Fazendo História

Release
Sabrina Sanm lança ‘Voz No Escuro’

Release escrito para apresentar o segundo álbum da cantora de rock Sabrina Sanm, lançado este ano

sabrinavozSeguindo a linha que pauta sua trajetória, em busca da fusão entre a música pesada e o pop, a cantora Sabrina Sanm volta à carga com “Voz No Escuro”. Mostrando amadurecimento, Sabrina desvia um pouco o olhar sobre si própria para escancarar as idas e vindas das relações humanas, expondo mazelas e virtudes do nosso dia-a-dia. Calejada pelas agruras do underground, solta o grito questionador por si só, como bem reza a cartilha do rock. Só que o escuro a que ela se refere no título já não é tão intenso, e a voz, antes gritada, rocker por definição, ganha uma rebuscada lapidação que flerta com novos caminhos. O aprendizado nunca termina, mas o processo de maturação é latente em “Voz No Escuro”. O disco foi concluído no início de 2009 e contou com as guitarras de Renato Pagliacci, o baixo de Patrick Laplan (Los Hermanos, Biquíni Cavadão), entre outros convidados.

Renato Pagliacci divide com Sabrina a autoria das 11 faixas, que dão um passo largo rumo ao pop no seu conceito mais básico: o de cativar o ouvinte sem fazer muito esforço. O caminho já vem sendo trilhado desde o auto intitulado álbum de estreia, do qual você já deve conhecer faixas como “Realidade Freak Show” e “Dessa Vez”, que tocaram nas rádios e tiveram clipes estrelando as programações dos principais programas especializados. “Não Vou Parar” foi outra que circulou bem, sobretudo na internet, onde o MySpace da moça já bateu as 130 mil audições. É lá que “Superstar”, que antecede “Voz No Escuro”, já foi escutada umas 20 mil vezes e chegou até à programação de algumas rádios.

A música puxa o disco tirando sarro das celebridades fake que têm invadido a cultura brasileira e mundial nos últimos tempos. Nela Sabrina abusa de um a voz debochada até então desconhecida. O som é pesado, mas com uma levada pop, menos veloz e que gruda no ouvido logo de cara. A moça também investe na ousadia em “Nas Suas Veias”, faixa de contornos dramáticos em que testa – com sucesso – o alcance de sua voz. Talvez nem ela própria saiba onde seu gogó privilegiado pode chegar e a bela performance nos versos “No grão de areia / Que você finge não ver / Nas suas veias / No seu ar” ainda está longe de ser o limite. Não por acaso a música foi escolhida para ganhar o primeiro videoclipe do CD.

Em “Bibelô” Sabrina diz não ter sido “formatada pra agradar”, mas, longe da personagem ela mostra exatamente o contrário. Poucos artistas conseguem reunir num único trabalho composições que cativam o ouvinte logo de primeira, seja pela melodia, pelos arranjos ou nos vocais de timbre específico. Sabrina Sanm executa, em “Voz No Escuro”, um punhado de boas músicas que dificilmente deixarão a cabeça do ouvinte em paz – e isso é ótimo.

Renato também é o responsável pela esmerada produção do CD, num trabalho que ajuda a realçar algumas músicas que têm uma rara vocação para o pop. É o caso de “Porquê do Porquê”, que já tem no DNA o refrão facilmente cantarolável, numa levada minimalista realçada por barulhinhos, sussurros e outras artimanhas de estúdio. O peso herdado do nu-metal americano, aqui, ganha ares que poderiam mesmo ter salvado o gênero do desgaste. “No Seu Cenário” é outra apegada a levadas marcadas que devem fazer o público se divertir aos pulos no meio de um show, embora carregada de um tom sinistro.

Sabrina Sanm tem o rock correndo nas veias – cortesia de referências que vão de Metallica a Nirvana -, mas também sabe o valor de uma boa balada, artimanha utilizada por dez entre dez bandas de hard rock. É o caso de “Até Quando Respirar”, mais uma em que deixa a voz solta em busca do inesperado, numa letra que desafia o autoconhecimento de cada um, de cada maneira. Outra é “Medo Meu”, onde um check up nos sentimentos mais íntimos é pautado pela intensidade exigida por músicas que começam quase acústicas e ganham contornos de drama e emoção, sem se valer de disfarces ou soar piegas. A evolução das guitarras, pesadas a cada verso, sem sufocar os vocais densos, é de impressionar. Outro mérito da boa produção de Renato Pagliacci.

A realidade bem retratada por Sabrina só sai de cena na bela “Em Algum Lugar”, uma fábula fantasiosa que em poucos minutos é convertida num rock visceral, com os mesmos ingredientes que cativam sem muito esforço. Sim, é preciso não parar de sonhar. Assim como no álbum anterior, “Voz No Escuro” guarda no final uma faixa com as letras em inglês. É “Tell Me”, pesada e com um refrão poderoso, que soa como a cereja do bolo em um álbum bem alinhavado e que dá trela à auspiciosa estréia. Se o Brasil é o país das cantoras, Sabrina Sanm emerge do underground com a manha de fazer rock pesado, sim, mas de contornos bem palatáveis.

Marcos Bragatto, fevereiro de 2010

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Vinicius Rodrigues em maio 12, 2010 às 19:31
    #1

    Assino embaixo, mais do que perfeito.

    Maravilhoso trabalho, e que venham muitos outros.

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