O Homem Baile

Ousada

No Rock In Rio, Pitty mantém repertório da turnê, mas agrada mesmo é com baladas que fizeram sucesso. Fotos divulgação: Fernando Schlaepfer (1) e Mauricio Santana (2 e 3)

Pitty segurou bem a onda no palco gigante do Rock In Rio; falou pouco e tocou muito

Pitty segurou bem a onda no palco gigante do Rock In Rio; falou pouco e tocou muito

Enquanto grande parte das bandas nacionais subiu no Palco Mundo, o principal do Rock In Rio, preocupada em incluir grandes sucessos para levantar a plateia, Pitty optou por manter, de certa forma, o repertório da atual turnê, incluindo até – loucura? - uma música inédita em disco. O raciocínio é lógico: se foi a sua música que a colocou ali, naquele palcão, de frente para o maior público para o qual já tocou, por que abrir mão justamente dela? E, ademais, são tantos os sucessos emplacados pela cantora e sua banda que é natural, inevitável, que eles apareçam em qualquer show.

Pitty se esgoela; cantar rock não é mole, não...

Pitty se esgoela; cantar rock não é mole, não...

Mas, no início, a escolha não pareceu se tão apropriada assim. A pesada “Anacrônico” não agradou ao público, que só deu sinal de vida na seguinte, “Admirável Chip Novo”, título do disco de estreia. Logo Pitty viu que não estava diante do seu quintal; havia gente ali de todas as origens, que nunca tinha visto um show dela. Poderia ser hora de tentar falar alguma coisa ou apelar para o vestibular para Freddie Mercury da vez, como outros mais experientes fizeram, mas o show segue fiel à sua vocação. “Comum de Dois”, se inédita em disco, é conhecida no meio virtual e, dançante, tenta transformar o Rock In Rio em baile, mostrando a nova fase de Pitty. Não consegue.

Curiosamente, o público vem abaixo quando Pitty vira o leme para as baladas. “Vamos tocar essa que o pessoal tem pedido muito”, anunciou, antes de começar “Equalize”, exilada já há tempos dos shows. E aí um mar de braços erguidos, girando de lado a outro, toma conta do público, e continua em “Na Sua Estante”, talvez o momento mais emocionante do show. Antes de iniciar “Pulsos”, Pitty ensaia uma rebolada, “pra manter a tradição das cantoras do festival”, diz. Por ter a trajetória sempre ligada ao rock e ao underground, pode tirar sarro das insossas divas rebolativas que se passam por cantoras na música pop atual dublando vozes em shows ao vivo. “Pulsos”, single isolado de um disco ao vivo, vem carregada de uma dramaticidade que ergue os braços do público em coreografia ensaiada, num dos grandes momentos da noite.

Pitty: curiosamente as baladas agradaram mais

Pitty: curiosamente as baladas agradaram mais

Aí o jogo já estava ganho. Bastou mandar “Me Adora”, uma das músicas mais colantes dos últimos tempos, e encerrar a festa com “Máscara”, o hit que colocou Pitty no mapa do rock nacional. A novidade foi a citação à “Smells Like a Teen Spirit”, numa homenagem aos 20 anos do álbum “Nevermind”, do Nirvana. Merecida, afinal, o disco e o grupo mudaram a cabeça de muita gente, incluindo a da pequerrucha que, hoje, está no comando.

Set list completo:

1- Anacrônico
2- Admirável Chip Novo
3- Semana Que Vem
4- Memórias
5- Fracasso
6- Se Você Pensa
7- Comum de Dois
8- Equalize
9- Na Sua Estante
10- Pulsos
11- Me Adora
12- Máscara

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Comentários enviados

Existem 14 comentários nesse texto.
  1. Renato em outubro 5, 2011 às 12:19
    #1

    Forçadaço esse lance de Pitty ser comando do rock hoje. Por isso que insistem em dizer que o cenário está decadente. Apresentação pífia, nem perto dos idosos Titãs, que hoje são bem mais light que antes.

  2. Bruno em outubro 5, 2011 às 13:06
    #2

    Não acho forçado destacar a Pitty no comando do rock nacional atual. Entre as atuais, com certeza a Pitty é a melhor! Lógico que Titãs e outras bandas mais antigas são muito boas, mas dos anos 2000, na grande mídia, Pitty, sem dúvidas, é a melhor. É só analisarmos as letras e as melodias dela que podemos ver um grande talento, e uma super capacidade de se expressar, sempre nos anseios do “rock protesto”, diferente do “rock romântico” que abala o cenário roqueiro no Brasil!

  3. Letícia Manhães em outubro 5, 2011 às 13:45
    #3

    Realmente, Pitty é o nome do rock nacional atual, é indiscutível! A banda tem peso, apresenta vocal (excelente) e ótimos instrumentistas! Só não concordo muito quando você diz que o repertório do show do Rock in Rio foi muito parecido com o da turnÊ atual. Discordo, pois ‘Anacrônico’, ‘Semana Que Vem’, ‘Memórias’, ‘Equalize’ e ‘Na Sua Estante’ quase não são tocadas, se não me engano. ‘A Trupe Delirante no Circo Voador’ passa por todas as músicas de ‘Chiaroscuro’, com exceção de ‘Sombra’. Ademais, adorei a matéria! É bom saber que ainda tempos excelentes bandas de rock no Brasil! Obs: Detonautas também fez um belo show!

  4. Renato em outubro 5, 2011 às 15:17
    #4

    Pelo amor, “rock protesto”? Quer ouvir protesto vai escutar Mukeka di Rato que é bem mais honesto. E aproveita faz uma busca no lugar onde há rock, realmente, o underground. Ela comanda o rock de grammys e multishows da vida. Também, era de se esperar isso de fã de Detonautas.

  5. Manuella em outubro 5, 2011 às 17:52
    #5

    Achei péssimo o show da Pitty. Sem energia e também é natural as pessoas babarem o saco dela. É a única na mídia. Com Rita era mesma coisa. Só quero ver quando aparecer outra roqueira…

  6. Caíque em outubro 5, 2011 às 22:57
    #6

    Foi um ótimo show, apesar de que em algumas músicas o público não estava junto. Normal. Pitty não fica mandando ninguém tirar o pé do chão, não; as coisas têm que acontecer naturalmente.
    Acho que Pitty representa o rock nacional atual. A letra de “Comum de dois” é fantástica.
    E Renato, eu curto Pitty e ouço Mukeka di Rato. Pare com essas generalizações. O som pode até ser diferente, mas as duas bandas têm ótimas composições.

  7. Renato em outubro 6, 2011 às 10:53
    #7

    Eu não disse que a Pitty tem composições ruins. Só não considero ela como comandante do rock nacional. Quando citei o MDR, usei para citar o tal rock protesto dito por comentários anteriores, como poderia ter usado outra banda do meio. Nem ousaria comparar, pois são estilos e realidades diferentes. E quem generaliza é povão que acha que tudo que tem guitarra é rock. Abraço.

  8. Cinthia Kariny em outubro 7, 2011 às 3:20
    #8

    Esse show foi um dos melhores que já vi ela fazer. Mandou bem, arrasou na escolha do repertório, e, ao contrário do que diziam os mente fechadas, não foi vaiada, e sim admirada! Adorei :)

  9. Rafaela Gontijo em outubro 7, 2011 às 23:58
    #9

    Ela não tava lá pra puxar saco de ninguém, mas pra fazer o show dela e agradar quem realmente queria ver a Pitty cantar :) Pitty é muito foda e isso basta!

  10. gabriel em outubro 22, 2011 às 20:39
    #10

    O que gostei nesse show da Pitty foi justamente não apelar para grandes covers, e nem falar mal de políticos (é só falar isso em um show de rock que você conquista o público). Foi um show dela e a galera gostou. Me pergunto se tivesse feito grandes covers, ou frases prontas, se o show não seria melhor, mas, enfim, foi foda.

  11. Pedro Portilho em outubro 26, 2011 às 13:19
    #11

    O show da Pitty foi um dos mais verdadeiros e um dos melhores das bandas nacionais. E acredito que ela representa, sim, o rock nacional atual. Esse show do Rock In Rio foi um dos melhores que já vi, tanto que muitos fãs de System of a down e Guns N’Roses curtiram, apesar do gênero diferente. Estamos em 2011, e já tivemos representantes como Raul Seixas, Titãs, Paralamas de Sucesso, etc… Hoje temos Restart querendo ser “The Beatles”, se autodenominando rock, isso é uma vergonha.
    Pitty na grande mídia compõe músicas boas, canta bem e tem um show verdadeiro e muito Rock’n'roll, sem clichês forçados. Um artista com muito talento, por conta disso é a única banda brasileira a estar no CD em homenagem ao Nirvana, convidada para DVD de aniversário do Paralamas de Sucesso e elogiada pelos caras, que para mim são um dos grandes músicas vivos do Brasil. E ainda tem o Erasmo Carlos que se sentiu honrado com a versão de Pitty em “Se você pensa”, música dele e Roberto Carlos.

  12. Andressa Figueiredo em novembro 25, 2011 às 19:38
    #12

    Sou suspeita para falar, mas Pitty sem dúvida nenhuma arrasou em seu show, e representou bem o rock nacional. Orgulho eterno de ser fã dessa mulher guerreira, inteligente, linda e talentosa :)
    @AndreessaKeelly :D

  13. Renan em abril 7, 2014 às 20:41
    #13

    Pitty feito para vender? hahaha
    Jura? Pitty ganhou Grammys? Sério? Nunca ganhou, não. Foi indicada uma vez em 2007-2008 e nem ganhou.
    Quanta desinformação.
    Acho que tem gente que não entende que ganham essas premiações os artistas que tocam em veículos populares. E não quem é comercial ou não.
    E não acho que o trabalho dela é para vender.
    Eu acho que Pitty tem musicas tão boas como Paralamas e Titãs, sim. Até melhores.
    Só comparar “Admirável Chip Novo”, “Quem Vai Queimar”, “Todos Estão Mudos”, “Anacrônico” com “Ah Ah Uh Uh” do Titãs.
    Oras, estamos em 2000-2010 - não faz sentido ela ficar compondo músicas com os mesmos temas das músicas dele ou das coisas que aconteciam nos anos passados.

  14. Renan em abril 7, 2014 às 20:44
    #14

    Além disso as músicas dela tem Tom Jobin, Balzac, Hobbes, Edgar Alan Poe, e influência de ciências da natureza como “Malditos Cromossomos”. O peso da banda também é bom. Por outro lado, ela sabe compor baladas também. E convenhamos que baladas do rock bem feitas não é para qualquer um.

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