O Homem Baile

Acerto de contas

Red Hot Chili Peppers desfaz impressão ruim deixada há dez anos com excelente apresentação no sábado do Rock In Rio. Fotos: Luciano Oliveira (1) e divugação: Fulvio Maia (2), Glaucio Burle (3) e Raul Aragão (4).

Depois do susto, o vocalista Anthony Kieds mostrou que ele e o Red Hot continuam em boa forma

Depois do susto, o vocalista Anthony Kieds mostrou que ele e o Red Hot continuam em boa forma

O clima durante o dia era tenso no último sábado (24/9), com redes sociais garantindo que o vocalista Anthony Kieds havia se contundido surfando e que o show do Red Hot Chili Peppers, a primeira grande atração a se apresentar no Rock In Rio, não aconteceria. Tinha tudo para ser boato forte, mas até uma foto do moço, com a cabeça sangrando, apareceu na tela do computador. Já era madrugada e o último resquício de susto foi embora com o som galopante do baixista Flea, mandando “Monarchy Of Roses”, a primeira música do novo álbum, “I’m With You”. “Tudo bom?”, disse Kieds num mínimo intervalo para a segunda canção da noite. Sim, o Red Hot Chili Peppers estava de volta ao Rock In Rio.

Flea, com a camisa do Penta, e o batera Chad Smith

Flea, com a camisa do Penta, e o batera Chad Smith

E o retorno - sabem os fãs - era mais que necessário. Ocorre que, na edição de 2001, o grupo foi o encarregado de fechar a última noite do festival, para um público estimado em 220 mil pessoas, e sentiu o peso da camisa. A apresentação foi fraca, sem carisma, sem a pimenta que o grupo costuma colocar. Tanto que a turnê do ano seguinte, que passou por Rio e São Paulo, a coisa foi muito melhor. Como o futebol, o rock sempre oferece uma nova oportunidade, que, dessa vez, o Red Hot não poderia deixar escapar. Com um disco novo, uma banda renovada e, ainda, um punhado de hits mundiais, não tinha como dar errado.

E não deu. “O quer tá rolando, Rio?”, perguntou o saltitante Kieds, antes de “Otherside”, o primeiro de muitos hits. Há quem reclame da saída do guitarrista John Frusciante, mas, no palco, Josh Klinghoffer, seu substituto, é muito melhor: duela com Flea, perseguindo o baixista em cada nota, em “Charlie”; e sola feito louco em “Me & My Friends” e “Look Around”, só para citar algumas. As músicas do novo álbum – cinco no total – funcionam bem, e é aí que entra o novo personagem da banda, o percussionista brasileiro Mauro Refosco, apontado como o “quinto Pepper” nas gravações do novo álbum. Se não foi o catarinense a apresentar a música paraense aos Peppers, alguém o fez, porque é impossível não perceber as referências à guitarrada em “Did I Let You Know”, que também tem a cadência do norte do País, evidenciada pela inclusão do saxofone.

Josh Klinghoffer: bem melhor que John Frusciante

Josh Klinghoffer: bem melhor que John Frusciante

Refosco atua em quase todas as músicas e a sua contribuição pode, sim, ser apontada como uma das mudanças no som do Red Hot. Não é verdade que o grupo vem se repetindo a cada álbum, embora conheça os calcanhares de Aquiles do mercado musical e saiba explorá-lo muito bem, recriando temas de fácil aceitação. É só perceber como “Factory Of Fate”, que tem a melhor linha de baixo do novo álbum, contagiou a platéia, mesmo sem que muitos ali tivessem contato com as músicas novas. “Look Around”, com uma impressionante destreza vocal de Kieds, é outro destaque entre as novas. No single “The Adventures of Rain Dance Maggie”, o público canta como se a música fosse decana, e Flea – figuraça – se ajoelha no solo de Josh.

Entre as músicas antigas, destaque para a excelente “Me & My Friends”, que de tão velha Flea diz que ela foi feita quando todos na platéia ainda “eram espermatozóides” (realmente poucos conhecem); os hits “Californication”, que deságua num funk rock dos bons, e “By The Way”, finalizada numa improvisação; e “Give It Away”, uma das melhores músicas em todos os tempos, que resultou numa espécie de ataque epilético no baixista e arrematou uma noite memorável. Que cabeça quebrada, que nada.

Anthony Kieds, visto do palco, com a multidão de cerca de 100 mil pessoas que lotaram o sabadão

Anthony Kieds, visto do palco, com a multidão de cerca de 100 mil pessoas que lotaram o sabadão

Set list completo:

1- Monarchy of Roses
2- Can’t Stop
3- Charlie
4- Otherside
5- Look Around
6- Dani California
7- Under The Bridge
8- Factory of Faith
9- Throw Away Your Television
10- Pea
11- The Adventures of Rain Dance Maggie
12- Me & My Friends
13- Did I Let You Know
14- Higher Ground
15- Californication
16- By The Way
Bis
17-Solo de bateria e percussão
18- Around The World
19- Blood Sugar Sex Magik
20- Give It Away

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. alvaro em janeiro 14, 2012 às 21:03
    #1

    Sem dúvida esse site perdeu toda a credibilidade comigo e com os fãs mais antigos do RSCP. Dizer que Josh é bem melhor que Frusciante é realmente bizarro, basta comparar o solo antes de Californication do Josh com o de John em qualquer show e perceber que Frusciante tem bem mais técnica, classe e muito mais entrosamento com os outros membros da banda, principalmente como baixista Flea, que declarou pensar todos os dias em Frusciante, imaginando seu retorno aos Peppers.

  2. Marlon em janeiro 29, 2012 às 20:15
    #2

    É extremamente injusto comparar entrosamento e química - Frusciante lançou cinco discos e fez várias turnês pelo mundo com a banda, enquanto Josh lançou um e está em sua primeira, mas vem melhorando muito a cada show, já achou seu espaço e possui um potencial enorme. Esse show foi muito bom, também sou fã de longa data dos Peppers e fiquei muito feliz em vê-los tão empolgados e felizes tocando em solo brasileiro.

    Sem falar que Flea, Kiedis e Chad Smith estão musicalmente melhores do que nunca.

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