Sem piloto automático
Renovado por um novo trabalho, o Stone Temple Pilots tem passagem marcante no Rio; grupo trouxe fábrica de riffs que reforçou repertório de um hit só. Foto: Guito Moreto/Divulgação Circo Voador.
Um Circo Voador lotado recebeu ontem à noite mais uma banda dos anos 90 que precisava acertar as contas com os brasileiros. O Stone Temple Pilots poderia optar por uma ordinária turnê revivalista, mas o grupo gravou um bom álbum, auto-intitulado, o que só engrossou o caldo para a frenética apresentação de ontem. Isso porque o incorrigível Scott Weiland está em plena forma, desde que saiu de sua última reabilitação, o que faz muita diferença: Weiland é um dos maiores frontman que o mundo do rock já viu. A expulsão do Velvet Revolver, há dois anos, lhe fez bem. Enquanto o supergrupo com integrantes do Guns N’Roses empacou, ele lançou ainda um álbum solo e trouxe de volta o STP. Toda a banda, aliás, está com um gás renovado, o garantiu mais uma daquelas noites épicas que só o Circo Voador proporciona.
A bem da verdade o Stone Temple Pilots só tem um hit, e justamente um decalque escancarado do Pearl Jam. Quando “Plush” é tocada, na segunda metade do show, a reação do público é completamente diferente. Cada palavra é cantada, inclusive à capela, e as vozes femininas predominam, numa típica reação de público de FM - e, vá lá, de MTV. Mas o melhor do show e da carreira do STP, no entanto, está nas músicas que não chegaram lá, e nem foram feitas para isso. A banda é uma fábrica de riffs de ótima qualidade e bom gosto. “Sex Type Thing”, que faz o Circo pular como massa descontrolada, a seca “Dead & Bloated” ou mesmo a cadenciada “Wicked Garden”, no início, tudo com o som no talo, mostram como o grunge se impôs há quase 20 anos. Deixam, porém, uma questão no ar: se é assim, por que diabos o pós grunge, que até hoje vende horrores nos States, não colou por aqui?
Dean DeLeo não manda bem só na parte rítmica. Um dos cartazes que o público levantou durante o show foi recolhido por Weiland e dizia, em inglês: “não precisamos de outro herói da guitarra”, numa provocação a Slash. DeLeo expressou a timidez que lhe é peculiar, só colocada de lado em solos firmes e feitos por quem é do ramo. “Still Remains”, por exemplo, que se anuncia insossa, ganha uma viagem psicodélica no final de arrepiar. O início de “Intersate Love Song” é também modificado, com a cobertura vocal de Scott Weiland, e o solo de “Down Play”, outra que sacode cada cidadão com a mesma intensidade, é realmente espetacular. Em “Silvergun Superman” é possível identificar as raízes stoner por conta de um peso lento e arrastado, imposto pela duplinha Robert DeLeo e Eric Kretz, respectivamente baixo e bateria. Entre as novas (foram quatro), destaque absoluto para a ótima “Between The Lines”.
Entre “Crackerman”, que abriu a noite com Weiland alucinado se equlibrado sobre os monitores de retorno, com um megafone nas mãos, e “Trippin’ On A Hole In A Paper Heart”, foram quase duas horas de puro e legítimo rock’n’roll. As que o público mais vibrou, além da solitária “Plush”, foram “Big Empty”, e as já citadas “Sex Type Thing” e “Down Play”. O ponto fraco ficou por conta de uma versão canhestra de “Dancing Days” (com tanta música boa eles foram escolher logo a menos Led Zeppelin do Led Zeppelin?), quase não reconhecida, e a patética iniciativa do baixista Robert DeLeo de levar “Garota de Ipanema”, só no violão, no início do bis, para o público cantar. E as ovelhas? Cantaram, oras! A imagem mais emblemática, no entanto, foi a de Scott Weiland, já na despedida, enquanto o público clamava em coro por “Big Bang Baby”. Tal qual um jogador de futebol após marcar um gol, olhou para os céus e fez um sinal da cruz. Teria aquela alma encontrado paz? Melhor não.
Set list completo:
1- Crackerman
2- Wicked Garden
3- Vasoline
4- Heaven & Hot Rods
5- Between The Lines
6- Hickory Dichotomy
7- Still Remains
8- Cinnamon
9- Big Empty
10- Dancing Days
11- Silvergun Superman
12- Plush
13- Interstate Love Song
14- Huckleberry Crumble
15- Down
16- Sex Type Thing
Bis
17- Garota de Ipanema
18- Dead & Bloated
19- Trippin’ On A Hole In A Paper Heart
Tags desse texto: Stone Temple Pilots
Putz! É um imenso contraponto a resenha da Rolling Stone no show de SP; e isto me faz concluir duas coisas: ou havia uma banda diferente que não a STP em SP, ou o show no RJ foi ímpar.
Sério que considera a banda de um hit só? Ainda há gente que avalia hit por tocar música em rádio? Aliás, ainda existe gente que escuta rádio? Pra quem assiste MTV ou vê filmes, tem vários hits no STP rolando. Big Empty, Vasoline, Sour Girl… não entendi essa não, sério.
Porra, queria muito ter ido… Mas me faltou entusiasmo e energia depois de um exaustivo dia de trabalho. Espero ver esse show algum dia ainda.
Critico é foda, não gostou do show não deveria ter ido ver. STP um hit só; só se for pra ele.
Um hit só? Tá de sacanagem, né? Só porque a rádio tocava só uma música você quer avaliar o trabalho da banda como um simples hit? Crítico maluco e desinformado é foda. E outra, se não gosta da banda por que não deu o ingresso pra quem queria?
STP, one hit wonder? Errou a mão nessa… vai uma informação:
The band has had six songs reach the number-one position on the Billboard:
“Vasoline” - 2 weeks
“Interstate Love Song” - 15 weeks
“Trippin’ on a Hole in a Paper Heart” - 4 weeks ↓↑
“Lady Picture Show” - 1 week
“Plush” - 1 week
“Big Bang Baby” - 1 week
Traduz aí, Tiago? Aí todo mundo entende!
Sim, os shows foram totalmente diferentes, pois no Circo a banda encontrou um público carioca carente de shows internacionais. Para os que não sabem o Circo Voador é uma lona oval para umas 1000 pessoas confortáveis; que segundo a bilheteria estava lotada, com 2000 pessoas. Ou seja, estava pegando fogo, e a banda do palco consegue ver todo o agito e escutar a plateia berrando a todo pulmão. Os integrantes da banda encharcados em suor conseguiam ver toda aquela devoção que vinha do picadeiro, num calor de quase 42 graus à meia noite. O tipo de show que faz lembrar uma banda das suas raízes.
Não li a resenha da Rolling Stone sobre o show de SP. E que se dane essa resenha. O show do STP no Circo Voador foi um dos melhores shows de rock and roll que tive a honra de assistir na vida. Intenso, honesto, pesado, potente… eletricidade pura.
Eu demorei pra achar uma resenha do show no Rio… Infelizmente achei logo essa, a mais ridícula possível.
Eu demorei pra achar uma resenha do show no Rio… Infelizmente achei logo essa, a mais ridícula possível. [2]
1- A banda está longe de ser de um hit só
2- Down play? Nossa senhora, que música é essa? Jogaram um cara que não conhece a banda pra fazer essa resenha?
3- A homenagem ao RJ foi simplesmente fantástica, eu queria que tocassem Samba Nova, mas foi genial tocarem Garota de Ipanema.
Corrigi o nome da música, Sérgio. Obrigado.