Fazendo História

Refém da mpb de TV

Numa edição “possível”, festival carioca Humaitá Pra Peixe tenta manter olhar sobre a diversidade com Maria Gadú e Lia Sabugosa. Cobertura do festival (Circo Voador, 22 a 24 de janeiro) publicada na Billboard número 6, de março de 2010. Foto: Divulgação.

mariagaduhpp10Com poucos patrocínios e a falta do tradicional apoio governamental, até que o Humaitá Pra Peixe se saiu bem. Para quem está acostumado a superlotar locais menores, encher o Circo Voador foi tarefa difícil, conseguida graça à presença da estourada Maria Gadú. Mesmo cantando como uma estátua sobre um púlpito de mármore, ela arrancou aplausos e gemidos da platéia do tipo meninas e meninas. Para o mal ou para o bem, garantiu o momento mais animado do festival.

Se esta edição, a primeira em 16 anos a não trazer sequer uma banda do rock, prometia ficar marcada como a das cantoras, Ana Cañas tratou de desmentir. A pequerrucha trouxe uma típica bandinha cover que soube representar o peso. Com boas variações de voz, mostrou atitude e bom potencial, e ainda teve a participação de Dadi em duas músicas. Outra que surpreendeu foi Lia Sabugosa, cujo repertório vem de compositores emergentes do pop carioca, incluindo Martha V e Daniel Lopes. A boa voz, firme, concisa, arrancou aplausos na noite de sábado.

O andarilho Wado se valeu de sua boa circulação no carioquês para fincar de vez seu samba moderninho para um público pequeno, porém fiel. Único representante do rap/hip hop, o Dughettu trouxe o ator André Ramiro para ajudar na cantoria, e a coisa esquentou. Só faltou mesmo uma maior integração com a banda. O pior momento do festival aconteceu com Telecotecnofunk e Seu Chico, que dispensam a veia autoral e mergulham no cover, justamente num festival consagrado por revelar novos artistas. O primeiro misturando funk com MPB; o segundo, “recriando” Chico Buarque com sotaque regional.

Como um vírus digital, o rock também andou escondido aqui e ali, nas levadas da banda de baile Sobrado 112, que mistura um pouco de tudo e faz graça, e com a duplinha Rubinho Jacobina e Jonas Sá. Era para ser um dos melhores shows do festival, mas Rubinho cada vez mais se confirma como ótimo compositor e performer acanhado. Também, pouco foi ajudado pelo parceiro, que sacou as calças já na primeira música (tinha outra embaixo), imitou robô e deixou o palco plantando bananeira.

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