Fazendo História

Rush
Passado e presente melhores que nunca

Texto sobre o álbum “Different Stages Live” publicado na Rock Press, em 1999.

rushdifferentNão é novidade nenhuma que a cada quatro álbuns de estúdio lançados, o Rush lança um duplo (na época do vinil) ao vivo. Foi assim em 76, com “All The World’s a Stage”, em 81 com “Exit… Stage Left”, e em 89, com “A Show of Hands”. Mas agora o grupo se superou. Acaba de ser lançado “Different Stages Live”, nada menos que um CD triplo! É que Geddy Lee, multi instrumentista, vocalista e líder da banda, revirou seus alfarrábios e acabou encontrando uma gravação de ótima qualidade, feita durante a tour do álbum “A Farewell To Kings”, de 77, no Hammersmith Odeon, em Londres, que foi editada como CD bônus, com 62 minutos. Os outros dois CDs foram gravados durante a tour de “Test For Echo”, o último álbum. E o melhor é que o CD sai pelo preço de um álbum duplo!

O primeiro CD privilegia as músicas dos álbuns mais recentes, e, de certa forma, “corrige” algumas que não tiveram boa aceitação para os fãs mais antigos, como “Bravado”, por exemplo, que aqui ganha um arranjo muito mais vigoroso. “Animate” e a bela “Driven”, que representa muito bem o último álbum, são outros destaques, mas é a versão quase completa (descubra as diferenças, se for capaz) para “2112”, que arrepia o ouvinte. É emocionante o esforço que Geddy Lee faz para alcançar a nota mais alta na segunda parte, “The Temples of Syrinx”, coisa que fazia com muita facilidade, em 76, quando a versão original foi gravada.

No segundo CD, a química entre as diversas fases da banda continua, e o grande destaque é a versão ao vivo, pela primeira vez, para a soberba “Natural Science”, resgatada do álbum “Permanent Waves”, de 80, com maestria ímpar. A instrumental “Leave That Thing Alone”, e o tradicional e sempre inovador solo de Neil Peart em “The Rhythm Method”, com cerca de oito minutos, e com muito menos recursos eletrônicos, são outra mostra da criatividade do Rush. A nova “Resist” soa como uma verdadeira declaração do grupo a toda a sua trajetória. O fechamento, como não podia deixar de ser, é com os clássicos “Tom Sawyer” e “YYZ”, aquela do McGiver. O único pecado, foi não ter incluído, nesses dois CDs, nenhuma faixa do excelente “Grace Under Pressure”, de 84. Mas que faixa poderia ser retirada?

O achado de Geddy Lee que aparece no CD bônus desenterra versões históricas para a época em que o Rush ainda era considerado apenas uma boa promessa, fato consolidado na fase seguinte com os irretocáveis “A Farewell to Kings”, “Hemispheres”, “Permanent Waves” e “Moving Pictures”. O valor histórico não permite que se faça qualquer destaque, mas “Something For Nothing”, “A Farewell To Kings”, “Cygnus X-1” e “Cinderella Man”, em versão ao vivo pela primeira vez, dão um toque especial.

Outra pérola é a capa do CD bônus, onde os integrantes da banda aparecem escondidos em uma foto em frente ao Hammersmith Odeon, exatamente na data do show, há 21 anos. Geddy Lee aparece como cambista, trajando uma camiseta com a capa de Different Stages, e vendendo ingressos para um desconfiado fã; Alex Lifeson (guitarrista), é arrastado por paramédicos para uma ambulância, preso em uma camisa de força; enquanto Neil Peart está dentro da casa, ao lado do letreiro, com um colete de fotógrafo, à espera do início do espetáculo. Genial!

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