Protocolo heavy
Cobertura do show do Blind Guardian, no Vivo Rio, em 18 de março de 2007. Publicado na Bizz número 213. Foto: Alexandre Cardoso/Divulgação.
Nenhuma banda do segundo escalão do cenário metálico mundial é tão querida para os cariocas quanto o Blind Guardian. Foi o que provaram os fãs que lotaram o show de 2002 e voltaram a comparecer em massa. Nem parecia que se tratava de uma banda de heavy metal, dada a euforia incontida a cada música tocada pelo quinteto. Ou alguém acha normal - nesse meio - o público cantar refrões à capela? Pois aconteceu na clássica “Valhalla” e em tantas outras.
O vocalista Hansi Kürsch estava boquiaberto com a participação dos fãs, e chegou a dizer que reconhecia o rosto de vários deles, cinco anos depois. A abertura repetiu o bloco que está no duplo ao vivo “Live”, de 2003, encabeçado pela clássica “Into The Storm”, que puxou um coro a plenos pulmões. Só então a pausa para um “boa noite”, emendada com “I’m Alive”. Ali já se percebia que a banda está muito bem servida com o novo batera, Frederik Ehmke, que senta a mão com técnica, precisão e velocidade.
O bom de assistir a um show do Blind Guardian é que no palco a banda subtrai os efeitos e orquestrações usados em demasia em estúdio, o que se tornou um clichê do mal para os alemães, dando um formato uniforme e pasteurizado para as músicas. Ao vivo percebe-se melhor o trabalho de guitarras de André Olbrich e Marcus Siepen, e o tecladista de apoio faz o feijão-com-arroz sem atrapalhar.
Do repertório do último álbum, “A Twist In The Myth”, somente três músicas foram incluídas: “Fly”, “Skalds and Shadows” e “This Will Never End”. Os mais de 15 minutos de “And Then There Was The Silence”, que encerraram o show, acabaram roubando espaço de outras músicas – a banda ficou devendo mais do novo repertório. No bis, “Imaginations From The Other Side”, “The Bard Song (In The Forest)” e “Mirror Mirror”, pedida em coro, deram conta do recado. O público saiu extasiado – sairia de uma forma ou de outra -, mas bem que o grupo poderia ter ultrapassado a quase protocolar uma hora e quarenta minutos de show.
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