O Homem Baile

Insano

Nos braços do público, Slipknot mostra apresentação frenética marcada por espetáculo cênico, esporro e muita diversão. Fotos divulgação: Marco Terranova (1) e Marcelo Cortes (2).

Corey Taylor, o bate-bola from hell sem olho, comanda a fuzarca do Slipknot: insanidade pura

Corey Taylor, o bate-bola from hell sem olho, comanda a fuzarca do Slipknot: insanidade pura

A maioria absoluta do público que acompanhava com atenção o show do Slipknot, ontem, no Palco Mundo do Rock In Rio, era formada por fãs que nunca tinham visto o grupo ao vivo, embora ele tenha vindo ao Brasil em 2005, quando tocou em casas fechadas e - claro – de menor capacidade de público. A pesquisa foi feita por aclamação, sob o comando do vocalista do grupo, Corey Taylor, antes de “Spit It Out”, na parte final do show, que durou cerca de 1h15. Foi durante essa música que aconteceu o fato inusitado da apresentação. Em vez de pedir para todo mundo pular usando o típico brado “jump motherfucker!”, Taylor fez todas as 100 mil pessoas sentarem no gramado. Dá pra acreditar? Em se tratando de Slipknot, tudo é possível.

O show do Slipknot é essencialmente cênico, a começar pela indumentária do grupo, verdadeiras fantasias de bate-bola from hell que, ainda hoje, 16 anos após aparecer na cena da música pesada, continuam impactando. Mas não é só isso. Ainda durante “(sic)”, a hipnótica introdução, integrantes da banda começam a saltar sobre o público numa atitude de boas vindas. Como tem nove integrantes, há quem faça o serviço pesado, tocando metal extremo na maior parte do tempo, e para outros sobra a tarefa de fazer uma farra dos diabos. Logo em “Eyeless”, dá pra ver percussionistas montados num kit composto por tambores, bombonas e barris de chope, sendo erguido por um sistema pantográfico giratório.

Eles também “circulam” pelo meio do público e chegam a das moshs de cima da cobertura do abrigo da mesa do PA, bem no meio do público, numa cena de extraordinária interação. A platéia, com muitas máscaras iguais às do grupo, enlouquece: o telão mostra a abertura de até quatro rodas de pogo simultâneas, enquanto labaredas são cuspidas do palco para cima, em geral coincidindo com o início de versos do refrão – caso de “Before I Forget” e “Psychosocial”. O pequerrucho Corey Taylor, de cima de sua própria plataforma, comanda a fuzarca. “É uma noite especial que jamais esqueceremos”, ele diz, na parte final, enquanto faz a massa erguer os punhos, não cerrados, mas com o dedo médio ereto. É o maior público a história do Slipknot, ele admite.

Vista geral do palco no início do show: kit de percussão é erguido do lado direito e fogos explodem

Vista geral do palco no início do show: kit de percussão é erguido do lado direito e fogos explodem

Pode parecer clichê de show de rock, mas a apresentação tem um “quê” de emoção que pode até ter passado despercebido, no início, mas ficou latente no final. Os músicos se abraçam antes e depois do show, como se fazer a apresentação em si fosse um grande desafio. O ato revela a superação da perda do baixista Paul Gray, morto no ano passado por conta de uma overdose de remédios, e a dificuldade de subir no palco sem ele; o Slipknot ficou mais de um ano sem fazer shows e até hoje fala em encerrar s atividades, dada a dificuldade de tratar do assunto. No palco, o substituto Donnie Steele, que foi de uma das formações da banda no passado, dá conta do recado.

Fanfarronices à parte, o Slipknot é uma das poucas bandas arroladas no nu-metal americano que consegue se desprender do beco sem saída em que o gênero se meteu. Com bons músicos – sobretudo o baterista Joey Jordison e a dupla de guitarristas Jim Root e Mick Thomsom – o grupo deu e uma guinada que aproxima da música extrema, ao mesmo tempo em que flerta com refrões fáceis de cantar. É o que acontece, com um coro de 100 mil pessoas, em “Wait and Bleed”, com “vocais limpos”, e “Before I Forget”.

O repertório do show não é muito diferente das últimas apresentações da banda, embora duas músicas, “Left Behind” e “Only One”, tenham sido limadas do set list inicialmente apresentado. O show é basicamente o mesmo registrado no DVD “(sic)nesses”, lançado no ano passado, respeitados os limites de tempo de uma apresentação e festival. O grand finale é com “Surfacing”, quando a bateria se move pelo palco, girando, até ser inclinada 90 graus para a frente, sem que Jordison pare de sentar a mão, em meio a pirotecnia do palco, numas das cenas mais impactantes deste Rock In Rio. Numa palavra: insano.

Set list completo:

1- (sic)
2- Eyeless
3- Wait and Bleed
4- The Blister Exists
5- Liberate
6- Before I Forget
7- Pulse Of The Maggots
8- Disasterpiece
9- Psychosocial
10- The Heretic Anthem
11- Duality
12- Spit It Out
13- People = Shit
14- Surfacing

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Luan Dias Lima em setembro 28, 2011 às 10:38
    #1

    Olá… muito bom o que você escreveu. Eu estava lá e sei que foi tudo isso e um pouco mais! Show perfeito, fez todo mundo pular e se divertir.

  2. Fernando em outubro 6, 2011 às 11:44
    #2

    Parabens às postagens publicadas em seu site, na minha opinião o show do Slipknot foi o melhor do Rock in Rio seguindo de SOAD e depois o Metallica, mas eu sou um mero ouvinte e fã da banda o que deixa a minha opinião suspeita !! Mais uma vez parabens. @fernandorockmg

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