Fazendo História

Os dilemas da trincheira

Texto sobre o filme em “O resgate do soldado Ryan” publicado na Tribuna da Imprensa, em janeiro de 2003. Foto: Reprodução/internet.

soldadoryanNa cabeça de um soldado em combate em uma guerra devem passar várias dúvidas e questionamentos. Se minutos antes de morrer, dizem que o filme da vida passa na mente do ser humano, então um soldado nessas condições deve estar sempre vendo uma espécie de trailer. Esses questionamentos, entre outros mais práticos, estão em “O resgate do soldado Ryan” (Globo, 21h50), de Steven Spielberg, com Tom Hanks num dos papéis principais.

Os dois, além de inúmeras qualidades reconhecidas pela indústria cinematográfica, são também aficionados por guerras (como boa parte dos americanos), e aqui misturam todos os traumas de um ser humano em combate com as (reais?) necessidades da guerra. Num estilo documental e bastante realista, o filme começa com o considerado “dia D” para os americanos na Segunda Guerra Mundial, o dia em que os pelotões americanos saltam de para- quedas na Normandia, para iniciar um árduo combate às tropas alemães.

No longo começo, e até então nem se ouve falar no tal soldado Ryan, o Capitão John Miller (Hanks) tem a missão de cair com seu pelotão e enfrentar duramente os alemães, e bota duramente nisso. Em vários trechos, a câmara se arrasta junto com os soldados, recebe tiros e até respingos de sangue, em enquadramentos que mostram de muito perto os horrores de uma guerra.

Corta para Nova Iorque. Lá, as autoridades, ao receberem a informação de que dos quatro soldados da família Ryan, três morreram em combate, decidem resgatar o quarto soldado, ainda desaparecido, mas, acredita-se, vivo. A medida servirá como consolo para a família, além de o governo fazer um certo jogo de cena com a população. E é justamente a equipe do Capitão Miller, ou o que sobrou dela, que tem a incumbências de localizar e resgatar o soldado Ryan (Matt Demon) das mãos dos alemães.

A equipe é formada pelo capitão e por mais sete soldados, e todos passam o filme questionando o que há de especial num simples soldado, de modo a valer à pena arriscar a vida de oito, para se resgatar apenas um. Claro, entre eles, sempre tem os mais canalhas, os medrosos, os valentes, e assim por diante.

“O resgate do soldado Ryan” foi indicado para nada menos do que 11 Oscar, e venceu nas categorias melhor direção, filme, roteiro original e ator (Tom Hanks). O sucesso foi tão grande, que Spielberg e Hanks ainda trabalharam juntos na série para a TV “Band of brothers”, que contava justamente a história da “Easy company”, a equipes de soldados pára-quedistas que desceu no continente europeu no mesmo “dia D”, até o final da Segunda Guerra.

Também premiada, a série foi exibida no Brasil no ano passado, no Canal por assinatura HBO, em tem sido reprisada freqüentemente. Tanto o filme quanto a série valem, até mesmo para quem não gosta de filmes de guerra.

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