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Lobão lança biografia ‘50 Anos a Mil’; leia alguns trechos

Em quase 600 páginas, polêmico artista passa carreira a limpo

lobao50anosJá está à venda nas lojas do ramo o livro “50 Anos a Mil”, biografia do músico e empreendedor Lobão. Escrito por ele próprio, em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, além da biografia em si, que ocupa a maior parte das quase 600 páginas, o livro traz uma pesquisa entremeada ao texto, destacando a repercusão do artista na mídia ao longo dos anos. No final, entrevistas com nomes importantes da trajetória de Lobão foram transformadas em texto. Participam, entre outros, o cantor Ritchie, a produtora cultural Maria Juçá e a cantora Elza Soares. Um anexo reproduz documentos envolvendo o artista e órgãos da Justiça.

Verborrágico, Lobão reescreve os anos 80 sob sua ótica, passa pelos noventa sobrevivendo no mercado, chega aos 00 inovando para seguir em frente e volta ao começo com o “Acústico MTV”. O músico conta detalhes de situações polêmicas nas quais sempre se envolveu. Veja abaixo alguns trechos extraídos do livro:

Infância

“Meu corte de cabelo (cortado quinzenalmente) era a cabeça quase toda rapada com máquina 1 e um topete ridículo erguido à base de muito gumex no topo da testa. (…) Vocês já imaginaram um garoto (…) com um topete anacrônico em sua cabeça e ainda por cima sendo chamado, pra cima e pra baixo, de Xurupito?”

Blitz

“Aproveitamos aquele ensaio para dar um acabamento numas canções, arranjar outras… quando o Guto pega o refrão ‘Você não soube me amar’ e faz o riff de guitarra… Em seguida, pediu pro Evandro falar o texto corrido e metrificou as palavras na cadência, dando um ritmo na letra e a forma final. A outra parte existente, o Evandro tinha composto na praia, com o Zeca Mendigo, e assim nascia o primeiro mega-hit dos anos 80…”

Paralamas

“O Jorge, meu amigo de São Conrado, um belo dia chega lá em casa esbaforido e manda: ‘Cara, você já viu o disco dos Paralamas do Sucesso?’ ‘Ainda não, por quê?’ ‘Porque é igual ao Cena! Cara, não acreditei quando ouvi… tem uma música que se chama Cinema Mudo. O carinha lá que canta tem a mesma voz que você… e o disco fala mais ou menos dos mesmos assuntos que o teu…’ ‘Como assim?’ ‘Além de Cinema Mudo, tem uma outra que fala de lambreta; o som é praticamente igual ao que você faz, e a guitarra é meio totalmente Lulu Santos…’”

Mau comportamento

“Quando desliguei o telefone, comecei a chorar feito uma criança. Sabia que, daquele momento em diante, estaria condenado a uma carreira solo. Tristíssimo e carente, parti para o Baixo pra filosofar com os colegas… Encontro quem? Cazuza. E na mesmíssima situação!!! Fora dispensado do Barão Vermelho!!… Vamos combinar uma coisa: ser expulso de uma banda por mau comportamento é muito pior do que ser expulso de uma suruba por mau comportamento”

Drogas

“Pois bem, estamos todos a fastejar no meu quarto, na maior cheiração… Amanheço virado e percebo que tenho um avião pra pegar… Tomo meu gim-tônica e vou ao banheiro dar uma cafungadinha. E fiquei nessa até o avião decolar. Um gim-tônica, uma cafungadinha no banheiro. Como estava muito cansado, nada fazia lá muito efeito em minha pessoa. Pego o avião e continuo a cheirar no banheiro da aeronave.”

Sexo

“Me encaminharam para a carceragem e me hospedaram na cela 4, que era bem diminuta. Uns seis a oito presos se preparavam para enrabar um crioulão enorme que, segundo a rapaziada, havia estuprado uma menina. Antes do ato, os caras raspavam com pouquíssima diligência o corpo do negão, que estava amarrado nas grades da janela, pedindo uma misericórdia que a galera dedicididamente não estava muito a fim de conceder. Depois de semiesfolado o estuprador recebeu em seu ânus várias trolhas em menos de 15 minutos”.

Rock’n'roll

“O Sepultura termina sua poderosa apresentação ovacionado por todos e, em poucos minutos, os urros de aclamação se transformaram em gritos de ‘fora Lobão! Não queremos samba! Fora, seu sambista de merda, tá querendo manchar o rock…’, e outras coisas mais… Por um momento, tive tempo para refletir sobre a ironia: sempre fui rechaçado pela cultura oficial, sob o epíteto de roqueiro… Agora, assistia àquele vitupério de roqueiros fundamentalistas a me odiarem por ‘mestiçar’ o rock imaculado… loucura…”

Disco nas bancas

“Ao atravessar uma rua me deparo com uma banca de jornal e vejo lá pendurado na estante uma revista de piadas do Ari Toledo com um anúncio: ‘Compre a revista e leve grátis um CD’. Eureca! Por que não fazia o mesmo? E se lançasse meu disco encartado numa revista?”

Lei da numeração dos CDs

“Recebo o telefonema de uma deputada federal, Tânia Soares, querendo saber o que ela poderia fazer pela classe artística. Eu achei aquilo muito simpático, e meio sem dar muita importância ao fato, soltei: ‘Deputada, uma boa coisa a se fazer seria a numeração de discos em meio a essa campanha contra a pirataria”.

Imprensa

“Sai o Acústico MTV e começa o bombardeio. Cordeirão, Lobão se vendeu, Lobão entra em contradição ao gravar um formato que sempre criticou, Lobão, agora sim, está acabado, e coisas do gênero. Mas, por ironia do destino, em nenhuma dessas críticas conseguiam atingir a qualidade e a excelência do material, da produção, da execução e do repertório. Pois bem… O CD/DVD Lobão Acústico seria o novo recorde negativo de vendas: 23 mil cópias. Quando o pior resultado anterior era na ordem de 350 mil cópias”.

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