Fazendo História

Um Mundo Melhor?

Destaques das coletivas do Rock in Rio de 2001. Publicado na Dynamite nº 43, de fevereiro de 2001. Foto: Marcos Bragatto.

oasis01-7Entrevista coletiva é uma coisa que ninguém gosta de fazer. Em um festival de grandes proporções como o Rock In Rio, os artistas comparecem porque é uma obrigação contratual, e os jornalistas porque precisam dar alguma coisa diariamente sobre o evento. Para os fãs, é uma boa oportunidade para furar o bloqueio da segurança e ver os ídolos de perto.

O conteúdo dessas entrevistas geralmente é lamentável, considerando a escassez de mão de obra especializada no jornalismo nacional. As perguntas se repetiram em torno dos mesmos temas, completamente óbvios. As mais repetidas foram: “Conhece alguma coisa de música brasileira?”; “Tem planos para visitar tal país?” (feita por um jornalista daquele mesmo país); e, depois do escândalo do playback protagonizado por Britney Spears, “Tem alguma coisa contra o uso de playback nos shows?”.

Mas o tema campeão foi o slogan do festival, “Por Um Mundo Melhor”, e a Dynamite fez uma seleção das opiniões dos principais aristas, para dividir com você, leitor, a dureza que é participar de uma entrevista coletiva. Confira:

“É isso que faz um mundo melhor, eu prefiro dessa forma”, Nick Oliveri (Queens Of The Stone Age), perguntado sobre como as letras da banda, que citam drogas, poderiam contribuir pára o slogan do festival;

“Nós, como músicos, não podemos resolver problemas específicos, mas podemos passar o sentimento de que vale à pena viver e ser feliz. O slogan é bem idealista, eu não o usaria para me promover, mas estou aqui para ajudar”, Sting;

“Eu gostaria de ter sido informado, mas de qualquer forma eu acho que a nossa música tem muita vibração positiva, porque ela une as pessoas e talvez seja essa a nossa contribuição, a união de várias tribos: skatistas, heavies…”, Chino Moreno, Deftones;

“As pessoas vêm aqui para ouvir música, se divertir, fazer disso uma festa, beber, transar e curtir rock. Eu não acho que esse festival vai trazer a paz para o mundo, eu nem sabia que um percentual da renda vai para projetos sociais, mas isso é legal”, Coby Dick (Papa Roach);

“A idéia do festival é de juntar as pessoas - o que é fabuloso -, e os projetos educacionais por trás do evento são muito bons, podem dar acesso à educação, o que capacita as pessoas a tomarem decisões com mais consciência”, Bruce Dickinson (Iron Maiden);

“O Medina mostrou ser um cara atual no Brasil, ao se colocar à frente dessa nova ideia de marketing dentro de uma empresa. Não dá mais, no mundo de hoje, para você fazer qualquer evento e se esquecer da parte social. Todo empresário deveria ter essa nova visão de marketing, de trabalhar em cima da ação social”, Fernanda Abreu;

“A música é sempre a melhor forma de unir as pessoas em torno de alguma coisa sobre a qual elas podem concordar, e eu acho que o festival vai trazer alguma mudança para cada pessoa, de alguma forma”, Beck;

“Ajuntamentos de gente desse tipo, como no Rock In Rio, são muito interessantes e úteis para disseminar a informação. Quando você junta grupos muito grandes de jovens, sempre há a esperança de que isso possa promover mudanças e de que as pessoas possam sair de lá com um compromisso, com uma causa”, Peter Buck (REM);

“É legal tentar formar a consciência do público, porque, assistindo a esse festival, ele ajudará a fazer um mundo melhor. Mas que não é só isso, a ideia é ajudar o social e a educação. Não sei se dará certo, mas é uma boa tentativa. Me fez sentir melhor, mas eu viria de qualquer forma”, James Taylor;

“O Rock in Rio tem Woodstock como inspiração, pois é o primeiro festival do milênio pedindo pela paz e respeito à diversidade, como naquela época. O único argumento que a gente tem para continuar vivendo é a esperança na luta contra a violência, o racismo e a exclusão social”, Daniela Mercury;

“Um mundo melhor é um mundo sem armas ou rosas”, Noel Gallagher (Oasis, foto), numa referência ao grupo dele ter sido escalado para tocar no mesmo dia que o Guns N’Roses (armas e rosas).

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