações. E fomos nós mesmos que produzimos no estúdio Nimbus, não tivemos nenhuma interferência da Warner. As fotos atuais são nossas, ou seja, foi uma verdadeira parceria entre a banda e a gravadora.

REG: Vocês estão gravando um álbum de inéditas, certo? Ele inclui essas seis da edição especial do “Pânico em SP” ou são realmente inéditas?

Clemente: Esse álbum de inéditas ficou em suspenso. Essas músicas eram para esse álbum novo e acabamos fazendo esse projeto. Agora precisamos repensar o que vamos fazer, de repente um EP, ninguém ouve mais um álbum completo.

REG: A quantas anda o documentário de 30 anos do Inocentes? É filme para exibição em cinemas?

Clemente: O documentário estreou em no Indie festival, em Belo Horizonte, e em São Paulo. Como é um curta-metragem, é apenas para exibição em mostras. Está cotado para o In Edit do ano que vem. Os diretores são Carol Thomé e Duca Mendes, e eles planejam levar o documentário para os festivais na Europa.

REG: A perda do Redson, recentemente, foi um grande baque para todos. Há alguma ideia em andamento, que você esteja participando, para manter o legado dele?

Clemente: Poxa, foi uma perda gigantesca. Conheci o Redson em 1979, e o primeiro show do Cólera foi na escola em que eu estudava. Nós os convidamos para participar, são muitos anos de amizade, tínhamos um projeto juntos chamado Combat Rock, onde tocávamos The Clash. O que mais me tocou é que falei com ele por telefone e ele iria participar do nosso show em Brasília, no festival Mundano. Mas é isso, né? Para morrer basta estar vivo, e vamos em frente, mas é muito triste. Dia 15 de novembro teve um show bem bacana em homenagem a ele no Hangar 110, organizado pelos membros remanescentes da banda, todo mundo participou. Eu, João Gordo, 365, Jão, guitarrista do Ratos… Foi emocionante. E com o Redson se vai o Cólera que era uma grande banda, espero que eles continuem com outro vocalista/guitarrista.

REG: Com a Plebe Rude você vai tocar no Lollapalooza. Está animado com o festival? Como viu a passagem do Perry Farrell pelo Brasil e a polêmica com o Lobão?

Clemente: Estamos bem animados, achamos bem interessante o line-up do festival. Bandas de estrada e que enchem os locais por onde passam, sem lobby de gravadoras, acho que vai ser uma experiência inédita no Brasil. Quanto ao Perry e ao Lobão, achei engraçado, e o conselho do Perry para o Lobão foi hilário. Eu ainda não faço ideia do horário em que vamos tocar, mas faz tempo que assim, né? Desde o Rock In Rio. Somos profissionais vamos lá e fazemos nossa parte.

Clique aqui para concorrer a ingressos para o show do Inocentes no Rio.

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado