O Homem Baile

Eu sou você amanhã

Reduzida a banda de abertura, Muse cumpre bem o papel e, de forma improvável, recebe bom tratamento no palco dos padrinhos do U2. Foto (do dia 9): MRossi/Divulgação.

O batera Dominic Howard e o chefão Matt Bellamy no show de sábado, no Morumbi, antes do U2 tocar

O batera Dominic Howard e o chefão Matt Bellamy no show de sábado, no Morumbi, antes do U2 tocar

Pensando bem o Muse já é uma banda grande o bastante para ter a sua própria turnê, e não ser “apenas” o show de abertura do U2. No giro do último álbum o grupo criou a sua própria parafernália, que inclui até um disco voador que levanta vôo. A rigor, o tipo de som do trio britânico é muito mais afeito a viagens no palco do que o do U2. Mas, pensando melhor ainda, como deixar de ter no currículo a abertura dessa magnífica turnê, tocando para estádios lotados como o Morumbi, que ontem que recebeu 90 mil pessoas? Foi assim que o trio topou tocar por cerca de 50 minutos em sete datas, encerrando onde a dobradinha com o U2 – no México, é a vez do Snow Patrol.

E olha que arrumar o cantinho para o trio e um tecladista de apoio tocar dá um trabalhão danado, já que a mini estrutura (mesa, PA, amps) é toda deles, nada de tirar casquinha dos mimos do U2. Mesmo assim o som estava muito bem equalizado e num volume muito bom, considerando que bandas de abertura sempre se dão mal nesse quesito. Mesmo com a escolha equivocada de “Citizen Erased” para a abertura (a música tem trechos lentos e não empolga), Matt Bellamy e seus asseclas agradaram logo de cara. Bono, num outro dia, comparou o grupo a power trios como o Experienced, de Jimi Hendrix e ao Cream, mas se esqueceu a porção progressivo que não passa batido em uma música sequer. Em “Uprising”, quando o show começa de verdade, o instrumental apurado não deixa dúvidas. A música ganha um riff bem mais pesado do que na versão do disco – o que, ao vivo, só melhora.

Bellamy usa inadvertidamente uma calça retrô rosa e é o que mais se mexe. Ele chega a dar uma volta na passarela no meio do público, só para dar um gostinho de como a coisa vai funcionar com o U2. Ele também assume um pianão das antigas, branco, em “Starlight”, que logo ganha o acompanhamento ritmado do bater de palmas do público: dá pra imaginar, não? Como vocalista, Matt Bellamy vai tão fundo nos falsetes que transparece um eco gravado em quase todas as músicas, de modo a confundir onde começa um e termina o outro. Só que o resultado é tão bom, que, no fim das contas, pouco importa.

No encerramento, com “Knights of Cydonia”, o cantarolar no público já é clássico; nem uma desnecessária introdução de harmônica do baixista Christopher Wolstenholme atrapalhou. Mesmo porque a intro que vem em seguida, pura surf music distorcida, é a senha para um dos melhores momentos do show. De qualquer show do Muse, diga-se. Resta saber como será o super palco do trio daqui a uns 20 anos, quando o U2 tiver se aposentado, e quem eles irão chamar para fazer a abertura. Assim caminha a humanidade.

Set list completo:

1- Citizen Erased
2- Uprising
3- Bliss
4- Resistance
5- United States Of Eurasia
6- Time Is Running Out
7- Starlight
8- Knights of Cydonia

Clique aqui pra ver como foi show do U2

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. marcelino em abril 14, 2011 às 21:45
    #1

    Decisão acertada do U2 em chamar o Muse pra abrir esses shows!
    O Muse ainda vai dar muito o que falar!
    Knights of Cydonia é imbatível!

  2. Leandro Moreira em abril 14, 2011 às 23:51
    #2

    A introdução de Knights of Cydonia na verdade é do Enio Morricone e tá na trilha sonora de “Era Uma Vez no Oeste”. De acordo com a Wikipedia, o filme é um faroeste clássico do Sérgio Leone.

  3. Raylene Uchôa em abril 15, 2011 às 0:48
    #3

    Espero, torço muito mesmo para que voltem e façam um show só deles. Os caras são muito bons, fazem um som incrível, bem diferente do que anda rolando. Só nao gostei muito do set list, acho que tinham umas músicas bem melhores.

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