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Nasi

Vivo na Cena
(Coqueiro Verde)

nasivivodvdPara iniciar a carreira solo pra valer, depois do atribulado final do Ira!, o vocalista Nasi, agora oficialmente convertido em cantor de rock, partiu para um DVD gravado em estúdio, mesclando várias fases de sua carreira. A decisão de se gravar no próprio estúdio de gravação pode abranger muitas explicações, mas a mais óbvia (e convincente) é o custo, ainda mais para um início de carreira, mesmo sendo Nasi já conhecido nacionalmente. O vídeo mistura documentário com apresentação e é muito bem bolado; uma alternativa a um formato hoje obrigatório, mas de conteúdo bem desgastado. A solução da Retcom Filmes foi das melhores, sendo que ainda há Extras onde Kid Vinil fala sobre Nasi e o próprio músico se encarrega de destrinchar faixa por faixa.

O repertório é bem variado e aponta para um Nasi pouco compositor e mais intérprete. Ele, no entanto, soube pescar bons momentos de sua carreira, sem cair no óbvio, mostrar coisas novas (do ponto de vista de cantor) e ainda trazer para a sua voz músicas do mercado independente contemporâneo. Assim, há o resgate do Voluntários da Pátria, grupo underground que Nasi tinha no iniciozinho dos anos 80 com Thomas Pappon, do Felini (“Verdades e Mentiras”); uma faixa do Muzak, da mesma época, que cumpre papel semelhante (“Onde Estou?”); e músicas do Ira! reaproveitadas de um jeito diferente (“Tarde Vazia” e “Por Amor”, esta com a vocalista do Ludov, Vanessa Krongold, uma das melhores). Em todas, Nasi emplaca a rascância de sua interpretação. Entre as faixas de artistas mais novos há a boa “Não Caio Mais”, da recifense River Raid, uma das melhores do CD/DVD; e “Desequilíbrio”, do Eddie, que ganhou ares de faroeste.

nasivivocdHá também os momentos ruins, caso da ótima “O Tempo Não Pára”, de Cazuza, que Nasi destrói, inclusive ao mudar trechos significativos da letra. Em “Rockixe”, o cantor insiste em citar Raul Seixas, que o ocupava boa parte do repertório dos shows, e só é salvo pelo apropriado Marcelo Nova, que divide a voz e toca guitarra na música. Por sorte, Nasi decidiu mudar bastante na hora de levar o show para dentro do estúdio, poupando o ouvinte da apelação à festa Ploc que fazia sem o menor constrangimento. Aqui, arredondou bem o material que selecionou e conseguiu dar uma homogeneidade no vídeo e até n CD, que teve três músicas subtraídas.

O ouvinte menos rodado poderá estranhar, também, “Carne e Osso”, da banda cult carioca dos anos 80 Picassos Falsos, aqui numa versão chinfrim, e ainda “Bala Com Bala”, de João Bosco e Aldir Blanc, que acabaram ganhando versões discretas, com pouca identificação com Nasi. Não prejudica, entretanto, o conjunto da obra, cujo resultado soa mais com uma transição para o próximo disco, que o cantor promete gravar com repertório prioritariamente autoral e inédito, do que uma, de fato, estreia solo. É, Nasi, o tempo não para.

Veja também: entrevista com Nasi

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