O Homem Baile

Em grande fase

Megadeth ignora escalação equivocada e mescla sucessos com músicas novas, num dos shows mais pesados do SWU. Fotos divulgação: Marcos Hermes (1, 2 e 4) e Pedro Carrilho (3).

Dave Mustaine comanda o Megadeth em mais uma apresentação no Brasil, prejudicada pelo festival

Dave Mustaine comanda o Megadeth em mais uma apresentação no Brasil, prejudicada pelo festival

Embora seja figura fácil no Brasil, é difícil acreditar que o Megadeth tenha sido escalado numa posição secundária na última segunda (14/11), no SWU. O grupo, quem mantém a carreira ativa há muitos anos, tocou cedo, no palco Consciência, um dos principais, antes até do Faith No More, cuja turnê revivalista já acabou há tempos - veja como foi. Para piorar, o tempo de apresentação, curto demais, com menos de uma hora, resultou num “compacto” com apenas 11 músicas. Muito pouco para uma banda que coleciona sucessos e lançou dois álbuns de inéditas nos últimos três anos, um melhor que o outro.

David Ellefson: o bom filho a casa torna

David Ellefson: o bom filho a casa torna

De “Th1rt3en”, o disco recém lançado, entraram duas porradas: a colante “Whose Life (Is It Anyways?)” e o primeiro single, “Public Enemy No. 1”. Na primeira, apesar do refrão chiclete, o público ficou imóvel, sem saber do que se tratava, e, na segunda, mais pesada e com um clipe rolando na web (assista aqui) foram poucos os que bateram cabeça. Entre elas, Dave Mustaine debulha a guitarra sem dó, em “Head Crusher”, do álbum anterior, “Endgame”, esta jamais conhecida do público. Nas três músicas – e em outras do repertório – Mustaine usa a guitarra flying V customizada com a capa do álbum “Rust In Peace”, fabricada especialmente para a turnê de 20 do disco, que passou pelo Brasil no ano passado – veja como foi. Prova de que o material novo tem mesmo uma sonoridade inspirada nos velhos tempos, só que com um violento up grade tecnológico, resultando em músicas agressivas no melhor estilo desenvolvido pelo Megadeth.

Ainda se recuperando de uma operação na coluna, o cinquentão Mustaine está em excelente fase. Reintegrou o baixista David Ellefson, com quem, inclusive tinha pendengas na justiça, e encerrou a antiga mágoa com os integrantes do Metallica, coisa que o incomodava bastante, ao participar da turnê Big Four, com os quatro grandes do thrash mundial, que incluem ainda Slayer e Anthrax. É o que dá certa tranquilidade para o Megadeth seguir em frente, lançando álbuns cada vez melhores sem deixar de lado fases que fizeram história.

Chris Broderick nem parece 'novo' na banda

Chris Broderick nem parece 'novo' na banda

Elas aparecem já na terceira música do set, a fantástica “Hangar 18”, um coletivo de solos e evoluções instrumentais de tirar o fôlego, que o público conhece, reverencia e cantarola nota por nota. Mustaine duela ferozmente com Chris Broderick, que está na banda há uns três anos, mas se adaptou rapidamente, a ponto de parecer um coadjuvante veterano. O público não se contém e dispara o coro de “Me-ga-death”, antes mesmo se “Symphony Of Destruction”, tradicionalmente onde de isso acontece, à custa da cadência e do peso do riff dessa música. Broderick é também quem cuida do solo principal dela, como se ainda estivesse provando para Mustaine e para os fãs que pode ocupar o lugar que já foi de Marty Friedman. As duas músicas são dois dos melhores momentos da noite.

Em “Sweating Bullets” o público dá show é com os braços erguidos, numa belíssima coreografia, e até a baba “A Toute Le Monde” – “vocês reconhecem?”, brinca Mustaine – cai bem num repertório necessariamente conciso, por força das circunstâncias. Em “Peace Sells”, a última do bis, a novidade é o mascote Vic Rattlehead, que aparece no palco em “carne e osso”, vestido à rigor. Salvo engano, foi a primeira aparição da sinistra figura em terras brasileiras. Não chega a ser um boneco de quatro metros como o Eddie, do Iron Maiden, mas tudo bem. No bis (a banda podia ter pulado a saída do palco e incluído mais uma música) a exibição de um símbolo vivo do thrash metal: “Holy Wars… The Punishment Due” é tocada com todo o peso, velocidade e perícia que o gênero consagrou. Um belo arremate para uma noite urgente em todos os sentidos.

Mustaine e a guitarra com a capa de 'Rust in Peace'

Mustaine e a guitarra com a capa de 'Rust in Peace'

Set list completo:

1- Trust
2- Wake Up Dead
3- Hangar 18
4- A Tout Le Monde
5- Whose Life (Is It Anyways?)
6- Head Crusher
7- Public Enemy No. 1
8- Sweating Bullets
9- Symphony of Destruction
10- Peace Sells
Bis
11- Holy Wars… The Punishment Due

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Vitor em novembro 20, 2011 às 17:16
    #1

    Repertório realmente pequeno, porém foi só porrada!

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