O Homem Baile

Em algum lugar do passado

Na primeira vez no Rio, Doro Pesch praticamente abriu mão de sua carreira solo e priorizou sucessos do Warlock, banda que a revelou nos anos 80. Fotos: Luciano Oliveira.

Com o público na mão, Doro Pesch se impõe no palco como poucos frontman no mundo do metal

Com o público na mão, Doro Pesch se impõe no palco como poucos frontman no mundo do metal

A tarefa não era da nada fácil: encher o primeiro show de Doro Pesch no Rio de Janeiro, num feriado nacional, véspera de feriadão de Páscoa, num local de difícil acesso e que há anos é o QG da música de baixa qualidade na cidade. Daí a iniciativa dos organizadores e a presença de cerca de 350 pessoas representarem um feito – honra seja feita - quase heróico. Com uma boa estrutura de palco e som, a Ilha dos Pescadores fez sua parte, e Doro, que nada tinha a ver com isso, se descabelou intensamente durante cerca de uma hora e meia num show eletrizante. Não é por acaso que a chamam de “Metal Queen”.

Luca Princiota e Bas Mas atualizam os clássicos

Luca Princiota e Bas Mas atualizam os clássicos

O show, entretanto, tem ares de saudosismo. Doro tem uma carreira solo consolidada e reconhecida nos quatro cantos do planeta, com uma dúzia de discos lançados, mas mais da metade do repertório é do Warlock, o grupo que a revelou na década de 80, e ainda há mais três covers(!). Não que ela tenha preparado uma espécie de “best of” da carreira por ser a primeira vez no Rio. Costumam ser essas as músicas tocadas pela banda da cantora nos últimos tempos, em que pese o repertório do DVD retrospectivo “25 Years in Rock and Still Going Strong”, recém lançado. Considerando que o disco de despedida do “Warlock” é “Triumph and Agony”, de 1987, o show é basicamente com músicas que foram lançadas há mais de 24 anos. Pode?

Pode, sim, porque são canções que se mantém atuais como boa parte do metal dos anos 80, década considera a “de ouro” para o gênero. E que não chegam a surpreender o público, pequeno, sim, mas participativo e totalmente na mão de Doro. Praticamente a cada intervalo a cantora agradece aos fãs, se declara apaixonada pelo Rio e faz a costumeira defesa do heavy metal. Em “Burning The Witches”, um clássico do Warlock, desce no fosso entre o palco e a grade para cantar com o público. No cover de Dio, “Egypt (The Chains are On)”, gravada para um CD tributo lançado em 2000, ela recebe e beija uma camiseta com a estampa do cantor, morto há quase um ano. “Tudo bem?”, “valeu, Rio!” e “muito obrigado” são expressões usadas num português de última hora.

O baixista Nick Douglas lado a lado com Doro Pesch

O baixista Nick Douglas lado a lado com Doro Pesch

Quem se encarrega de atualizar em alguma medida as músicas do arco da velha são os bons músicos que acompanham Doro, a maioria há bastante tempo. A dupla de guitarristas Bas Mas (ex-After Forever) e Luca Princiota manda muito bem, sobretudo nos riffs pesadões de músicas como “Fight For Rock”, tocada já no final; na quase pop “Burn It Up”, que tem um refrão daqueles que colam de primeira; e ainda em “Earthshaker Rock”, que abre o show numa empolgação atroz. Curiosamente Doro começa “Breaking The Law”, do Judas Priest, com uma levada acústica irreconhecível, para depois descer o cacete, numa outra visita à grade.

A incrível disposição da cantora compensa a estatura diminuta (ainda mais ao lado do baixista grandalhão Nick Douglas); Doro se impõe no palco como poucos frontman no mundo do metal. É o carisma dela que emociona em baladas como “Above The Ashes” e “Für Immer”, ou na cadenciada “Running From The Devil”. Com a boa estrutura do estrutura – repita-se – fica a sensação de que Doro Pesch garantiu um excelente show de metal oitentista, feito sob medida para o público. É isso aí, antes tarde do que nunca.

Doro Pesch se apresenta neste sábado, em São Luis, e no domingo, em São Paulo – saiba tudo aqui.

Todo o carisma da 'Metal Queen'

Todo o carisma da 'Metal Queen'

Set list completo

1- Earthshaker Rock
2- I Rule the Ruins
3- East Meets West
4- Running From the Devil
5- The Night of the Warlock
6- Burning the Witches
7- Metal Racer
8- Egypt (The Chains Are On)
9- Für Immer
10- Wacken Hymne (We are the Metalheads)
11- True as Steel
12- Hellbound
13- Burn It Up
14- Breaking The Law
15- All We Are
Bis
16- Above The Ashes
17- You’re My Family
18- Fight For Rock
Bis
19- Metal Tango

Clique aqui para ler uma entrevista exclusiva com Doro Pesch

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Fred em abril 23, 2011 às 11:23
    #1

    Aí Marcos, o show foi bom mesmo… Pena que o público não tenho sido maior… E faltou a venda de CDs dela por lá…

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