Fazendo História

Manowar
Guerra é guerra

Baluartes do “metal true” testam fidelidade dos fãs ao não tocar clássicos. Resenha do show do Citibank Hall, no Rio, dia 8 de maio de 2010. Publicada na Revista Billboard número 9, de junho de 2010. Foto: Luciano Oliveira.

manowarrio10O vocalista atarracado segura a guitarra com uma das mãos, e, com a outra, o baixo, para que, juntos, os titulares dos dois instrumentos toquem os acordes finais. O baixista arrebenta as cordas uma a uma, enquanto ao fundo viradas de bateria não têm fim. Era o fim da apresentação do Manowar, que, depois de um bom tempo longe do Brasil, dividiu o público. O repertório foi calcado nos últimos discos, o que foi visto como traição por boa parte dos fãs. Queriam clássicos como “Battle Hymn”, “Hail And Kill” e “Metal Warriors”, mas tiveram que se contentar com o repertório recente.

Não que fizesse tanta diferença. O quarteto já não usa as tangas de guerreiros mitológicos do passado, mas as músicas continuam versando sobre guerras, conquistas, espadas e outras fantasias épicas, assim como, musicalmente, o som permanece calcado no heavy metal (mais que) tradicional. Quando acerta no riff, o guitarrista Karl Logan conduz o show aos melhores momentos, escorado pela marcação densa de Joey DeMaio, que empunha o baixo como se fosse uma viola caipira. Acontece em “Loki Good Of Fire”, “God or Man” e “Warriors Of The World United”, pesada e cadenciada, que faz o público cantarolar a parte instrumental.

O show desvenda o segredo do Manowar para se manter no livro dos recordes como a banda que toca mais alto no mundo. Aos poucos o volume do som vai aumentando e minando os tímpanos, muito por causa da marcação pesada de DeMaio. Todos têm direito a solos individuais, à exceção do baterista Donny Hamzik (substituto de Scott Columbus, que se recupera de um óbito familiar), o mais animado. Eric Adams exibe o vocal indelével, no óbvio duelo entre os lados direito e esquerdo do público.

No fim o público saiu com a sensação de que faltava algo. Nem a versão em português de “Father” (gravada em outros 15 idiomas) foi apresentada. Parte dos inconformados ainda entoou um curioso coro que pedia Iron Maiden - segundo consta, o grande “rival’ do Manowar. Ah, esses guerreiros…

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