Fazendo História

Substituto à altura

Ronnie James Dio, o cantor que não deixou os fãs chorarem a ausência de Ozzy no Sabbath morre e entristece o metal. Publicado na Billboard 10, de julho de 2010. Fotos: Reprodução/Internet.

Dio: perda irreparável

Dio: perda irreparável

A comunidade roqueira sofreu um baque com a perda do cantor, na manhã do domingo, 16 de maio. Dio, cujo trabalho de maior relevância se deu à frente do Black Sabbath, como substituto de Ozzy Osbourne, não resistiu às complicações decorrentes de um câncer de estômago diagnosticado em novembro do ano passado. Tinha 67 anos.

Ronald James Pardovana nasceu em Portsmouth, Estados Unidos, em 10 de julho de 1942. Adotou o nome artístico por conta da origem italiana. Era vocalista do Elf até ser chamado para formar o Rainbow com Ritchie Blackmore, que estava deixando o Deep Purple, em 1975. Seu maior desafio, porém, foi entrar no lugar do insubstituível Ozzy Osbourne, expulso do Black Sabbath, em 1979. No período, gravou com o grupo os álbuns “Heaven & Hell” (1980) e “Mob Rules” (1981). Dio é o único vocalista que pode ser comparado com Ozzy, numa lista que inclui Ian Gillan e Glenn Huges (ambos do Deep Puprle), Rob Halford (Judas Priest) e Tony Martin, entre outros.

Em 1983 montou sua própria banda e lançou “Holy Diver”, clássico do heavy metal que marcaria sua trajetória com um conceito fantasioso hoje usado pela maioria dos grupos de metal melódico. Voltou a liderar o Black Sabbath no início dos anos 90, quando o grupo laçou o álbum “Dehumanizer”, e passou pela primeira vez pelo Brasil. Dio voltaria outras vezes ao País, com sua própria banda, como convidado do Deep Purple, em 2000, e à frente do Heaven & Hell, no ano passado.

Dio foi o responsável pela propagação de um dos maiores símbolos do heavy metal, o “Moloch”, feito com todos os dedos da mão fechada, exceto o indicador e o mínimo – o popular “chifrinho”. O cantor dizia ter aprendido a fazer o gesto com a avó, para espantar os “maus espíritos”. Com o tempo, o “Moloch” virou símbolo do heavy metal e hoje é gesto exibido por toda a juventude fã de rock, além de artistas do gênero.

A morte de Ronnie James Dio foi lamentada por todo o mundo do metal, incluindo o “rival” Ozzy e também artistas não ligados ao gênero, como Brian May (Queen), Billy Corgan (Smashing Pumpkins) e Krist Novoselic (Nirvana). A homenagem mais emocionante foi a carta aberta escrita pelo baterista do Metallica, Lars Ulrich, na qual relembrou o primeiro encontro com Dio, nos anos 70, quando ia para porta de hotel atrás dos ídolos. Além de destacar a potência vocal e toda a trajetória de Dio, é notável a referência que todos fazem ao vocalista como um cara “gente boa”. No Facebook, mais de 22 mil pessoas prestaram solidariedade ao músico, nas primeiras dez horas após a notícia da morte ser publicada.

A última declaração de Dio à imprensa se deu dez dias antes, quando o tratamento foi intensificado e o Heaven & Hell anunciou o cancelamento da turnê europeia. Em nota, Dio disse acreditar na superação do momento difícil com a ajuda dos fãs e amigos. O vocalista prometeu “mais turnês, mais música, mais vida e muito mais mágica”. Cabe à viúva e ex-empresária Wendy Dio administrar o legado do cantor, que inclui instituições para ajudar crianças carentes e o recém criado Ronnie James Dio Stand Up And Shout Cancer Fund.

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