Rock concentrado
Em show com tempo reduzido, Cachorro Grande mostrou o suprassumo de de hits, ontem, no Circo Voador, no Rio. Sabonetes e Martin e Eduardo fizeram figuração em noite que poderia ter acabado melhor. Fotos: Luciano Oliveira.
Sob a chancela da MTV, Cachorro Grande, Sabonetes e Martin e Eduardo tocaram para um público apenas razoável, ontem à noite, no Circo Voador. Os shows, transmitidos ao vivo pelo site da emissora, tiveram tudo de bom e de ruim que esse tipo de evento carrega. Se a produção era diferenciada, o excesso de iluminação, com poucas variações, matava o visual no palco. Como três bandas estavam escaladas (fora o rascunho infeliz comandado pelo baixista da Pitty, Joe), o tempo para a apresentação do Cachorro Grande diminuiu em relação ao um show que os gaúchos costumam fazer. Foram quatro músicas a menos em relação ao set de outubro do ano passado, num show realizado no mesmo Circo Voador, cada vez mais a casa do Cachorro no Rio.
O tempo menor foi a deixa para o grupo mandar um repertório que praticamente só tinha hits, ou seja, rock concentrado colando nos ouvidos do público sem dó. Já no início, em “Nunca Deixe Pra Depois”, o vocalista Beto Bruno empunha uma guitarra junto com Marcelo Gross e o baixista Rodolfo Krieger: a imagem dos três, na beirada do palco, já valeria o ingresso. O quinteto continua afiado em citações muito bem vindas. Em “Roda Gigante”, quem aparece é o tecladista Pedro Pelotas, que danou a inserir barulhinhos à Pink Floyd, fase “Meddle”; “Deixa Fudê” acabou em versos de “Lugar Nenhum”, dos Titãs, incluídos no rock’n’roll porrada dos caras; e “Bom Brasileiro” foi intercalada com as já costumeiras citações aos Stones.
Se o início foi promissor, quando Beto Bruno vai ao camarim checar a bagunça, Marcelo Gross comanda o improviso – nem tão improvisado assim – , que vira um desafio no palco, como se todos o músicos o perseguissem. É a hora de “Vai T. Q. Dá”, e durante cerca sete minutos o que se vê no palco é o rock em estado bruto sendo empurrado goela abaixo do público, que, por sua vez, vive um misto de delírio e desconfiança. Enquanto Rodolfo empunha o baixo num embate com Gross que chega a ser físico, o batera Gabriel Azambuja encarna Keith Moon e mais parece um descontrolado sem rumo. Depois, Pelotas duela com Gross e aponta para o final apoteótico, com “Lunático” e “Você Não Sabe o Que Perdeu”, que, dada a empolgação do público, parece que é mais hit que todos os hits da coleção do Cachorro Grande.
Já os rapazes do Sabonetes pareciam que tinham comido uma feijoada antes de entrarem no palco, talvez por alguns deles terem tocado com a duplinha Martin e Eduardo, na abertura. O fato é que o grupo mostrou uma performance bem menos empolgada que a de cerca de um ano atrás, no Grito Rock, no mesmo Circo Voador. Mesmo assim, o público curtiu as músicas colantes da banda, que tenha a manha de montar um repertório cativante. Todo mundo cantou a lenta (mas pop) “Hotel”, cujo clipe a MTV não tira dos mais exibidos nem por um decreto. Mas os melhores momentos foram em “Se Não Der Não Deu”, uma das mais agitadas, e na boa “Enquanto os Outros Dormem”, que faz todo mundo cantarolar sem pensar no amanhã.
A dupla Martin e Eduardo, respectivamente guitarrista e baterista que acompanham a Pitty, abriu a noite com uma banda escorada por músicos do Sabonetes e do Cachorro Grande. Ou seja, imperou o rascunho. Eles podem ser a alternativa pesada do novo trabalho da musicista, que vem dando sinais de cansaço ao flertar com o pop e apontar para uma carreira “de cantora”. No repertório de ontem, pouca música boa apareceu e os melhores momentos se deram nas músicas em que Martin se aventurou em solos mais ousados – pero no mucho.
No final da noite, Lobão, que fora anunciado como “grande mestre de cerimônias”, enfim apareceu para tocar bateria em “Sympathy For Devil” com o Cachorro Grande. “Vamos fazer um axé”, disse o músico, em tom de brincadeira. E o que se sucedeu foi realmente uma grande patacoada, com os músicos de todas as bandas pra lá de Bagdá, chamando o público para subir no palco e atrapalhar a festa. Um final decepcionante para uma noite que se prometia memorável. Valeu, MTV.
Set list completo Cachorro Grande
1- Nunca Deixe Pra Depois
2- Hey, Amigo
3- Conflitos Existenciais
4- Que Loucura!
5- Desentoa
6- Deixa Fudê
7- Roda-Gigante
8- A Alegria Voltou
9- Lili
10- Bom Brasileiro
11- Dia Perfeito
12- Vai T. Q. Dá
13- Lunático Amanhã
14- Você Não Sabe o Que Perdeu
Bis
15- Sympathy For The Devil
Tags desse texto: Cachorro Grande, Lobão, Martin e Eduardo, MTV, Sabonetes
Boa tarde! Particularmente adorei o show!
Pra mim é sempre maravilhoso ver o Cachorro Grande
Por mais que tenha ocorrido tudo isso, valeu a pena o ingrersso, a galera, os amigos, tudo! Sexta-feira com Cachorro, Lobão e mais é tudo de bom! Ouvir o “Bom Brasileiro” é demais!
Seria mais interessante você se concentrar nos fatos ao invés de falar mal só por falar!
E seguinte: acho que você não viu o mesmo show que eu… Pois nenhum integrante do Sabonetes toca na banda de Martin e Eduardo.
Parabéns pelo esforço que fez em falar mal… da próxima vez se esforce da mesma maneira para falar de como foi bom e interessante para todos!
Foi uma bosta mesmo.