Os fãs do Dream Theater, banda chave para se entender o progmetal, são dedicados: acompanham músicas do novo álbum como se fossem clássicos, o que significa cantar refrões e coreografar nota por nota longos e intrincados trechos instrumentais com os braços erguidos. Na turnê do álbum “Black Clouds & Silver Linings”, o roteiro é parecido com o das últimas passagens por aqui. Deixa de lado temas consagrados para privilegiar um formato que o grupo americano adota desde “Octavarium” (2005): músicas longas, geralmente as mais cativantes de sua trajetória e o gran finale com a suíte da hora – desta vez foi “The Count of Tuscany”, com vinte e tantos minutos.

A decisão deixa fãs menos satisfeitos, mas a postura, convicto de que tocar com correção é o que importa, dissipa lamúrias. Mike Portnoy executa viradas que aprendeu com Neil Peart como se estivesse brincando. O baterista, figuraça, é quem proporciona os poucos momentos de improviso da noite, seja quando “toca” nas ferragens e até no pedestal do microfone de James LaBrie, em “Solitary Shell”, ou ao citar trechos de músicas do Rush na grudenta “Take The Time”, deixando o guitarrista John Petrucci um tanto sem graça.

Quase não há momentos solo, e nem precisa: todos debulham seus instrumentos. Petrucci faz de “The Count Of Tuscany” seu quintal, e Jordan Rudess até manipula um daqueles teclados avulsos à RPM, além de tocar com a ajuda de um iPod em “A Rite of Passage”. John Myung passeia os dedos sobre as seis cordas do baixo, em tantas partes instrumentais que LaBrie encontra tempo para descansar à vontade. Sua voz mantém o alcance, embora hoje mais controlada e sustentada por efeitos em algumas passagens.

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