Imagem é Tudo

Ozzy Osbourne

Speak Of The Devil
Diary Of a Madman Tour 1982
(ST2)

ozzyspeak“Este DVD contém variações técnicas inerentes à época de sua gravação original”. O sujeito que escreveu essa frase na contracapa da embalagem não estava brincando. Esse show de Ozzy Osbourne gravado durante a turnê do álbum “Diary Of A Madman”, lançado em 1981, tem imagens sofríveis, agora resgatadas em DVD, o que pouco melhorou em relação ao registro original. A rigor, o show de Laguna Hills, na Califórnia, nem era para ter acontecido, já que, pouco tempo antes, o guitarrista da banda de Ozzy, Randy Rhoads, morreu junto com a maquiadora da turnê, num bizarro acidente com um avião monomotor - os dois são homenageados nos créditos finais. O misto de profissionalismo e obsessão financeira da esposa e empresária é que garantiram a continuidade da turnê. Ou, num olhar mais generoso, talvez Ozzy precisasse mesmo se ocupar.

Por isso quem aparece tocando guitarra é Brad Gills, do Night Ranger, que cumpriu uma espécie de mandato tampão até que Jake E. Lee ocupasse o posto como titular. Completavam o grupo o baixista Rudy Sarzo (Quiet Riot) e o baterista Tommy Aldridge (Gary Moore), que substituíam respectivamente Bob Daisley e Lee Kerslake. Os dois chegaram a gravar “Diary Of a Madman”, mas depois partiriam para uma briga judicial com Ozzy que se arrasta até hoje. E nos teclados, Don Airey (hoje no Deep Purple), cujo grande feito foi inventar a introdução para a sinistra “Mr. Crowley”, incluída do set. Ou seja, a banda de Ozzy era um verdadeiro cata-cata.

Todos esses senões, no entanto, não prejudicam o retrato da época em que Ozzy começava a se firmar como artista solo, depois de ter pensado que tudo teria acabado com a expulsão do Black Sabbath, três anos antes, por estar sempre de cara cheia. Solo, Ozzy pôde continuar doidaço e investiu numa figura ainda mais aterrorizante que as histórias do Sabbath, incrementada pela famosa mordida num morcego vivo – por engano, diga-se – em janeiro do mesmo ano. Apesar do tom escuro das imagens, dá para ver o cenário com direito a Don Airey vestido de morte em cima de um dos dois castelos colocados ao fundo, a escadaria que leva à bateria, um enforcamento cenográfico e o próprio Ozzy usando os famosos dentes de vampiro da capa do álbum.

É de se admirar que os registros digam que Ozzy fazia os shows sempre chapado, já que canta muito bem em todas as músicas. Percebe-se isso já no começo, com a ótima “Over The Mountain”, e ainda nas baladaças “Goodbye to Romance” e “Revelation (Mother Earth)”. Como se vê, o repertório do show é totalmente diferente do álbum duplo com o mesmo título, também lançado em 1982, mas só com sucessos do Sabbath. Aqui, o predomínio é da insipiente carreira solo de Ozzy. São sete músicas de “Blizzard Of Ozz”, o primeirão, de 1980; três de “Diary Of a Madman”; e outras três do Black Sabbath, totalizando cerca de 70 minutos de show que incluem curtos solos de todos os integrantes (Aldridge faz o clássico número com as mãos, sem baquetas) e jams instrumentais enquanto Ozzy se “recupera” no camarim.

Os mais antigos vão se lembrar do show de Ozzy Osbourne no primeiro Rock In Rio, três anos depois, já que o repertório é quase o mesmo, embora o Madman tenha vindo ao Brasil completamente fora de forma, num prenúncio da decadência que viria em seguida. Neste vídeo, ainda é possível vê-lo com boa voz e fisicamente em condições de fazer uso de todo seu carisma. “Crazy Train”, o primeiro grande sucesso da carreira solo, “I Don’t Know” e a ótima “Flyin High Again” são as melhores da noite, em que pese o bloco final com sucessos Sabbath: “Iron Man”, “Children Of The Grave” e “Paranoid” editadas juntinhas. Numa frase: registro histórico com lugar reservado na prateleira dos fãs de música pesada.

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