O Homem Baile

Festa surf punk privê

Agent Orange encerra turnê sul americana em show que marcou o encontro de velhos amigos em inacreditáveis rodas de pogo. Foto (do show de San Francisco): Alan Snodgrass/Reprodução internet.

agentorange1Em algum lugar desse mundão do rock há o encontro entre surf music, punk rock e rock de garagem, e é de lá que o Agent Orange emergiu para fazer a alegria de punks, skatistas e afins ontem à noite da Rock N’Drinks, no Rio. Era o encerramento da turnê brasileira e sul americana, que teve como ponto alto o show da última sexta, dentro do Abril Pro Rock, em Recife. Mas ninguém pôde aproveitar o som dançante (e porrada ao mesmo tempo) do trio com tanta intimidade quanto os cariocas, que transformaram a boate de Copacabana (chamada no site do grupo de “Maldição de Copa”) numa autêntica festa punk privê.

Impressionante como, assim como o som, Mike Palm, líder do grupo e único remanescente da formação original, se mantém conservado, a despeito da flagrante diferença de idade entre ele e os demais integrantes, Perry Gx (baixo) e Dave Klein (bateria). Embora a pulsante “Pipeline” tenha sido escolhida para abertura da noite, faltou um pouco de pressão ao show, no início, fosse pela banda, talvez um pouco intimidada pela platéia, no esquema “face to face”, ou pelo som que ainda era ajustado. Músicas da primeira parte do show, como “It’s All Blur” e “Say It Isn’t True” não emplacaram, mas logo o público trataria de mudar o rumo dessa prosa.

Impulsionada por fãs “das antigas”, a platéia desandou a aprontar um festival de moshes e body surfin’ que incluíam até as garotas, coisa não muito comum, sobretudo nos últimos tempos, de modo que o show cresceu horrores em intensidade. Já em “Mr Moto” a coisa parecia insana. Debochado, Palm dedica “Somebody to Love”, do Jefferson Airplane, aos hippies. “Tem algum hippie aí?”, perguntou para ouvir um “não” daqueles prolongados. Em “Miserlou”, clássico maior da surf music mundial, eternizado por Dick Dale, a boate se transformou numa genuína filial do inferno: quente, com música vibrante e muitos amigos se divertindo. Não podia mesmo ficar melhor.

Mas ficou. Mesmo com um set list só de clássicos, as músicas deixadas para a parte final, fosse pela empolgação transbordante do público ou pela força do som da banda em si, resgataram o espírito punk que todos ali viveram no passado. “Fire In The Rain”, “America” e a versão nervosa para “Secret Agent Man” (famosa com Johnny Rivers), cederam à festa ainda mais combustão. Era para ser só mais show acanhado num local pequeno, mas a noite acabou entrando para o caderninho de eventos inexplicavelmente clássicos.

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. 3ethinho em abril 24, 2010 às 13:07
    #1

    Há muito tempo que não vejo um show com tanta energia com guitarra crua e destorcida. Pra falar a verdade este show foi o maior
    dos últimos de punk americano que já assisti.

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