O Homem Baile

Em busca de uma saída

Atração principal do SWU, Linkin Park aposta tudo em novo repertório para se manter vivo; inativo há quatro anos, Incubus prefere sucessos. Foto: Luciano Oliveira.

Chester Bennington comanda o público mais numeroso e que chegou mais cedo ao festival

Chester Bennington comanda o público mais numeroso e que chegou mais cedo ao festival

A missão do Linkin Park no mundo da música é sobreviver. O grupo, nascido quando o nu-metal made in America já entrava em decadência, se destacou ao investir pesado numa veia mais pop cujo limite é o de sua própria capacidade de fazer novas e boas músicas. Nesse sentido, falha fragorosamente em “A Thousand Suns”, o novo álbum, lançado agora e do qual foram retiradas 11 das 15 músicas para serem apresentadas no show principal do último dia do SWU. Resta saber se a grande horda dos fãs do grupo, que entrou às carreiras na Fazenda Maeda pouco depois do meio-dia, estava interessada nisso, quase 12 horas depois.

Mike Shinoda e Chester Bennington: dueto com os dias contados

Mike Shinoda e Chester Bennington: dueto com os dias contados

Não parecia ser essa a preocupação quando a gritaria começou em frente a um verdadeiro palco de headliner, com plataformas em níveis diferentes, escadarias e um uso mais intenso do telão do fundo de palco – os das laterais, minúsculos, só mostravam o show em si. Mesmo com duas faixas no novo CD na abertura, o delírio dos fãs ecoava longe no vale de Itu, o suficiente para o balançar de braços cadenciados pelo rap insosso do LP ter início. A salvação vem na introdução de guitarra de “Papercut”, mais conhecida e que inaugurou a dicotomia que duraria a cerca de hora e meia em que o grupo esteve no palco. De um lado urros de felicidade e cantoria geral do público; no outro, certa passividade e apreensão enquanto as músicas de “A Thousand Suns” eram apresentadas para a maioria.

Outro problema de “meia idade” do Linkin Park é que o grupo parece insistir demais numa fórmula que não vai continuar dando certo se boas músicas não surgirem no repertório – fórmulas, aliás, são sinônimo de risco no mundo da música pop. Por isso nem sempre o dueto de vozes de Mike Shinoda e Chester Bennington funciona no material novo e chega até a encher o saco durante a apresentação. Dificilmente eles vão conseguir repetir o sucesso de uma “In The End”, cuja versão ao vivo, já na parte final, foi o ponto alto da noite. Talvez fosse melhor deixar Chester – frontman nato – no comando, e Shinoda nas composições.

Mike Shinoda se dirige ao público

Mike Shinoda se dirige ao público

Comovido com o sufoco passado pela turma do gargarejo – nota-se que a Pista Premium foi subdimensionada e/ou invadida – Chester desce umas duas vezes no fosso que separa o palco da platéia para cumprimentar os fãs e passar o microfone para o coro de “Bleed it Out”. A música é cantada com um trecho de “Burning in the Skies”, e encerra o show na madrugada fria, com o vocalista retornando envolto a uma bandeira do Brasil com as inicias LP no centro. Antes, músicas consagradas como “Numb” e a pesada “Faint”, bem no início, também garantiram bons momentos, num show que, dado o avançar do horário, não teve bis. Mas as 25 músicas, tocadas em sequência, extasiaram os fãs mais numerosos e empolgados do dia.

Incubus

Escalado depois da paulada na moleira do Avenged Sevenfold, o Incubus tratou de sacar do baú um grande apanhado de sucessos. Também, sem lançar material inédito há quatro anos, não havia nada de novo para mostrar – diferentemente do que aconteceu com o Linkin Park. E quem disse que o público queria saber de novidade? Mas da metade do tempo foi dedicada a hits como “Drive” e “Are You In?”, dois dos melhores momentos do set. Apesar da ausência de outras músicas manjadas, pedidas o tempo todo pelos fãs, como “Dig” e “Stellar”, o grupo, liderado pelo friorento Brandon Boyd, se saiu melhor do que na última apresentação no Brasil, há exato três anos. Em comum aos dois shows a bela peformance do Incubus na subestimada “Anna Molly”. Pena que, com tantas atrações de peso, muita gente tenha deixado o show de lado para se aliviar e beber umas e outras. Coisas de festival.

Brandon Boyd se esgoela diante do guitarrista Mike Einziger

Brandon Boyd se esgoela diante do guitarrista Mike Einziger

Set list completo Linkin Park:

1- The Requiem
2- Wretches and Kings
3- Papercut
4- Given Up
5- New Divide
6- Faint
7- Empty Spaces
8- When They Come For Me
9- No More Sorrow
10- Jornada del Muerto
11-Waiting for the End
12- Wisdom, Justice and Love
13- Iridescent
14- Numb
15- The Radiance/The Catalyst
16- Breaking the Habit
17- Shadow of the Day
18- Crawling
19- One Step Closer
20- Fallout
21- The Catalyst
22- The Messenger
23- In the End
24- What I’ve Done
25- Bleed it Out/Burning in The Skies

Set list completo Incubus:

1- Megalomaniac
2- Anna Molly
3- Nice To Know You
4- Pardon Me
5- Circles
6- Make Yourself
7- Oil and Water
8- Drive
9- A Crow Left of the Murder
10- Are You In?
11- Look Alive
12- The Warmth
13- Love Hurts

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Gustavo em dezembro 30, 2010 às 11:53
    #1

    A Thousand Suns não está péssimo como o autor descreve. A banda não está decaindo. “A missão do Linkin Park no mundo da música é sobreviver”. Discordo, a missão do Linkin Park é fazer música para os fãs, não “sobreviver”. É como se eles fizessem música pelo dinheiro.

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