O sujeito que se dispuser a fazer uma coletânea com os hits de Robertinho de Recife vai se deparar com faixas de música infantil, erudita, frevo, heavy metal e pop radiofônico, apenas alguns itens da colcha de retalhos do guitarrista. “Tudo é a minha cara, meu trabalho foi um laboratório”, explica ele, dono de hits como “O Elefante”, “Baby Doll de Nylon” (com Caetano), “Seja o Meu Céu” e “Mina de Ouro”. Sem falar da versão para “Love Bites”, do Def Leppard, convertida em “Mordida de Amor”, do Yahoo. “Fui eu que inventei o Yahoo, fiz por dinheiro, bem comercial. Querem farofa? Vão ter farofa!”, ri.

Havia também a decepção por não ter participado da primeira edição do Rock In Rio, que expôs a tribo heavy metal para o Brasil, justamente quando Robertinho e a banda Metalmania eram os pioneiros. “Eu tava preparado, tinha público e o Roberto Medina me ignorou”, relembra Robertinho, que já havia feito shows de abertura para Deep Purple e Quiet Riot. O trânsito fácil por vários terrenos musicais converteu o guitarrista em produtor, que mantém estúdio no Rio há 17 anos. “Fui cobaia de mim mesmo, produzo qualquer tipo de música”, afirma. A lista de clientes inclui Zé Ramalho (com quem tocou no Grammy Latino), Barão Vermelho, Cid Guerreiro, Xuxa e Calypso.

O exímio guitarrista também cansou da estrada. “Detesto viajar e o público quer ouvir exatamente aquilo que foi gravado, eu nunca fazia igual”, diz, reafirmando a inquietude. Mas volta e meia dá uma canja: no carnaval tocou com Charles Teony, no Recife, e em Fortaleza comeu poeira de Armandinho, aquele do trio de Dodô e Osmar. “Ele puxou um duelo, fui atrás e a minha mão inchou”. Já a coletânea citada lá em cima pode ganhar vida através do selo Discobertas. “A idéia é fazer uma reedição do “Rapsódia Rock” (último CD lançado por Robertinho, há 20 anos) com faixas extras, e montar um disco com outras coisas”, revela o produtor Marcelo Froes. Boa hora para juntar os retalhos da colcha.

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