O Homem Baile

Indie a go go

Em evento com distribuição de doses de uísque, confraria alternativa carioca se refestela com a calma apresentação do Teenage Fanclub. Fotos: Luciano Oliveira.

Em fase irregular, Noman Blake e asseclas quase deixaram as guitarras de lado, numa performance lenta

Em fase irregular, Noman Blake e asseclas quase deixaram as guitarras de lado, numa performance lenta

Bancado por todas as marcas de uísque que você já ouviu falar, o Whisky Festival deu um banho de loja no Circo Voador, ontem à noite, em sua primeira edição carioca. Tudo bem que foi um festival de um dia só, estrelado por uma banda só, com a discotecagem de um homem só – o colega Lucio Ribeiro – e uma dose só de uísque distribuída ao incauto que adentrava o templo sagrado do rock carioca. Mas a banda era o Teenage Fanclub, o ícone maior da pioneira geração indie noventista, desejo de cada indie rocker contado à dedo que atravessava as catracas da casa.

O baixista Gerard Love canta em várias músicas

O baixista Gerard Love canta em várias músicas

O grupo escocês já não é o mesmo, e, assim como os fãs, mostrava sinais de cansaço, tocando o repertório do show com certa lentidão – preguiça seria exagero. “Não falo bem português, mas essa é a nossa primeira vez no Rio e estamos gostando. Desculpe por não termos vindo antes”, disse um simpático Norman Blake, depois das três primeiras músicas. Estava desculpado, claro! Blake ainda receberia um CD do público, elogiaria a cantoria em “Ain’t That Enough”, e, antes, ganhou um beijo de um fã que conseguiu subir no palco em “What You Do To Me”. Famoso por misturar a doçura da canção pop com guitarras, o grupo, em fase irregular, está muito mais para a primeira metade do que para a segunda. Só que doce demais enjoa, já dizia Wanderley Cardoso.

Não que fosse de esperar guitarras galopantes do Teenage Fanclub, mas havia certa “rascância” no passado que parece ter se perdido pelo longo caminho, e lá se vão 20 anos. O show é planejadinho para ir mostrando um crescente. O início é de causar bocejos, mas logo começam a pipocar as preferidas do público, caso de “Don’t Look Back”, a primeira com um bom refrão, do subestimado álbum “Grand Prix”, cantada pelo baixista Gerard Love. A divisão dos vocais por quase todos os integrantes, aliás, é uma vantagem que o grupo sabe usar com muita propriedade.

Norman Blake ganhou até um beijo por sua simpatia

Norman Blake ganhou até um beijo por sua simpatia

Love também canta em “Star Sign”, numa versão que, ao vivo, não supera à do álbum “Bandwagonesque”, unanimidade geral da banda; as três guitarras (o tecladista de apoio participa com uma delas) do palco não fazem a função que uma só deveria fazer, se tocada com o mínimo de vigor. Ao todo foram quatro desse disco, que muita gente achou que seria tocado na íntegra. Em relação ao show de anteontem, em São Paulo, houve ligeiras mudanças que não penderam pra um show nem para o outro – clique aqui e compare.

A coisa esquenta, mas longe de pegar fogo, da metade par o final do set. “Sparky’s Dream” vem com uma bela evolução de guitarra e levanta o público; e “The Concept”, de cantoria simples, arrebata o Circo Voador de vez ao receber uma versão longa e uma performance – aí, sim – arrojada por parte dos músicos. Iniciar o bis com “Today Never Ends” com acompanhamento de lap steel não foi uma idéia das mais brilhantes, mas a inclusão da agitadinha “Radio” e o final com “Everything Flows”, outra com versão estendida, compensaram, deixando a impressão de que o show foi melhor do que realmente foi.

A luz de estande realçou o logotipo do festival em detrimento da banda; ao menos o uísque foi de graça

A luz de estande realçou o logotipo do festival em detrimento da banda; ao menos o uísque foi de graça

Set list completo:

1- Start Again
2- Sometimes I Don’t Need To Believe in Anything
3- The Past
4- It’s All In My Mind
5- Don’t Look Back
6- Baby Lee
7- About You
8- Star Sign
9- I Don’t Want Control Of You
10- I Need Direction
11- What You Do To Me
12- Alcoholiday
13- Your Love Is The Place Where I Come From
14- Ain’t That Enough
15- When I Still Have Thee
16- Sparky’s Dream
17- The Concept
Bis
18- Today Never Ends
19- He’d Be a Diamond
20- Radio
21- Everything Flows

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado