Fazendo História

Release
Labirinto busca mercado internacional com trabalho ousado e inovador

“Anatema” tem lançamento mundial em CD e vinil triplo; grupo sai em turnê que passa por Estados Unidos e Europa. Release feito para o lançamento do disco do Labirinto.

labirintoanatemaCom sete anos de estrada, o grupo paulistano Labirinto lança o ambicioso projeto “Anatema”, um álbum com músicas de mais de dez minutos de duração, que levou cerca de dois anos para ser concluído. As canções, concebidas pelo guitarrista Erick Cruxen, ganharam formato final depois de serem tocadas e arranjadas em estúdio, onde ele e Muriel Curi (bateria) transformaram a produção em um verdadeiro trabalho de relojoeiro.

Com “Anatema” o grupo assume a ponta de lança da cena post-rock no Brasil. O subgênero se caracteriza por longas composições que alternam andamentos com clímax e anticlímax inesperados, e reúne referências a outras correntes do rock, como o indie britânico do Mogwai e o space rock do canadense Godspeed You Black Emperor!. Além de Erick e Muriel, gravaram o álbum Daniel Fanta (guitarras e piano), Joaquim Prado (guitarras, baixo e sintetizadores) e Matheus Barsotti (segunda bateria). Ao vivo, juntam-se a eles alguns músicos convidados, tocando as cordas, sintetizadores e baixo.

O casal Erick e Muriel ganhou experiência no estúdio Dissenso, ampliado para viabilizar “Anatema”. Não foi por acaso que o engenheiro de som Greg Norman, encarregado da mixagem, se espantou com o que ouviu no Electrical Audio Studios, em Chicago. O sócio de Steve Albini (produtor de clássicos do Nirvana e Pixies), já havia trabalhado com nomes da cena como Russian Circles e Pelican. A masterização ficou por conta de Bob Weston, cascudo engenheiro de som que toca com o Shellac, banda de Albini.

“Anatema” é uma esfuziante obra conceitual que não tem começo nem fim. As seis músicas, coladas uma na outra, levam o ouvinte a um sobe e desce de sensações que pode ser metaforizado numa excitante montanha russa ou num passeio de camelo pelas cordilheiras indianas, dependendo de que quadro a imagem é focalizada. A música do Labirinto é imagética, uma experimentação múltipla e sensorial que ganha cores na medida em que as evoluções dos instrumentos sugerem inesperadas viagens.

O minimalismo agonizante de “Reverso” é entremeado por texturas de guitarras afiadas que assustam pelo apuro técnico. Menos pesadas, mas densas, elas se destacam também na evolução extraordinária que surge em “Chromo”, e no crescente emocionante de “Incendiários”, que tem um “quê” do encontro da folk music com o metal do norte europeu. O minimalismo se converte em esporro em “Huo Yao”, em passagens de cordas que levam ao Pink Floyd dos anos 70. Já as mudanças de andamento de “Flagelo” despencam do alto de um espigão e explodem na cabeça do ouvinte como uma bigorna. A faixa-título amplia o conceito que lhe é embutido, em crescentes tensos que se contrapõem a passagens carregadas de certo marasmo, em cortes abruptos, apontando para o fim, que, como se sabe, é o início de tudo.

Depois de dois EPs e participações em coletâneas, o Labirinto lança “Anatema” em grande estilo, pela Dissenso Records, com distribuição internacional. No CD, cada música ganha um cartão como encarte; na caixa grande as imagens aparecem uma em cada lado dos três envelopes que abrigam os vinis. As ilustrações foram criadas por João Ruas, capista da “Fables”, afamada revista de quadrinhos americana. Lançado o disco, com turnês pelos Estados Unidos e Europa, não será surpresa se o Labirinto aparecer como destaque no post-rock mundial. A maldição está lançada.

Marcos Bragatto, Setembro de 2010

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Comentários enviados

Existem 6 comentários nesse texto.
  1. Diego Matias em setembro 25, 2010 às 20:34
    #1

    Fui ouvir esse disco achando que teria algo a ver com rock progressivo… Deve ter sido o disco mais chato que já ouvi. Músicas longas e monótonas. É pra quem quer ter um dia ruim…

  2. Flavio Augusto em setembro 26, 2010 às 15:22
    #2

    Melhor disco do ano. Certamente… Lindo. A inveja mata seu Diego, você nem deve ter escutado o disco.

  3. Marisa em setembro 26, 2010 às 15:45
    #3

    Belíssima resenha. Parabéns. Uma das melhores bandas do país. O disco e o show são espetaculares.

  4. F. Krill em setembro 26, 2010 às 17:53
    #4

    Disco maravilhoso. Um dos 10 melhores do ano. Post rock orquestrado da melhor qualidade.

  5. Pedro Albuquerque em outubro 4, 2010 às 16:22
    #5

    Anatema é ítem obrigatório para quem gosta de bandas como Godspeed you! Black Emperor, Mogwai, Explosions in the sky. O melhor do pós rock nacional.

  6. Daniel Zsigmond em outubro 18, 2010 às 21:33
    #6

    Fala Bragatto, sou eu Daniel (da Dynamite)! Que bom que gostou dos caras do Labirinto, sou amigão deles. Pra mim é exatamente tudo isso que falou e ainda trilha sonora pra um ótimo filme. Parabéns pelo release. Abs. Daniel

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