Almas gêmeas do esporro
Sonic Youth ignora boatos de separação, transforma barulho em arte e encanta plateia diversificada do SWU. Fotos Divulgação: Caroline Bittencourt (1, 3 e 4) e Marcos Hermes (2).
Porque o Sonic Youth está longe de ser uma unanimidade, mas há poucos que não se envolvem num show do grupo no meio de um festival; não há como não se divertir com eles, mesmo que seja de longe ou em busca de um hambúrguer ou de uma cerveja para aplacar a fome ao entardecer. É por isso que o telão é ligado só em “Mote”, quando a noite cai. Nela Moore começa a maltratar a guitarras pra valer, chegando a deixá-las largadas no piso para que um roadie venha socorrer. Não é à toa que as guitarras deles são detonadas, mas ele não larga o osso. Assim como as do grisalho Ranaldo, que canta nessa música. Moore esfrega a guitarra nos amplificadores e no piso, depois a coloca sobre a câmera, que joga a imagem nos telões. Kim Gordon também maltrata o baixo e a vida segue.
Mesmo porque o bicho pegar mesmo é no final, com uma versão quilométrica para “Teen Age Riot”, encerrada com uma verdadeira curra ao vivo de Thurston Moore em sua guitarra. A coitada ainda leva uma surra de microfone. Lee Ranaldo, que antes, em “Flower”, usa uma chave de fenda presa entre as cordas, com se fosse o clássico cigarro de Jimmy Page, também faz das suas. Ele se junta a Morre para empunhar as duas guitarras num encerramento à Judas Priest de emocionar o mais incrédulo fã de Megadeth que estava na espreita para a apresentação seguinte e viu extraordinárias evoluções instrumentais, sob muito esporro.Debaixo dos cabelos desgrenhados, Thurston Moore está pra lá da Marrakesh. Antes, chegou a anunciar a música “Schizophrenia” como se chamasse “Sister”, na verdade o título do antológico álbum da qual a canção faz parte, lançado no final dos anos 80. Com a voz arrastada, ele faz as honras da casa: “É uma honra estar de volta aqui no Brasil, junto de novo com os irmãos e irmãs brasileiros”. Já a divorciada Kim Gordon deixa sua marca em “Drunken Butterfly”. O rodopio sem fim de menina faz seus cabelos, possivelmente aparados por ela mesma com tesoura cega, levitarem lindamente no palco do SWU. O público aplaude. Lembram do dilema apresentação homérica versus shows muito fracos? Dessa vez deu a primeira opção.
Set list completo:
1- Brave Men Run (In My Family)
2- Sacred Trickster
3- Calming the Snake
4- Mote
5- Cross The Breeze
6- Schizophrenia
7- Drunken Butterfly
8- Starfield Road
9- Flower
10- Sugar Kane
11- Teen Age Riot
Tags desse texto: Sonic Youth, SWU Music & Arts Festival
Sem palavras. Não é a toa que a banda tinha como fã ninguém menos do que Kurt Cobain. Tá explicado. Foda!
Queria muito ter ido. São fodas, todos o 5!
P.S: Faltou “Death Valley ‘96″ aí no setlist. A segunda música.
O show do Sonic Youth foi do caralho, do jeito que eu imagino o Sonic, muito barulho (no bom sentido, lógico)!
Segundo alguns fãs do Sonic Youth, o Thurston chama a Schizophrenia de Sister (essa não foi a única ocasião).