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Andre Matos finaliza turnê do segundo álbum e revive sucessos das bandas que liderou no metal nacional. Fotos: Luciano Oliveira.

Líder de bandas seminais para o metal nacional, Andre Matos voltou ao Rio em show da turnê solo

Líder de bandas seminais para o metal nacional, Andre Matos voltou ao Rio em show da turnê solo

Não há final de feriado que explique que só umas 300 pessoas tenham comparecido à Fundição progresso, ontem, no Rio, para ver o show da banda de Andre Matos. Um dos maiores nomes do metal nacional em todos os tempos, o vocalista merecia maior reconhecimento dos cariocas, mas, também, não se deixou abater. Fez o show competente de sempre, como se estivesse diante de um plateia de encher estádio. Foi, de acordo com Andre, o último show da turnê do álbum “Mentalize”, o segundo de sua carreira solo, depois de ter brilhado à frente de Viper, Shaaman e Angra – bandas que tiveram hits lembrados durante a noite.

Eloy Casagrande: técnica, agilidade e precisão

Eloy Casagrande: técnica, agilidade e precisão

Os quilinhos a mais de André não prejudicam sua performance vocal: o gogó de ouro está lá, com o alcance usual, do início ao fim das cerca de 1h40 que o set durou. Nem o trecho com um verso colado no outro de “Prelude to Oblivion”, do Viper, tirou o fôlego do moço. A música tem sido tocada como opção ao hino “Living For The Night”, que bem que poderia ter sido mantido no repertório. Em “Mentalize”, fica evidente como Andre tem usado a voz nos últimos tempos, muito mais equilibrada do que antes, quando os alcances mais altos eram o objetivo. Tocadas no mesmo show, as duas músicas, separadas por 20 anos, dão a medida da trajetória do músico, o “maestro do metal”, na apresentação do guitarrista Hugo Mariutti, já no final da noite.

Ele é remanescente do Shaaman, e comanda junto com André a banda formada por André Zaza Hernandes (na outra guitarra), Bruno Ladislau (baixo) e o excepcional Eloy Casagrande na bateria. Além de um solo matador em que mostra precisão e agilidade, surpreendendo com passagens de samba e jazz, o prodígio ainda se destaca por evoluções no meio das músicas. É o que acontece em “Rio”, que homenageia a Cidade Maravilhosa, e no final de “Separate Ways (Worlds Apart)”, sensacional cover do Journey – quem diria – cantado por todo o ralo púbico da Fundição. A música faz parte de “Time to be Free”, primeiro solo de André. Zaza Hernandes também tem seu momento solo, mas passa a maior parte do tempo indo de um lado a outro do palco, mais num exercício de entreter o público do que de solar pra valer. Um duelo entre ele e Mariutti (com um irreconhecível look Falcon/Oasis) daria um “up grade” substancial ao número.

Andre Matos e o discreto baixista Bruno Ladislau

Andre Matos e o discreto baixista Bruno Ladislau

A formação carece de um tecladista, já que nem mesmo André se envereda pelo instrumento, como fazia nas bandas que liderou. Por isso, passagens pré-gravadas são disparadas da mesa de som a todo o momento para completar o arranjo original das músicas. Às vezes, não compromete, mas em “Lisbon”, por exemplo, soa estranho. É curioso como, entretanto, a nova versão da música, hit com o Angra, ganha contornos bem mais ásperos e interessantes. Já “Holy Land”, que inicia o bis, tem arranjo abrasileirado demais e cruza caminho inverso. Mas a que mais causa comoção no público é “Carry On”, faixa que abre o primeiro álbum do Angra e determina de imediato a abertura de uma irresistível roda de pogo. “Pride”, do Shaaman, fecha a noite no gás, e a vontade que dá é de chegar logo em casa e colocar os discos antigos em que o vocalista cantou pra tocar.

A abertura ficou por conta da banda Empürios, cujo som circula por vários subgêneros do metal. A formação chama a atenção por conta da guitarrista Renata Decnop, já que não é muito comum mulheres tocarem guitarra, muito menos em bandas de metal. A irmã dela, Fernanda, é quem canta e impinge um diferencial para o grupo. Ela tem a companhia vocal do baixista Luiz Freitag, e a dobradinha remete aos primórdios dos vocais femininos no metal, quando a alternância entre vozes rasgadas com limpas era a tônica. O grupo tocou durante cerca de 40 minutos e foi muito bem recebido pelo público. Maduro no palco, precisa lançar logo o álbum de estreia.

A voz é a mesma, mas a silhueta... quanta diferença

A voz é a mesma, mas a silhueta... quanta diferença

Set list completo Andre Matos

1- Intro
2- Leading On
3- I Will Return
4- Rio
5- Mentalize
6- Innocence
7- Solo de guitarra
8- Separate Ways
9- Reason
10- Solo de bateria
11- The Myriad
12- Prelude to Oblivion
13- Lisbon
Bis
14- Holy Land
15- Carry On
16- Jam/Another One Bites The Dust
17- Pride

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Juliano em junho 28, 2011 às 0:07
    #1

    Não esperava um grande público nesse show, mas me assusta ver esses shows minguados no Rio. Não tem jeito, a cidade do Rock In Rio não tem um público cativo de rock. Desse jeito, teremos cada vez menos shows na cidade, que já perdeu vários shows para BH, Curitiba… esse mês rolou um cover de Iron Maiden formado só por mulheres (Iron Maidens) tocaram em Maceió, Salvador (!), SP… mas não vieram ao Rio. Lamentável!

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