O Homem Baile

Intérprete

Rico em detalhes, Mondo Cane, de Mike Patton, faz concorrida apresentação no Rock In Rio. Fotos: Luciano Oliveira.

Descontração: integrante da Orquestra de Heliópolis se diverte com o 'intérprete' Mike Patton

Descontração: integrante da Orquestra de Heliópolis se diverte com o 'intérprete' Mike Patton

Por conta do carisma mostrado à frente do Faith No More, Mike Patton tem recebido sucessivas cartas assinadas em branco pelos fãs ao longo dos anos para fazer o que bem entender. Daí o intrépido vocalista desandou a tirar do bolso projetos de gosto duvidoso que transformaram adjetivos pejorativos em coisa boa. Chamar um deles de “bizarro”, por exemplo, é elogio. Não é o caso do Mondo Cane, no qual Patton se traveste de crooner italiano canastrão para cantar uma coleção de músicas das décadas de 50 e 60, naturalmente, bregas. Patton foge do estereótipo batido de Renato Russo e Jerry Adriani porque sabe como enriquecer o projeto.

Uma pena que a Orquestra de Heliópolis não tenha entendido o clima de “pompa e circunstância” estabelecido pelo intérprete Patton e sua banda. Enquanto os músicos da extensa formação do cantor aparecem trajados para um recital, nossa orquestra usa camisas da seleção brasileira. Não admira caso se confirme que foi o próprio Patton (ou o regente que o acompanha, tremendo fanfarrão) a escolher o traje dos meninos. Estes se divertiram um bocado, durante os cerca de 30 minutos em que aguardavam a montagem do palco, tirando fotos e acenando para conhecidos na plateia. O show começou com um atraso de quase duas horas, quando a primeira banda do Palco Mundo, o NX Zero, já se despedia.

Patton roda manivela em uma das músicas

Patton roda manivela em uma das músicas

O show é rico em detalhes, já na formação de palco. Fora a orquestra, Patton trouxe músicos de outro projeto, o Mr. Bungle, o regente e três vocalistas, “importadas da Sicília”. Há percussão, contrabaixo acústico, theremin, violino… tantos detalhes que nem é possível ouvir tudo no problemático Palco Sunset. No meio do palco, afastado da beirada para não ser flagrado pelos fotógrafos (chegou a dar um empurrão num operador de câmera que ousou se aproximar) Patton acompanha as letras das músicas num púlpito. Ele troca poucas palavras com o público: “Rock in Rio? Rock in… São Paulo? Rock in… Heliópolis?”. Como intérprete, se sai muito bem, ainda mais quando o andamento da música pede e ele pode sair um pouco do climão retrô para exibir suas próprias vocações.

Incentivados pelo regente, os integrantes da orquestra acompanham o ritmo das músicas fazem coro ou coreografias de gosto duvidoso. No fim, Patton também se veste com a amarelinha, presente da orquestra. Dependendo da força da música, o vocalista, por vezes, se esquece que é crooner para voltar a ser o vocalista do Faith No More, quando anda de um lado para o outro e até se agacha, em trejeitos que o consagraram. É nessas horas que surgem, em vão, gritos de “Faith No More!”. A noite era para ser mesmo contemplativa, e, no frigir dos ovos, o intimismo do Mondo Cane, ainda que à céu aberto, funcionou.

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. andre em setembro 30, 2011 às 14:24
    #1

    Esse e o Sepultura foram os melhores shows do Palco Sunset!

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