Som na Caixa

Iron Maiden

From Fear to Eternity
The Best Of 1990-2010
(EMI)

ironfromhere90-10Se há um grupo que não se cansa de faturar em cima de lançamentos de coisas antigas, esse grupo é o Iron Maiden. Mas fazer o que se os fãs respondem consumindo tudo que é colocado à venda? É essa a moral que o Maiden recebe para por no mercado uma nova coletânea, em CD duplo e com encarte caprichado com todas as letras – não é a toa que o público sempre canta tudo nos shows. Como diz o título, a compilação cobre desde o álbum “No Prayer For The Dying” (1990) até “The Final Frontier”, lançado no ano passado, totalizando oito lançamentos. Desconta-se aí a fase em que o vocalista Blaze Bayley substituiu Bruce Dickinson, representada por “The X-Factor” (1995) e “Vitual XI” (1998). As três músicas desse período aparecem em versões ao vivo, cantadas por Bruce.

Curiosamente são os álbuns “Dance Of Death” (2003) e “A Matter Of Life And Death” (2006) que têm o maior número de músicas contemplado no CD, quatro cada um – não são, positivamente, os melhores lançamentos do Iron Maiden nos últimos 20 anos. Talvez por isso mesmo o grupo queira dar uma nova oportunidade a músicas como “No More Lies” e a boa “Different World”, fugindo do padrão “maiores sucessos” que em geral as coletâneas assumem. Não há dúvidas que, entre as 23 músicas, o hit maior é “Fear Of The Dark”, aqui na versão ao vivo, gravada no Rock In Rio de 2001, que já faz arte do inconsciente coletivo de qualquer fã de rock. Mas “The Wicker Man”, o sensacional single que marcou o retorno de Bruce e Adrian Smith, a ótima “Be Quick Or Be Dead” e “Bring Your Daughter… to the Slaugther” estão entre as melhores.

Observa-se também, num apanhado como esse, como as músicas mais recentes são bem grandes, com ênfase no instrumental. Até o hábito que o grupo tinha de começar cada disco com uma faixa rápida e veloz foi deixado de lado no disco mais recente. “Satellite 15… The Final Frontier”, que não está nessa coletânea, quase supera os nove minutos. É o caso também de “When The Wild Wind Blows”, “For The Greater Good Of God” e até de “Dance Of Death”. É notável, também, num resumo que aparece nas páginas finais do encarte, a diferença de qualidade entre as duas fases do Iron Maiden. Com Bruce Dickinson, a pior posição do grupo na parada britânica foi um sétimo lugar; com Blaze Bayley, a melhor foi o oitavo.

Mais do que a reunião de boas músicas, uma coletânea como essa mostra que o Iron Maiden teve, sim, seus dias de glória nos anos 80, mas não passou os últimos 20 anos vivendo do passado, como muitos afirmam. O grupo deu a cara para bater com novos lançamentos, cujo supra sumo está aqui nesse CD duplo. Alguém duvida que vai vender feito água no deserto?

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. ALLAN em novembro 11, 2011 às 12:28
    #1

    Você disse que “Dance Of Death” (2003) e “A Matter Of Life And Death” (2006) não são, positivamente, os melhores lançamentos do Iron Maiden nos últimos 20 anos. Que isso mermão? Pelo menos em “Dance Of Death” a banda mostra músicas com características celtas e som pesadíssimo. A prova disso são as épicas “Paschendale” e “Dance Of Death”. O álbum ainda traz outra novidade, Nicko McBrain pela primeira vez participa da composição de uma música na banda: “New Frontier”. É só ver o show da turnê “Death On The Road” que foi lançado também, a galera cantando “No More Lies” em coro. É foda! Pra mim, um dos melhores álbuns do Iron. Abs

  2. Wesley Silas em maio 18, 2012 às 16:56
    #2

    “Dance of Death” recebeu algumas críticas não muito positivas em geral, mas com certeza está no mesmo nivel de lançamentos dos 80’s da banda. Talvez a diferença seja a época lançada e a maturidade intelectual e musical da banda que tenha pendido mais para o prog que para o heavy do começo da carreira. Mas nem Ramones, que dizem, fez o mesmo disco a vida inteira, fugiu à regra da evolução. Sem falar que “Dance.. ” grudou no meu cérebro e talvez dos discos da Donzela só perca em minhas audições para “Fear…”, que em minha opinião continua insuperável. UP THE IRONS!!

  3. gustavo em agosto 23, 2012 às 20:40
    #3

    Algumas bandas ficam tão grandes na vida dos fãs que os fãs parecem torcedores de futebol. Você não pode falar nada em contrário que vem logo um bando em defesa.

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