Fazendo História

Scorpions
O bom filho a casa torna

Uma entrevista com o guitarrista Matthias Jabs feita por telefone resultou nessa matéria publicada na Dynamite número 72, de abril de 2004, a propósito do lançamento do álbum “Unbreakable”. Foto: Reprodução/ internet.

scorpionsConhecido em todo o mundo pela mistura de hard rock com baladas românticas (quem nunca ouviu “Still Lovin’ You”?), o Scorpions foi a primeira banda alemã a desbravar uma carreira de sucesso internacional dentro do rock.

Entre muitos altos e alguns baixos, vale destacar a fase dos clássicos álbuns “Love Drive” (79), “Blackout” (82) e “Love At First Sting” (84), cuja turnê passou pela primeira edição do Rock In Rio. Hoje a banda se resume ao núcleo formado por Klaus Meine (vocal), Rudolf Schenker e Matthias Jabs (guitarras), e conta ainda com James Kottak (bateria) e Pawel Maciwoda (baixo). Depois de um período de “projetos experimentais” que incluíram um álbum com a Orquestra Filarmônica de Berlim e outro acústico, gravado em Lisboa, o Scorpions promete voltar ao rol da música pesada com “Unbreakable”. A julgar pelos trechos que nossa reportagem teve acesso (2 minutos de cada música), parece que agora realmente o bicho vai pegar.

Para saber mais sobre esta nova fase, a Dynamite conversou com Matthias Jabs, que falou sobre o novo álbum, a ser lançado no início de maio, e da pisada na bola que a banda deu com o fraco “Eye II Eye”, que iniciou uma espécie de recesso com os projetos com orquestra e acústico. Confira os principais trechos:

“Unbreakable” vem sendo considerado um retorno da banda à música pesada. O que você pode falar sobre o disco e sobre as sessões de gravação?

Depois de passamos os últimos anos em trabalhos experimentais com a Orquestra Filarmônica e no disco acústico, resolvemos voltar para o lugar de onde viemos. Este tipo de música é o que nós fazemos melhor. Então “Unbreakable” é um disco muito mais pesado que todos esses que nós fizemos nos últimos anos. Eu o compararia com os discos “Blackout” e “Love At First Sting”, mas com a cara de 2004.

Como está há banda? Afinal o Scorpions não lança material novo há cinco anos…

Nós somos três caras, e estamos juntos por mais de 35 anos. Temos o mesmo baterista há dez anos, e um novo baixista neste disco, que teve uma boa performance no estúdio, gravando muitas músicas até que todos chegassem a ponto de gravar. A banda está em grande forma e tivemos bons momentos durante as gravações.

Você disponibilizaram 30 segundos de cada música do novo álbum no site, menos de duas, “My City, My Town” e “This Time”. Você pode falar um pouco sobre elas?

Elas não estão disponíveis porque talvez nem entrem no disco, só saiam como bônus ou em outros lançamentos. “This Time” é um rock que eu gosto muito de tocar e que deverá ser uma das escolhidas para tocarmos nos shows. “My City My Town”…

É sobre Hanôver (terra natal da banda)?

Ela pode ser sobre qualquer cidade. É sobre quando a banda está em turnê e depois de tantos anos voltamos de novo a várias cidades que já tínhamos passado antes. É uma espécie de agradecimento a estas cidades. Pode ser São Paulo, Rio ou Tóquio. É um tipo de música para quando se está na estrada, e dizemos muito obrigado por nos receberem bem ao longo dos anos.

Existem outras músicas que você gostaria de destacar, por algum motivo em especial?

Bem, “New Generation” é a música de abertura, tem um groove muito pesado, um refrão carismático e colante. Eu diria que é uma das nossas melhores músicas, entre as mais pesadas. Tem também “She Said”, que é uma balada no estilo “Winds Of Change”. Não é a mesma coisa, mas se parece, por ser uma música bem melódica e romântica.

Tem uma faixa bônus também…

É “Remember The Good Times”, uma música que a princípio ficaria de fora. Foi gravada ao vivo no estúdio, antes de iniciarmos as sessões de gravação. Tinha uma boa energia, lembrava as coisas dos anos 60 e decidimos colocar como bônus.

Falando sobre o álbum acústico, o que você achou de bom em tocar as músicas do Scorpions sem as distorções de guitarra?

Nós gostamos porque foi algo diferente, embora nós sempre tenhamos tocado violão em nossos shows, mesmo no início da banda, em músicas como “Holiday” e “Always Somewhere”. Mas em algum momento nós decidimos que queríamos fazer um disco inteiramente acústico e ao mesmo tempo tivemos a oportunidade de gravar um vídeo em Lisboa. O público estava muito interessado na nossa música, rolou uma grande vibração. É diferente do que normalmente nós fazemos, mas às vezes não é ruim fazer algo diferente.

Você não vê uma certa contradição entre fazer música pesada e gravar um disco acústico?

Na verdade, não. A música acústica é tocada por violões e o hard rock é tocado por guitarristas, há esta conexão. E o Scorpions não é só uma banda de hard rock, sempre tivemos muita variedade em nossa música, que sempre foi muito melódica, com músicas lentas, rocks, músicas mais pesadas. Então sempre estivemos dos dois lados. Por isso tocar músicas em formato acústico não nos distanciou tanto do nosso trabalho.

Antes de vocês gravarem o disco acústico e o álbum com orquestra, vocês lançaram o “Eye II Eye”, que teve uma forte orientação pop e eletrônica. Como foi a aceitação desse disco por parte dos fãs?

Este disco foi totalmente diferente. Para mim o “Eye II Eye” foi uma experiência para uma banda que estava junta por 25 anos, na época, e tentava fazer alguma coisa diferente. Eu te digo que este foi o maior erro que nós já cometemos. Eu estou convencido disso, tem a ver com o sentimento que nós temos agora, de não experimentar nunca mais, mas ir de volta ao encontro daquilo que realmente nós fazemos bem.

Você percebeu que esse disco era um erro já durante as gravações ou só depois do lançamento e da aceitação negativa por parte de público e crítica?

Já no meio das gravações nós percebíamos que não estávamos cem por cento satisfeitos. Mas quando ele ficou pronto nos tivemos certeza de que não era um disco ruim, mas não era exatamente o que os fãs esperavam de nós.

No disco com orquestra, durante as gravações, pelo fato de não ter músicas novas, e, como você disse, ser uma experiência nova, vocês também temiam estar indo num caminho errado?

Este é um grande disco! Eu acho que toda banda no mundo deveria tocar com uma orquestra. Foi uma grande experiência tocar com músicos de formação acadêmica, eles tocando as músicas que nós criamos ao longo dos anos.

Estamos vendo agora o retorno do hard rock às paradas. O que você acha disso? Vocês pretendem atingir o mesmo público destas bandas, nos dias de hoje?

Sabemos que nos últimos anos o hard rock, no estilo anos 80, está
voltando e se tornando mais popular. Eu não acho que vai voltar a ser como era antes, na década de 80, mas especialmente o público mais jovem está interessado nisto agora, às vezes sem saber de onde este tipo de música vem, mas ouvindo bandas mais novas como Nickelback, Linkin Park. Quando você conversa com os caras destas bandas, eles dizem que quando começaram ouviam Scorpions. Então há um público novo, com pessoas mais jovens interessadas em saber quem são os originais, quem apareceu com este tipo de música.

Vocês já decidiram quais músicas vão incluir no set list dos shows da próxima turnê?

Ainda não chegamos a um acordo, mas há cinco ou seis que nós vamos tentar tocar: “New Generation”, “Love ‘Em Or Live ‘Em”, “Deep And Dark”, “Blood Too Hot”, ”She Said”, “Can You Feel It” e provavelmente “Remember The Good Times”.

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