Acerto de contas
Red Hot Chili Peppers desfaz impressão ruim deixada há dez anos com excelente apresentação no sábado do Rock In Rio. Fotos: Luciano Oliveira (1) e divugação: Fulvio Maia (2), Glaucio Burle (3) e Raul Aragão (4).
E não deu. “O quer tá rolando, Rio?”, perguntou o saltitante Kieds, antes de “Otherside”, o primeiro de muitos hits. Há quem reclame da saída do guitarrista John Frusciante, mas, no palco, Josh Klinghoffer, seu substituto, é muito melhor: duela com Flea, perseguindo o baixista em cada nota, em “Charlie”; e sola feito louco em “Me & My Friends” e “Look Around”, só para citar algumas. As músicas do novo álbum – cinco no total – funcionam bem, e é aí que entra o novo personagem da banda, o percussionista brasileiro Mauro Refosco, apontado como o “quinto Pepper” nas gravações do novo álbum. Se não foi o catarinense a apresentar a música paraense aos Peppers, alguém o fez, porque é impossível não perceber as referências à guitarrada em “Did I Let You Know”, que também tem a cadência do norte do País, evidenciada pela inclusão do saxofone.
Refosco atua em quase todas as músicas e a sua contribuição pode, sim, ser apontada como uma das mudanças no som do Red Hot. Não é verdade que o grupo vem se repetindo a cada álbum, embora conheça os calcanhares de Aquiles do mercado musical e saiba explorá-lo muito bem, recriando temas de fácil aceitação. É só perceber como “Factory Of Fate”, que tem a melhor linha de baixo do novo álbum, contagiou a platéia, mesmo sem que muitos ali tivessem contato com as músicas novas. “Look Around”, com uma impressionante destreza vocal de Kieds, é outro destaque entre as novas. No single “The Adventures of Rain Dance Maggie”, o público canta como se a música fosse decana, e Flea – figuraça – se ajoelha no solo de Josh.Entre as músicas antigas, destaque para a excelente “Me & My Friends”, que de tão velha Flea diz que ela foi feita quando todos na platéia ainda “eram espermatozóides” (realmente poucos conhecem); os hits “Californication”, que deságua num funk rock dos bons, e “By The Way”, finalizada numa improvisação; e “Give It Away”, uma das melhores músicas em todos os tempos, que resultou numa espécie de ataque epilético no baixista e arrematou uma noite memorável. Que cabeça quebrada, que nada.
Set list completo:
1- Monarchy of Roses
2- Can’t Stop
3- Charlie
4- Otherside
5- Look Around
6- Dani California
7- Under The Bridge
8- Factory of Faith
9- Throw Away Your Television
10- Pea
11- The Adventures of Rain Dance Maggie
12- Me & My Friends
13- Did I Let You Know
14- Higher Ground
15- Californication
16- By The Way
Bis
17-Solo de bateria e percussão
18- Around The World
19- Blood Sugar Sex Magik
20- Give It Away
Saiba mais:
Tags desse texto: Red Hot Chili Peppers, Rock In Rio
Sem dúvida esse site perdeu toda a credibilidade comigo e com os fãs mais antigos do RSCP. Dizer que Josh é bem melhor que Frusciante é realmente bizarro, basta comparar o solo antes de Californication do Josh com o de John em qualquer show e perceber que Frusciante tem bem mais técnica, classe e muito mais entrosamento com os outros membros da banda, principalmente como baixista Flea, que declarou pensar todos os dias em Frusciante, imaginando seu retorno aos Peppers.
É extremamente injusto comparar entrosamento e química - Frusciante lançou cinco discos e fez várias turnês pelo mundo com a banda, enquanto Josh lançou um e está em sua primeira, mas vem melhorando muito a cada show, já achou seu espaço e possui um potencial enorme. Esse show foi muito bom, também sou fã de longa data dos Peppers e fiquei muito feliz em vê-los tão empolgados e felizes tocando em solo brasileiro.
Sem falar que Flea, Kiedis e Chad Smith estão musicalmente melhores do que nunca.