O Homem Baile

O cara

Em plena forma, Alice Cooper faz retrospectiva da carreira e mostra música nova em espetáculo teatral que o consagra com referência ano após ano. Fotos: Luciano Oliveira.

Alice Cooper abre o show em grande estilo, com as garras de aranha à mostra e a tradicional maquiagem

Alice Cooper abre o show em grande estilo, com as garras de aranha à mostra e a tradicional maquiagem

Terminou ontem, no Rio, a mini turnê de Alice Cooper no Brasil. O veterano músico, de 63 anos, mostrou estar em plena forma em pouco mais de uma hora e meia de show. Show, não, espetáculo. Com cenário próprio, mudanças de figurino e personagens espalhados pelo palco – carrascos, repórter, punk bêbado – o show é um clássico da fusão de rock com teatro, só que trash, no estilo que consagrou Cooper ao longo dos anos e influencia meio mundo, dentro e fora do rock. Não é por acaso que Alice Cooper aparece, quando a cortina cai, em cima de uma torre de quatro metros de altura como se fosse uma arranha gigante, soltando faíscas pelas mãos.

Cooper e o guitarrisa Tommy Henrik se divertem

Cooper e o guitarrisa Tommy Henrik se divertem

O cenário da “No more Mr. Nice Guy - The Original Evil Returns” usa elementos da turnê anterior, do álbum “Along Came a Spider” (2008), com uma espécie de retrospectiva da carreira de Alice Cooper. Para os fãs brasileiros, que não viam um show de Tia Alice desde 1995, a solução foi mais que satisfatória; verdadeira dádiva. Na banda, três guitarristas inseridos no contexto (Tommy Henrik, Damon Johnson e o experiente Steve Hunter), dão o tom, junto com o carismático baixista Chuck Garrick (ex-Dio) e Glen Sobel, o baterista prodígio. Mas é Alice, fanfarrão nato, o centro das atenções. Ele tira sarro de políticos, das mulheres, de qualquer um que insista em oprimir e – claro – de si próprio. Não é à toa que carrega uma muleta na hora de bradar aos quatro ventos que tem 18 anos, em “I’m Eighteen” e distribui dinheiro espetado numa espada em “Billion Dollar Babies”.

Há quem aponte Alice Cooper como um ícone do hard rock, sobretudo àqueles que vibram com a fase dos álbuns “Trash”/“Hey Stoopid”, na virada dos 80 pros 90, impulsionados pela MTV. Mas o músico antecede até a história do rock, está na gênese de tudo, é o rock pesado antes dele próprio e sua marca permanece indelével no mundo da música. Imagine os caras pintadas do black metal; a bizarrice de Marilyn Manson; o Eddie, do Iron Maiden; e até o clipe de “Thriller”, do chamado “rei do pop”… pois está ali a sombra de Tia Alice. Estética e musicalmente, ele está entranhado em tudo e todos há mais de 40 anos, tendo a própria cabeça decepada noite após noite em cima do palco. Um verdadeiro ícone do imaginário coletivo do rock.

O guitarrista Damon Johnson e Alice, o fanfarrão

O guitarrista Damon Johnson e Alice, o fanfarrão

Assim, “Wicked Young Man” é puro Marilyn Manson; o cientista louco faz surgir um monstro de quarto metros de altura à Eddie, em – claro – “Feed My Frankstein”; e “Cold Ethyl” tem o célebre espancamento da moça pela qual Alice se apaixonara na balada “Only Women Bleed”, mas, frígida (é um cadáver), ela apanha sem dó. Convenhamos: é preciso ser muito Alice Cooper para, nessa idade, brincar de boneca no palco. Em meio a tanto material a ser mostrado, a banda se dá ao luxo de tocar uma música nova, anunciada com a frase “new song” impressa nas costas de uma das jaquetas que Alice traja. “I’ll Bite Your Face Off” tem bom riff e sotaque pop no mais estilo de Alice Cooper de fazer canções colantes e simboliza o bom entrosamento entre os músicos, que – diga-se – se divertem a valer. O próprio Alice é flagrado em meio a sorrisos de satisfação em várias músicas, e isso seguramente não é parte do script.

O público se esbalda com as mais conhecidas, caso dos hits “Poison”, “No More Mr. Nice Guy”, uma porrada na bondade piegas, e “Hey Stoopid”, que voltou a ser incluída nos shows depois de um tempão. O auge do espetáculo é mesmo o fim, com a decapitação de Alice, cuja cabeça é exibida pelo carrasco que ainda cospe sangue no público. A festa vem com os balões gigantes cheios de confete em “School’s Out”, com uma bem sacada citação de “Another Brick In The Wall”, do Pink Floyd. No bis, Tia Alice não foge do clichê de reaparecer com uma camisa oficial da seleção brasileira, mas ela vem por baixo do figurino de político, em “Elected”, e toda picotada, com o número 18, de “I’m Eighteen”. Depois de se mostrar influente para tudo e todos, ele faz reverência a uma das suas influências, com “Fire”, de Jimi Hendrix, amolecendo até o crítico que não tolera covers. Alice Cooper? Sim, ele pode.

Início assustador: no topo de uma plataforma, a aranha Alice Cooper solta faíscas pelas duas mãos

Início assustador: no topo de uma plataforma, a aranha Alice Cooper solta faíscas pelas duas mãos

Se list completo:

1- The Black Widow
2- Brutal Planet
3- I’m Eighteen
4- Under My Wheels
5- Billion Dollar Babies
6- No More Mr. Nice Guy
7- Hey Stoopid
8- Is It My Body
9- Halo of Flies
10- I’ll Bite Your Face Off
11- Muscle of Love
12- Only Women Bleed
13- Cold Ethyl
14- Feed My Frankenstein
15- Clones (We’re All)
16- Poison
17- Wicked Young Man
18- Killer/I Love the Dead
19- School’s Out
Bis
20- Elected
21- Fire

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Hetfield em junho 4, 2011 às 18:33
    #1

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