Fazendo História

Cobiça pela água

Texto sobre o filme “Chinatown″, publicado na Tribuna da Imprensa em julho 2002. Foto: Reprodução.

chinatownConsiderado um dos melhores filmes da década de 1970, “Chinatown” (Globo, domingo, 01h05) traz uma intrincada história de crimes, manipulações e corrupção junto ao poder público. O crime central envolve a utilização da água de uma cidade, justamente uma das maiores discussões do Brasil pós-FHC. De quem é a água e para quem pagar a água são algumas das discussões travadas pelos nossos políticos, já no século 21.

“Chinatown” se passa muito antes, ainda em 1937, e mostra toda a beleza da época do estado da Califórnia, sob a ótica do sensível diretor Roman Polanski (“O bebê de Rosemary”, “Tess”, “Lua de fel”). Tudo começa quando o detetive J.J. Gittes (Jack Nicholson), especializado em casos matrimoniais, recebe a visita de uma mulher que acredita que seu marido, Hollis Mulwray (Darrell Zwerling), engenheiro responsável pelo Departamento de Águas e Energia, é adúltero.

Ao iniciar a investigação, Gittes descobre que sua nova cliente é uma impostora, quando a verdadeira esposa do administrador, Evelyn Mulwray (Faye Dunaway) o encontra. Em seguida, seu marido aparece morto dentro do reservatório de água da cidade, e Gattes percebe que o seu caso é mais complicado do que o de um simples marido infiel.

Como ninguém é de ferro, Gattes acaba tendo um caso com Evelyn, e descobre que ela é filha de Noah Cross (John Huston), um poderoso homem de negócios da cidade que tem interesse nas terras próximas ao reservatório. Ele pretende construir, ilegalmente, um gigantesco parque aquático, sem ter que pagar pelo uso da água, destinada ao consumo da população. Além disso, Gittes ainda desconfia que Cross teve uma relação incestuosa com a filha Katherine Cross (Belinda Palmer), que seria a jovem que o procurou, inicialmente, para contrata-lo.

Além da direção precisa de Polanski e da nostalgia que o filme causa no espectador, é preciso destacar o desempenho de Jack Nicholson. O ator está num dos melhores papéis (dentre vários) de sua carreira. O que não pode ser considerado uma máxima, já que ele às vezes entra em muitas roubadas. O filme recebeu onze indicações para o Oscar, mas só levou a estatueta para melhor roteiro original.

Tags desse texto: ,

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado