O Homem Baile

Tristeza feliz

Na primeira vez no Rio, o finlandês 69 Eyes supera problemas de som a faz um show contagiante e em sintonia com a veia cada vez mais pop do grupo. Foto: Renata Fontes Freire/Divulgação.

69eyesrio10O tempo nublado que acompanhou a primeira visita do 69 Eyes ao Rio não afastou as cerca de 200 pessoas que compareceram ontem ao Teatro Odisséia. Pelo contrário, a atmosfera até combinou com o som gótico praticado pelo quinteto finlandês. Nem as inacreditáveis falhas da produção – que resultaram no cancelamento das duas bandas de abertura e limaram os vocais em algumas músicas – atrapalharam. O grupo tocou 19 músicas em cerca de hora e meia de show e teve uma boa interação com fiel público que agitou muito, num repertório repleto de sucessos. Nunca os góticos foram tão felizes.

Quase ninguém ouviu o vocalista Jyrki 69 cantar em “Back In Blood”, faixa-título do último disco que também inicia o show dessa turnê, mas o som alto e potente já revelava que a noite seria boa. O grupo apareceu com um visual identificado com o pós punk (não foi assim em 2005, no Live N Louder), com óculos escuros à Aldrew Eldritch, o influente vocalista do Sisters Of Mercy. O vocal ultra grave e as guitarras minimalistas aproximam cada vez mais o som do 69 Eyes ao de sua referência maior, só que com ênfase numa veia pop pela qual nem sempre o Sisters trafegou. Ponto para os finlandeses. “É nossa primeira vez no Rio, obrigado a todos, vamos dar a vocês algo que vocês nunca esquecerão”, prometeu Jyrki antes de “Gothic Girl”, dedicada – claro – “às garotas”. E não eram poucas; as meninas capricharam o visual gótico que floriu a noite quase fúnebre.

Curioso notar como o 69 Eyes usa as duas guitarras não somente para dar o peso necessário às músicas, mas como uma engrenagem que cria texturas nem sempre usadas nesse tipo de som. É o que realça em “Don’t Turn Your Back On Fear”, uma das mais aplaudidas, logo no início, e em “Never Say Die”, enriquecida ao vivo pela bela introdução de guitarra. A música ganha intensidade no final, num outro momento em que o público participou decisivamente. Na porção hard rock do grupo, não só simbolizada no batera Jussi 69, riffs matadores dão vida em “Kiss Me Undead”, “Perfect Skin” (que lembra o Cult) e “Wasting The Dawn”, uma das mais pesadas do set.

A cadenciada e melódica “Devils” foi a escolhida para o encerramento e detonou o cantarolar do público, numa outra prova da penetração do grupo junto aos fãs do Rio. Antes, também na parte final do set, “Feel Berlin” sacudiu aqueles que se espremiam na beirada do palco. O bis só não foi melhor porque o som voltou a falhar de modo intermitente, e Jyrki passou mais uma música inteirinha sem ser ouvido. Ou seja, das três músicas, só duas valeram. Na última, a clássica “Lost Boys”, a banda provocou: “vocês querem rock?”. Aí nem as falhas do som seguraram a agitação da platéia, que terminou a noite cantando o verso “nada vai fazer você parar”. Promessa feita, promessa cumprida.

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Comentários enviados

Existem 3 comentários nesse texto.
  1. 3ethinho em setembro 27, 2010 às 10:08
    #1

    My friend Bragatto, não tinha 200 pessoas.

  2. Lilly Monster em setembro 29, 2010 às 18:47
    #2

    Bom… onde eu estava não ouvi nada do vocal… Só valeu mesmo a pena porque eu assisti de bem pertinho…

  3. Claudio em outubro 4, 2010 às 16:30
    #3

    Algumas notas esclarecedoras de quem acompanhou tudo de perto.
    Em primeiro lugar, não havia apenas “cerca de 200 pessoas”. O público pagante rondou a casa de mais de 300, não tenho o número exato, mas nota-se uma diferença grande entre o que você aponta e o que de fato foi.
    Em segundo lugar, seria mais apropriado conversar com a produção antes de escrever coisas como “as inacreditáveis falhas da produção – que resultaram no cancelamento das duas bandas de abertura e limaram os vocais em algumas músicas”. Esclareço que devido ao tempo, o vôo do grupo sofreu atraso, o que provocou uma sucessão de problemas. Outra complicação foi a péssima estrutura da casa em termos de equipamentos, inclusive iluminação, pois no palco todos os equipamentos foram alugados pela produção. Se o som não estava bom, não temos culpa pois os técnicos da banda é que estavam a operar o som. Afinal, não cabe à produção operar mesas e afins. Sabemos que houve falhas, mas tentamos minimizar ao máximo para que o show pudesse ir adiante. Infelizmente, as duas bandas de abertura tiveram de ser cortadas. Sugiro um pouco mais de cuidado e, sobretudo, apuração dos fatos antes de escrever inverdades pueris.

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