Fazendo História

Aula de metal

Em show retrospectivo, Judas Priest explica a trajetória do gênero que ajudou a criar; Whitesnake sucumbe ao desgaste vocal de David Coverdale. Publicado na Billboard número 24, de outubro de 2010. Foto: Luciano Oliveira.

judas11rioEra para ser a turnê de despedida do Judas Priest, mas a troca do guitarrista fundador KK Downing pelo jovem Ritchie Faulkner deu novas cores à banda, que promete um novo álbum, com sonoridade “retrô”. Nessa “Epitaph Tour”, o vocalista Rob Halford usa o telão para explicar ao público cada fase do heavy metal, a partir das imagens das capas dos álbuns do grupo. “Hoje existem vários tipos de metal, mas quando essa música foi lançada, era só o nosso tipo, o metal clássico”, diz Halford antes de iniciar a cadenciada e pesada “Beyond The Realms Of Death”, lançada em 1978 no álbum “Stained Class”, um dos pontos altos da noite. Em “Diamonds And Rust”, clássico de Joan Baez devidamente metalizado no “Judas style”, a platéia mostra o que o heavy metal tem de melhor: braços erguidos em coreografia ensaiada com o bater de cabeça que batiza o púbico headbanger.

O show é mesmo clássico, com uma produção de palco cheia de fumaça e pirotecnia, os integrantes vestidos de couro por todos os lados e Halford trocando a indumentária cravejada de prata a cada música. A intenção de mostrar músicas de todas as fases não tira a força de clássicos como “Breaking The Law”, no qual o vocalista deixa o público cantar sozinho, e, mesmo com um som de zumbir ouvidos na manhã seguinte, as quase sete mil vozes respondem como se fosse tudo ensaiadinho. Ou “Painkiller”, que encerra a primeira parte do show em meio a rodas de pogo no meio do salão. A tradicional entrada da moto, pilotada por Halford, acontece no bis, em “You’ve Got Another Thing Comin’” – no show de Brasília o vocalista caiu, com moto e tudo, mas se levantou e seguiu cantando sem perder a pose – e o final é com “Living After Midnight”, com o Metal God dançando em ritmo de discoteca. Dá pra acreditar?

Na abertura, o Whitesnake faz o que pôde por conta da combalida voz de David Coverdale. Ele tenta vencer a rouquidão, mas não consegue e acaba comprometendo hits sagrados como “Love Ain’t No Stranger” e “Here I Go Again”. Diferentemente do Judas, o grupo, formado por músicos cascudos do hard rock americano, tem músicas novas para mostrar, do bom álbum “Forevermore”, lançado este ano. A faixa-título, balada exemplar, é a melhor delas, mas o público enlouquece mesmo é no final, quando “Burn”, dos tempos do velho Purple, é cantada no talo por todo mundo. Nessa toada, o Whitesnake vai acabar se transformando em banda de estúdio, onde a voz de Coverdale – aí sim – sai redondinha. Ao vivo, foi atropelado pelo Judas.

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Nelson Toledo em dezembro 30, 2011 às 13:01
    #1

    O show do Judas foi inesquecível. Já o do Whitesnake foi um show pra se esquecer. Ver o microfone do Coverdale cantar “sozinho” foi uma grande decepção.

  2. GABRIEL ALFIO TOMASELLI em janeiro 10, 2012 às 8:42
    #2

    Sou vocalista dos bons (Crystal Pie Band). O Coverdale está completando tour com quase 90 shows. Falar que está com a voz combalida é opinião de quem entende de axé! Not! Cantar “Burn” no final é para poucos! Incoerente o comentário! Coverdale é o melhor hard de todos os tempos!

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